Wellington Dias é um dos ministros que mais realizaram viagens internacionais
Desde que assumiu o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o senador licenciado e ex-governador do Piauí, Wellington Dias, já acumulou 103 viagens, entre deslocamentos nacionais e internacionais.
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Wellington Dias
Segundo os registros do Portal da Transparência, os gastos com passagens, diárias e outras despesas somam R$ 396.070,46 até 13 de janeiro de 2025, considerando apenas as viagens internacionais disponíveis no portal, atualmente desatualizado.
Wellington Dias, que assumiu a pasta responsável por políticas de segurança alimentar, assistência social e distribuição de renda, além da gestão do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), tem enfrentado críticas desde os primeiros dias de sua atuação. Membros do próprio partido e opositores do governo questionam sua gestão, especialmente devido ao histórico de fome e pobreza em seu estado. No entanto, nem mesmo a crítica constante impediu o ministro de realizar diversas viagens, conforme apontam os registros oficiais. Wellington Dias está entre os ministros mais ausentes das funções ministeriais, passando boa parte do tempo em compromissos políticos e simbólicos, muitos deles fora do país.
Viagens internacionais e gastos expressivos
Desde que assumiu o cargo, o ministro já embarcou para 14 destinos internacionais. As viagens incluem compromissos na Europa, Ásia, América Latina e África, e a maioria delas foi registrada como “Viagem Urgente”, um detalhe que chama atenção, já que deslocamentos internacionais costumam ser planejados com antecedência.
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Uma das viagens “urgentes” do ministro Wellington
Algumas dessas viagens tiveram custos elevados para o erário federal:
• Nova Iorque – R$ 34.340,02
• Londres – R$ 33.842,84
• Roma (2023) – R$ 49.821,22
• Roma (novamente, 2024) – R$ 63.166,77
• China – R$ 82.107,95
• Argentina – R$ 7.495,35
• Chile – R$ 9.416,51
• Paraguai – R$ 5.167,70
• Etiópia – R$ 33.993,45
• Uruguai – R$ 17.231,50
• Barbados – R$ 42.703,83
• Catar – R$ 5.996,62
Além dos custos com passagens e diárias, essas viagens quase sempre envolvem assessores, o que significa que o custo real tende a ser ainda maior do que o registrado no Portal da Transparência, que publica apenas os gastos individuais de cada membro do governo, sem contabilizar o total das despesas com as comitivas.
Presença internacional constante
A mais recente viagem do ministro ocorreu em 11 de fevereiro de 2025, quando foi eleito presidente do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, em Roma. O curioso é que essa viagem ainda não aparece no Portal da Transparência, o que levanta dúvidas sobre a atualização dos dados e o acesso público às informações.
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Dados das viagens de ministro estão desatualizados
Outro ponto que chama atenção é a repetição de destinos. Roma, por exemplo, recebeu Wellington Dias pelo menos duas vezes em menos de um ano. O mesmo ocorre com outros países, como o Chile.
Além disso, 90% das viagens são classificadas como urgentes, o que pode indicar falta de planejamento prévio. Isso sugere que os deslocamentos foram organizados às pressas, aumentando os custos com passagens e hospedagens, que tendem a ser mais elevados quando comprados sem antecedência.
O impacto das ausências na gestão do MDS
Ao analisar as viagens do ministro, é possível estimar que, se cada deslocamento internacional durou, em média, três dias, as 14 viagens ao exterior entre 2023 e 2024 totalizam pelo menos 42 dias fora do país. Esse número não inclui os deslocamentos nacionais, que ampliam ainda mais o período de afastamento.
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Ministro foi um dos mais “ausentes” do governo Lula
Para um ministério que lida diretamente com milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade, a quantidade de viagens do ministro levanta questionamentos sobre a condução da pasta em sua ausência e sua disponibilidade para exercer plenamente a função.
Atualmente, o MDS está no centro de uma polêmica envolvendo um suposto esquema de desvio de recursos em contratos de fornecimento de refeições (“quentinhas”) com empresas ligadas a assessores do PT. Além disso, o desempenho interno da pasta tem sido alvo de críticas, especialmente após o governo federal desmentir o aumento no valor do Bolsa Família prometido pelo próprio ministro. Isso pode indicar não apenas um baixo desempenho da pasta, mas também uma desconexão de Wellington Dias com as diretrizes do governo.
Transparência e fiscalização
Além disso, a demora na publicação da última viagem do ministro no Portal da Transparência gera dúvidas sobre a atualização dos dados e a real transparência da gestão. Como um compromisso oficial ainda não apareceu nos registros públicos? Há outras viagens ainda não divulgadas?
Diante do volume de viagens e dos custos envolvidos, surge a questão: o Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgãos de fiscalização estão monitorando esses deslocamentos? Afinal, o ministro está desempenhando um papel essencial para o país ou apenas acumulando milhas internacionais?
Veja viagens de ministro:
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Fonte: Portal AZ