Promotora defende afastamento de agentes da Major César; Sinpoljuspi reage
A promotora de Justiça Leida Diniz considerou "gravíssimo" o caso do menino de 11 anos deixado, pelos pais, na Penitenciária Major César, após visita a um amigo da família.
Em seu perfil do Facebook, a promotora defendeu que haja punição administrativa e que os servidores e diretores do presídio - que estavam de plantão na ocasião - sejam afastados.
"As autoridades de Altos/PI não podem descansar (e nem deixar a comarca) até que o gravíssimo caso violação direitos da Infância seja apurado e punidos os responsáveis. Que a punição aconteça no âmbito administrativo igualmente, sabendo que a vistoria/manutenção do estabelecimento prisional compete ao Estado. Que sejam afastados temporariamente todos os servidores/diretores de plantão na data da ocorrência, evitando obstrução às investigações. Que as entidades de defesa da Infância se pronunciem. Criança é vida. Um saco de soja deveria valer menos do que a beleza desta inditosa criança", postou a promotora.
Questionada se vai ingressar com alguma ação contra os servidores, Leida disse ao Cidadeverde.com que a Promotoria de Altos deve ser responsável pelo procedimento, mas não descartou a possibilidade.
"Não sei. A Promotoria de Altos deve ser competente. Muito grave o caso sob todos aspectos. A criança foi desconsiderada e aviltada. Quem abriu a cela para nela entrar e alí permanecer, humilhada debaixo da cama?", indagou a promotora.
Leida frisa que os ambientes dos presídios devem ser vistoriados após as visitas e que acredita em ações por parte da Promotoria de Altos.
Presos com regalias
O vice-presidente do Sindicato do Sinpoljuspi, Cleiton Holanda, afirmou que o Sindicato dos Agentes Penitenciários atribui toda o problema à Secretaria de Justiça. Segundo ele, o local onde o menino de 11 anos foi encontrado não é fiscalizado pelos agentes prisionais por determinação da Sejus.
"O local tem influência direta da Secretaria. São presos que têm regalias, presos abastados, com influência política. Ali não seria nem local para preso ficar, porque o certo é ficar no prédio principal. Os presos que vão para lá são selecionados diretamente pela Secretaria de Justiça. Já denunciamos essas regalias várias vezes", contesta Cleiton.
O vice presidente acrescenta que a criança foi resgatada após uma denúncia feita aos agentes plantonistas e que já passava de 1h da madrugada.
"Não eram 18h, como disse a Secretaria. Era por volta de 1h30. Ouvimos ontem uma testemunha que contou detalhes. Só não temos provas porque não existe nem um livro de registros de visitas desses presos, também por determinação da Secretaria. O caso é estarrecedor e só foi descoberto por causa da denúncia e da ação rápida dos agentes. Quem tem que ser afastado é o secretário, não os agentes", completa.
O Cidadeverde.com entrou em contato com a assessoria de Comunicação da Sejus e foi informado de que a Secretaria de Justiça não comentará as acusações.