O Projeto “Compreender e Acolher”, é realizado pelo Ministério Público do Piauí, através do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar.
Promotora Amparo Paz
Promotora Amparo Paz
Na segunda reportagem da série Reeducar, compreender e acolher para combater a violência contra mulher, o portal mostra um projeto inédito no Piauí que tem possibilitado a capacitação da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência nos municípios do estado.
O Projeto “Compreender e Acolher”, é realizado pelo Ministério Público do Piauí, através do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID).
“Para oferecer um melhor atendimento e acolhimento, é necessário, antes, compreender o fenômeno da violência doméstica e estar ciente das atribuições de cada parte”, afirma a promotora Amparo Paz coordenadora do projeto e do NUPEVID.
De acordo com a representante do órgão ministerial, a finalidade do projeto é a integração e atuação dos órgãos e entidades formadoras da Rede de Atendimento à Mulher. A promotora Amparo Paz revela que a iniciativa está mais voltada para o interior do Piauí.
“Hoje a violência doméstica mais grave que culmina no feminicídio está mais concentrada no interior do que em Teresina. Então estamos voltados ao interior para a Rede e através do projeto passando nossos conhecimentos, quer seja no tocante da Lei Maria da Penha, do Serviço Social, ou da Psicologia. As pessoas da rede daquele município muitas das vezes não sabem como podem acessar os benefícios para ajudar uma mulher em situação de violência doméstica. Então é importante a gente levar esse conhecimento para aquelas pessoas que estão lá, para que orgãos como polícia, Creas e Cras saibam como fazer esse atendimento à mulher, como acolher essa mulher, por isso o nome do projeto”, explicou a representante do MPPI.
"Para oferecer um melhor atendimento e acolhimento, é necessário, antes, compreender o fenômeno da violência doméstica",Amparo Paz
Segundo a coordenadora do projeto, a intenção é intensificar o trabalho no interior para evitar o mal maior, que é o feminicídio, e diz que várias cidades já passaram pela capacitação. "Nós já fizemos União, Campo Maior, Boa Hora e estivemos recentemente em Piracuruca. Queremos atingir o maior número possível de cidades", disse Amparo Paz.
- Foto: Kelvyn Coutinho/ViagoraPsicóloga do Nupevid, Cynara Veras.
A psicóloga Cynara Veras explica que o processo possui um feedback (retorno) imediato. "No momento que estamos fazendo as apresentações existem as intervenções, e nós nos colocamos à disposição dentro da nossa atuação do núcleo para caso eles sintam necessidade, como uma medida protetiva mais especifica, por exemplo, ou como abordar essa mulher, como acolher essa mulher em diferentes esferas. Muitas vezes, em um atendimento não decorrente de uma denúncia, a sensibilidade de um agente de saúde ou de um professor é que irá evidenciar que aquela mulher sofre violência doméstica", diz Cynara.
Ainda sobre a iniciativa, a psicóloga ressalta: “Nesses municípios do interior há a uma carência em relação ao atendimento especializado em atendimento à mulher em situação de violência, como assistência social, saúde e educação, então quando vamos a essas cidades nós vamos com esse olhar diferenciado de como orienta-los nesse acolhimento, os tipos de encaminhamentos que podem ser realizados, a necessidade da ampliação dessa rede de atendimento, para que essa melhor de fato tenha resolvido as demandas, nesse processo a gente chama atenção tanto das autoridades que estão presentes, como dos profissionais que muitas vezes estão lá e tem essas restrições no atendimento, então a gente leva um pouco da nossa experiência divide com eles e faz essa troca”.
Capacitação
No município de Piracuruca, os profissionais que atuam na Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência participaram de capacitação no mês de novembro. O projeto aconteceu na Usina de Cultura e contou com a presença de servidores municipais, representantes da Segurança Pública, Justiça, Saúde, Educação, dentre outros.
- Foto: Divulgação/Ministério Público do PiauíProjeto Compreender e Acolher em Piracuruca.
O sargento C. Oliveira, do Grupamento de Polícia Militar de São João da Fronteira, que participou da iniciativa, falou sobre a capacitação. “O encontro foi de muita valia, até porque ajudam os municípios mais distantes da capital a terem o comportamento e trabalho adequados no assunto”, comentou o policial.