Com o estilo ácido que marca sua trajetória política, o ex-deputado estadual Robert Rios Magalhães concedeu entrevista ao Jornal O Dia. Filiado ao PSB e pré-candidato a vice-prefeito, ele voltou a garantir a manutenção da aliança com o também ex-deputado Dr. Pessoa, candidato ao comando Palácio da Cidade. Ex-delegado da Polícia Federal, Robert Rios também analisa os recentes episódios sobre uma possível interferência política na instituição a qual ele chegou a comandar no Piauí. Robert também faz críticas à condução do combate à pandemia por parte da gestão municipal de Teresina, e aponta que as consequências do momento devem perdurar por um longo período de tempo no Brasil, no Piauí e em Teresina.
Qual a análise que o senhor faz desse atual momento vivenciado por conta da crise do novo coronavírus?
Olha, a pandemia é uma tragédia, não só para o Piauí, para o Brasil, mas o mundo inteiro. O mundo inteiro vai pagar os efeitos da pandemia. A economia está destroçada, destruída. O único paralelo que se pode fazer com a pandemia é de quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Escombros e destroços. Primeiro vamos ter que vencer a pandemia. Depois de vencer, nós vamos ter que reconstruir o país, reconstruir o mundo. Então, é um momento difícil, um momento em que é preciso ter muita calma, muita cautela, muita ponderação e muita paciência. Não adianta você querer usar a pandemia como uma arma política, porque ela não vai beneficiar ninguém. A pandemia não serve para a oposição e não serve para governo.
"Olha, eu só serei candidato para manter a palavra que eu dei ao Dr. Pessoa", diz Robert Rios - Foto: Assis Fernandes/O Dia
Como o senhor tem avaliado a atuação da Prefeitura de Teresina diante desse cenário de crise?
Olha, A Prefeitura de Teresina já não vinha bem. Com uma pandemia, piorou mais ainda. O Prefeito, como qualquer governante, não estava preparado para isso. Não tem caixa para pandemia. Nós nunca passamos por isso antes, é uma coisa inusitada. O prefeito, como viés dele de autoritarismo, está saindo muito mal. Mal ao ponto de humilhar comerciantes, de humilhar pequenos empresários. Coisas que não precisava fechar e isolar, ele isolou. Ele acha que o isolamento total é a solução, e não é. Claro que tem que ter um isolamento, mas não total. Chegou ao ponto de a Guarda Municipal prender gente até em escritórios de Contabilidade. Ora, em um escritório de Contabilidade você está ali quase sozinho. Como é que você espalha o vírus? Realmente, ele [Firmino] não estava preparado para isso.
Deputado, o senhor é pré-candidato a vice-prefeito em uma eleição municipal que vai acontecer em um cenário totalmente diferente. O senhor acredita que as discussões a respeito da pandemia e do pós-pandemia vão ganhar protagonismo na disputa eleitoral deste ano?
Não tenho nem dúvida. A pandemia não serve para ninguém, nem para a oposição e nem para governo. Agora o pós-pandemia interessa muito as pessoas. São milhares de desempregados, milhares de pessoas que tiveram sua vida econômica e financeira destruída. Quem tiver a melhor solução para apresentar, sai na frente nas eleições desse ano.
"A pandemia não serve para ninguém, nem para a oposição e nem para governo" - Robert Rios
Por falar em eleições, o senhor divulgou um vídeo recentemente nas redes sociais reafirmando a aliança com Dr. Pessoa. Essa aliança realmente está mantida? Ela resistirá até o início do processo eleitoral?
Veja bem, o prefeito até hoje não tem candidato viabilizado. O candidato dele não chega a 3%. Então, ele achou que a melhor maneira, já que não consegue subir o índice do candidato dele, é tentar derrubar a gente. Primeiro, ele lançou o João Vicente como candidato, que eu acho que ninguém no Piauí acredita. Depois ele lançou o Pessoa como vice do João Vicente. Então, são esses factoides, Fake News. Então, eu e Dr. Pessoa estamos juntos. Eu não tenho acordo com nenhum partido, nem com o meu. Eu tenho um acordo com o Dr. Pessoa. É ele, Dr. Pessoa, e Robert Rios. Nós temos um acordo. Estamos abraçados, irmanados para ajudar Teresina. Teresina vem de uma política envelhecida. Nós temos um grupo aí com mais de 30 anos no poder. É a hora de mudar.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
O senhor percebe a disposição de lideranças políticas como, por exemplo, o ex-governador Wilson Martins, do PSB, e o deputado Themístocles Filho, do MDB, em realmente apoiar essa chapa?
Só existe a chapa Dr. Pessoa e Robert Rios pelo apoio do Themístocles e pelo apoio do Wilson. Quem lançou essa chapa foi o Themístocles e o Wilson. Nós apenas concordamos em participar dela. A chapa é do Wilson e a chapa é do Themístocles.
Então, eles realmente vão estar empenhados nessa campanha?
Não tenha nem dúvida. O fenômeno político Marcelo Castro não vai se repetir em 2020.
O senhor faz referência às eleições de 2014?
Marcelo Castro se lançou candidato a governador[em 2014], mas não podia dar uma entrevista. Isso não existe. Perguntar se o Pessoa é candidato a prefeito e se o Robert é vice é coisa de ignorante, de imbecil. É claro que nós somos candidatos. Ele diz que é, eu digo que sou. Qual é a dúvida agora?
Deputado, em relação à estratégia que a chapa vai adotar no processo eleitoral. Qual vai ser o discurso?
Nós vamos lançar um projeto revolucionário para Teresina. Teresina ficou parada no tempo e no espaço. Vamos revolucionar Teresina. Nosso projeto será uma coisa fantástica, extraordinária, você pode aguardar.
Já há um plano de governo sendo discutido?
Eu tenho sentado bastante com o Dr. Pessoa na minha casa, ficamos horas e horas discutindo o plano de governo. Será uma coisa fantástica, inusitada. Vamos tirar Teresina da mesmice, da mesma coisa de sempre.
Quais são os maiores problemas enfrentados por Teresina atualmente, na sua avaliação?
Nosso projeto tem quatro eixos principais. O primeiro é a educação. Vamos revolucionar a educação. Também vamos abordar Saúde, Segurança e Geração de Emprego. Vamos ter que criar muitos empregos, melhorar a renda dos teresinenses.
Além da política, o senhor sempre é muito lembrado pelo trabalho que realizou na Polícia Federal. Como é que o senhor tem observado esses episódios relacionados à instituição. As tentativas de interferência política que estão sendo apontadas. Como o senhor avalia esse cenário?
Interferir na Polícia Federal é a mesma coisa que você colocar sexo em um anjo. É impossível.
O que é a Polícia Federal? São as investigações, são os inquéritos, os homens em rua, fazendo inquérito e prendendo gente, combatendo a corrupção, combatendo o tráfico, descaminho e contrabando. Essa é a Polícia Federal. O diretor geral da Polícia Federal é apenas uma autoridade administrativa. Ele só olha para o delegado para saber se ele tá cumprindo o expediente dele, se ele não está desviando a conduta dele. Mas o diretor da Polícia Federal ele não é chefe de inquérito. Você pode mudar o ministro, mudar o diretor geral, mas você não muda o curso de um inquérito da Polícia Federal.
Na sua visão, a Polícia Federal continua tendo autonomia?
Ela é independente. Nenhum delegado depende de Presidente da República, de Ministro da Justiça, ou de diretor geral, para a condução do seu inquérito. Por isso que se chama presidente do inquérito. O diretor geral pode pensar de um jeito, o ministro de outro, mas o presidente do inquérito pode pensar de outro jeito e presta conta com o Ministério Público e com a Justiça Federal.
O senhor acredita que esses recentes episódios envolvendo a Polícia Federal, como a recente mudança de comando feita pelo Presidente Jair Bolsonaro, prejudicam a imagem da instituição perante a sociedade?
De jeito nenhum. São cargos meramente administrativos. A mudança de diretor geral e de ministro da Justiça não muda a condução de nenhum inquérito.
Sobre o governo Bolsonaro, o senhor tem se manifestado, através das redes sociais, algumas vezes. Como o senhor analisa essa aproximação do Planalto com o chamado Centrão, que reúne alguns nomes da política tradicional, inclusive o piauiense Ciro Nogueira?
Olha, o presidente Bolsonaro se aliar ao Centrão é a mesma coisa que se transformar qualquer carmelo em um cabaré.
Por que?
Você conhece um Carmelo, com as freiras? Você conhece um Cabaré, com as prostitutas? Então é a mesma coisa. Você juntar o Bolsonaro com o Centrão é a mesma coisa de juntar um Carmelo com um Cabaré.
Essa junção pode resultar em que?
Você vai imaginar: se juntar um Carmelo com um Cabaré, você acha que as freiras vão virar prostitutas ou as prostitutas vão virar santas? Aí você escolhe. A história mostra o que que acontece.
Essa relação prejudica a imagem com o governo Bolsonaro?
Prejudica não, destrói a imagem do governo dele. A imagem, sua reputação é coisa única. Como é que você foi eleito em uma plataforma de destruir a corrupção e de repente você se junta com todo mundo, você é o que?
O que o senhor espera ainda para esse ano de 2020, em relação às eleições e ao seu projeto político?
Primeiro, eu acho que a pandemia acaba e todos nós vamos ter que trabalhar para reconstruir. É uma reconstrução pós-guerra. Vamos terminar essa pandemia sob escombros econômicos. Os empregos foram destruídos, as oportunidades destruídas, as escolas, as crianças perderam seis meses de escola, porque aqui em Teresina o prefeito disse que ia dar um tablet para cada criança, mas deu foi um tapa na cara dos estudantes. Então, vamos reconstruir.
Qual o futuro político do ex-deputado Robert Rios? A carreira política continua, independente do resultado das eleições de 2020?
Olha, eu só serei candidato para manter a palavra que eu dei ao Dr. Pessoa, mas eu não tenho mais nenhum interesse político. A política passou para mim, como passou a Polícia Federal. Hoje estou mais preocupado com meu mestrado, estudando e já pagando as disciplinas para o doutorado. Estou mais preocupado com o meu futuro acadêmico.
fonte www.portalodia.com