Essa identificação rara só foi possível por conta do Laboratório de Fenotipagem do Hemopi, que foi inaugurado em 2011
A piauiense Maria Araújo Ramos, 62 anos, fez um gesto especial no final do mês de fevereiro. Ela dirigiu-se ao Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) e doou seu sangue para um paciente que mora no estado de Minas Gerais. Ambos possuem um tipo de sangue raro, cuja especificidade está no sistema MNSs (S-s-U-). Essa identificação rara só foi possível por conta do Laboratório de Fenotipagem do Hemopi, que foi inaugurado em 2011 e, atualmente, conta com cerca de três mil cadastros, entre pacientes e doadores, como Maria Ramos.
Os sistemas de classificação do sangue mais amplamente conhecidos são o ABO e fator Rh. Segundo a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguíne (ISBT) existem, atualmente, 40 sistemas que descrevem mais de 363 antígenos diferentes e esse número não é definitivo. Entre os antígenos já conhecidos, alguns são extremamente raros e alguns hemocentros do Brasil, a exemplo do Hemopi, já possuem Laboratórios de Fenotipagem que ajudam a encontrar tanto doadores quanto receptores com fenótipos raros. De acordo com dados do Centro piauiense, a chance de encontrar um doador compatível é de 0,01% a 1% na população em geral. No banco de doadores raros do Laboratório de Fenotipagem do Hemopi, há nove pessoas com esse perfil.
“O Hemopi faz atendimento ambulatorial para pacientes com doenças hematológicas, a exemplo da anemia falciforme e talassemia. Alguns dos pacientes que se submetem a transfusões constantes, desenvolvem anticorpos raros, o que torna ainda mais essencial ter um serviço que identifica esse fenótipos”, explica o supervisor do Laboratório de Imunohematologia do Hemopi, Pedro Afonso Sousa.