Os moradores dos bairros Parque Alvorada e São Joaquim, na zona Norte de Teresina, estão indignados com uma galeria, localizada na Rua Monteiro Lobato, que há anos provoca alagamentos na região. A chuva do último domingo (2) fez, mais uma vez, a galeria transbordar e, consequentemente, inundar muitas casas com água poluída. É possível identificar, inclusive, muitos entulhos, lixos, animais mortos, lodos e mosquitos no entorno das casas da região.
A população já procurou a Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro/ Norte (SDU-Centro/Norte), mas o problema nunca foi resolvido. “Desde quando eu cheguei aqui, essa lagoa da galeria está aí. Os governantes entram e saem, prometem solução dos problemas durante as eleições e fazer que é bom, nada. A gente já fez denúncia, abaixo assinado e nunca resolvem nada. É horrível”, reclama Eva Ribeiro, que mora na região há 18 anos.
Crianças ficam à mercê de doenças transmitidas por água contaminada (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
A moradora Joana Rodrigues acrescenta que os prejuízos para as famílias são enormes. “Muitas pessoas ainda fizeram suas fossas caindo para o esgoto, isso quer dizer que essa água todinha que vem da galeria vem com fezes. Agora você imagina, a gente sendo obrigado a passar por ela para ir a algum lugar, os prejuízos são inúmeros”, aponta.
A galeria fica no bairro São Joaquim, mas as consequências do seu entupimento atrapalham até a Rua Campo Maior, localizada no bairro Parque Alvorada. A situação causa um constrangimento para os residentes do bairro, principalmente porque a maioria deles pertence à terceira idade e têm dificuldades para se locomover.
De acordo com as pessoas que moram ali, mesmo com o fim das chuvas, o acúmulo de água fica no local por mais de três dias, isso quando não chove novamente. Eles explicam que foram obrigados a fazer baldrames para impedir que a água adentre as residências e algumas intervenções ainda não são suficientes. “A água é tanta que só não entra por causa do batente que fizemos aqui na frente, mas lá atrás entrou tanta água que o idoso que mora aqui não podia nem sair da cama. E isso é um absurdo”, diz a moradora Francisca Silva.
Segundo os moradores, o motivo do entupimento da galeria é o acúmulo de lixo que pessoas de outros locais depositam na região. Eles explicam que, quando reclamam e pedem para não jogarem o entulho ali, são até ameaçados.
Contraponto
Em nota, a Gerência de Serviços Urbanos da SDU-Centro/Norte informa que enviará um fiscal ao local e deslocará uma equipe para realizar a limpeza da galeria. Segundo eles, os serviços de limpeza de galerias, bueiros e bocas de lobo são realizados de acordo com uma programação semanal.
A Superintendência esclarece ainda que a população pode ajudar ao evitar o descarte de lixo em local inapropriado, bem como através de denúncia de condutas que possam causar prejuízos à coletividade. Os moradores podem entrar em contato com a SDU dando sugestões e apontando demandas de ruas que precisam dos serviços por meio do telefone 3215-7497.
Contato com água poluída provoca doenças
O descaso com a galeria do bairro São Joaquim traz inúmeros malefícios aos moradores da região, o principal deles é relacionado à saúde. Muitos moradores já ficaram doentes com por conta do contato com a água poluída que transborda da galeria sempre que chove.
A moradora Eva Ribeiro, por exemplo, está com uma friagem no pé esquerdo causada pelo contato com a água poluída. Outra residente diz, inclusive, que é preciso ter um cuidado especial com as crianças.
“Com meus netos, tenho o maior cuidado para eles não andarem pela água, o que é quase impossível porque aqui tudo é água, mas a gente faz o máximo. Todo micróbio desce nessa água suja, é arriscado a criança pegar uma infecção, uma gripe, dengue e várias outras doenças”, comenta Raimunda Santana.
Dentre as doenças que podem ser provocadas pelo contato com água poluída ou contaminada destaca-se a leptospirose, transmitida principalmente pelos ratos de esgoto. É uma doença que se dá por diversas formas, principalmente através do contato direto da pele humana com a água contaminada pela urina dos roedores. Febre alta, calafrios, dores pelo corpo, diarreia, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas da doença, além da vermelhidão acentuada dos olhos.
