Um jovem universitário foi agredido enquanto esperava um ônibus dentro da Universidade Federal do Piauí junto com o namorado, na manhã de ontem (28). Josivan Nascimento, de 23 anos, foi atingido com uma pedra de cimento lançada contra sua cabeça, mas não conseguiu registrar um Boletim de Ocorrência.
Josivan relata que estava em uma parada de ônibus localizada dentro do campus Petrônio Portella, na UFPI, acompanhado do namorado, quando foi surpreendido com a pedrada diretamente no rosto. A vítima caiu no chão e foi amparado por amigos, enquanto outras pessoas que estavam no local seguraram o agressor. Revoltados, as pessoas tentaram linchar o rapaz, mas foram impedidas pelos amigos deste.
Cerca de 1h30min depois, segundo Josivan, uma viatura da Polícia Militar chegou. “Ele [o agressor] ficou com um amigo do lado, para que ninguém fizesse nada com ele, e sem falar nada. Na hora que a PM chegou, ele se levantou e começou a dizer que eu tinha batido nele”, relata. De acordo com Josivan, as pessoas que estavam na parada de ônibus e testemunharam a agressão tentaram dizer aos policiais que o agressor mentia, mas que não lhes foi dado ouvidos.
Foto: Reprodução/Facebook
“A forma como os policiais distorceram a história em favor desse rapaz foi incrível! Mas eu tenho muitas testemunhas e tenho como provar tudo o que eu falei”, afirma o universitário, e disse acreditar que seu caso foi negligenciado pelos policiais. “Acho que a polícia agiu dessa forma por conta do rapaz que estava comigo, que disse que era meu namorado. A partir desse momento, eles ficaram dizendo ‘ah, então quer dizer...’. Tenho quase certeza que agiram dessa forma por conta da minha orientação sexual”, afirma Josivan.
Na delegacia, o delegado de plantão ouviu primeiro os policiais militares. Após ser ouvido, Josivan conta que o delegado afirmou que não poderia registrar o boletim de ocorrências, já que o acusado também iria alegar que havia sido agredido. “Ele disse que o máximo que eu poderia fazer era um exame de corpo de delito, para depois ir na delegacia da região, levando o laudo da perícia, para então entrar com uma representação. A instrução dele para mim foi que eu deixasse isso de mão”, conta o universitário.
Josivan saiu da delegacia por volta das 10h da manhã, depois que o agressor já havia sido liberado. Ele afirma que pretende levar o caso adiante, e que espera que o agressor seja punido. Ele disse ainda que não conhece o agressor, e que não tem certeza do motivo da agressão, mas acredita estar relacionado ao fato de que estava abraçado com um homem na parada de ônibus.
O outro lado
O Portal O Dia procurou a coordenadora de Central de Flagrantes, delegada Ana Luíza, para esclarecer a condução do caso pela Polícia Civil, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem procurou ainda a Policia Militar e foi informada que o papel da guarnição é acompanhar e conduzir a ocorrência para a Polícia Civil e que isto foi feito.
Por meio de nota, a administração superior da Universidade Federal do Piauí informou que já está apurando a ocorrência e que vai procurar saber se houve ou não a formalização de um Boletim de Ocorrência pela vítima. A universidade declarou ainda que vai acionar a Divisão de Segurança do campus Ministro Petrônio Portella para apurar detalhes do encaminhamento da ocorrência.
fonte http://www.portalodia.com