Na decisão, o juiz estipulou fiança no valor de R$ 3 mil e proibiu Tony de manter contato com outros investigados
O juiz federal Leonardo Tavares Saraiva, da 1ª Vara da Justiça Federal no Piauí, atendeu pedido de liberdade feito pela defesa de Tony Trindade e revogou a prisão preventiva do apresentador.
Na decisão, o juiz estipulou fiança no valor de R$ 3 mil e proibiu Tony de manter contato, pessoalmente ou por meio eletrônico/telefônico, com outros investigados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Delivery, deflagrada em maio. Impôs ainda ao apresentador a proibição de se ausentar da comarca até o fim da investigação.
No pedido, a defesa alegou que a soltura de Tony não representa risco à ordem pública ou à investigação, e que o jornalista é portador de enfermidades que justificariam sua soltura, considerando a pandemia da Covid-19, estando ele no grupo de risco para a doença.
Cita o juiz na decisão que o Ministério Público Federal se manifestou pela soltura de Tony, pois "não representa risco à eficácia das investigações caso seja dada obediência a medidas cautelares substitutas legais da prisão cautelar, visando o resguardo da apuração".
Sobre a investigação
Tony está recolhido na Irmão Guido. Ele foi preso na última última terça-feira (18), durante a Operação Acesso Negado da Polícia Federal, em desdobramento da Operação Delivery, que investiga desvio de recursos públicos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), destinado ao município de União (PI).
Segundo os investigadores, Tony é suspeito de monitorar operações policiais, repassar informações a investigados e até orientar depoimentos para que tenham versões convergentes.
"A investigação mostrou que cada etapa da Operação Delivery foi monitorada pelo grupo criminoso, que conseguia acessar com antecedência informações sigilosas no processo judicial e compartilhava com os interessados, antecipando-se às medidas judiciais a serem executadas. Eles também manipulavam as testemunhas para haver a convergência de versões a serem apresentadas à Justiça. Se envolviam em estratégias para intimidar os atores da investigação", informou a delegada Mariana Paranhos, superintendente da PF no Piauí, em coletiva concedida na terça.
O que diz a defesa de Tony?
O advogado Lucas Villa, que faz a defesa do jornalista Tony Trindade, afirmou em entrevista ao programa Tribuna Piauí, da Band, que a prisão do comunicador se deu em razão de "um grande mal entendido". Segundo ele, uma atividade de consultoria prestada por Tony foi "confundida" com o monitoramento de investigação.
"O que ocorreu com Tony não passou de um grande mal entendido, que já foi esclarecido com o depoimento que ele prestou junto à Polícia. Uma atividade do Tony, de consultoria de marketing e de assessoria numa gestão de crise de imagem, com monitoramento de notícias na imprensa, acabou sendo confundida com o monitoramento de ações policiais", explica.