Acréscimo aproxima-se de 48%; mortes são decorrentes da chegada de facções no estado, aponta especialista
Homicídio no Residencial Árvores Verdes (Foto: FernandoFernandes)
O Piauí foi o estado do Brasil com maior aumento na taxa de homicídios por 100 mil habitantes, em uma década. É o que mostra a análise realizada no período de 2012 a 2022, pelo Ipea e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por meio do Atlas da Violência. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (18).
O levantamento mostra que, em 2022, a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes subiu para 24 registros. Já no ano de 2012, as estatísticas apontavam um índice de 16 mortes.
Os registros confirmam um crescimento de 47,9%, ficando atrás apenas do Amapá, com 15,4% e Roraima, que teve uma adição de 14,5% no índice de mortes. O estudo mostra também que o Distrito Federal reduziu sua mortalidade violenta em -67,4%, em seguida vem São Paulo (-55,3%), e Goiás (47,7%).
De acordo com o Atlas, da região Nordeste, a taxa é a menor, no entanto, esse crescimento é motivo de preocupação. Para Marcondes da Costa Brito, doutor em sociologia, pesquisador do tema e membro do Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens (NUPEC) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o intervalo de 10 anos é o mesmo em que facções criminosas chegaram ao estado e a ausência de um plano de segurança possibilitou esse cenário.
“Essa série histórica de crescimento diz respeito à ocupação do estado por grupos criminais, principalmente armados, que passam a disputar o tráfico de drogas, assaltos a bancos, criar normas nos territórios, e a ausência de um plano específico calcado em metas para resolver”, fala.
O especialista discorre que a atuação dessas organizações promove a variação da taxa de mortalidade e há necessidade de que ações de segurança sejam elaboradas pelo poder público.
“Essa violência é uma violência armada, o homicídio é o crime maior contra a vida, ocasionado especificamente por arma de fogo. Se você não tem um plano para reduzir homicídios, quando isso acontece é por conta das ações de grupos criminosos que resolvem se pacificar, como ocorre em todos os estados do território, ou quando um grupo domina uma área”, pondera.
A expansão desses casos se dá em detrimento do poder bélico de grupos criminosos que vem instalando-se no território piauiense, com foco no litoral do estado. Esses indivíduos aliam-se a pequenas gangues locais, que disputam o poder de fogo e o controle do tráfico de drogas.
Os municípios com maiores taxas do estado são: Cajueiro da Praia (138,2), Luís Correia (114,2) e Ilha Grande (97,0), Parnaíba (47,5), Teresina (40,4) e Piripiri (56,5).
Visando às variações de 2017 a 2022, as reduções mais significativas foram no Acre, que logrou diminuição de -57,0%, seguido do Rio Grande do Norte (-49,1%) e Ceará (-45,9%). Apenas dois estados obtiveram aumento da violência nesse período, Piauí (25,5%) e Rondônia (2,8%).
fonte portalclubenews.com
