A Secretaria de Segurança Pública do Piauí deflagrou, no início da manhã desta quarta-feira (31), a Operação Compras On-line, contra a prática de estelionato na compra em restaurantes de Teresina, apenas em um restaurante de comida oriental gerou o prejuízo estimado em 8 mil reais. O filho do ex-deputado federal Fernando Monteiro, Lauro Alberto Cavalcante Monteiro, é um dos presos durante a operação. Seu pai morreu há mais de três anos. Além de Lauro, foram presos José Afonso de Moura dos Santos, mais conhecido como 'Mineiro', Jefferson Luan Guimarães Campêlo Leitte e Genifer Aparecia dos Santos.
Na residência de um dos acusados, vulgo “Mineiro”, foi encontrada uma plantação de maconha. As prisões foram efetuadas nas zonas Leste e Sudeste de Teresina.
"Trata-se de uma investigação que apurava crimes de associação criminosa e de estelionato. Basicamente, essas pessoas adquiriam comida através de um aplicativo e elas estornavam essa compra, faziam o cancelamento da compra após receber os pedidos. Essas situações foram se acumulando e em um restaurante específico, de onde iniciou a investigação, houve um prejuízo de mais de 8 mil reais após dezenas de pedidos feitos nessa forma", explicou o delegado Filipe Bonavides.
Sobre o entorpecente que foi apreendido, com quem estava, como eles guardavam esse material?
"Bom, esse encontro de uma plantação irregular de entorpecente foi um encontro fortuito. Os mandados visavam a prisão temporária para aprofundamento das investigações e também para recolher mais elementos de informação. Num desses alvos que se apurou ser um grande mentor do esquema criminoso, ele utilizava cartões clonados e chips com dados falsos para poder aplicar os golpes, encontrou-se uma relevante produção de entorpecente feita numa espécie de estufa, um aparelhamento até bem sofisticado. Em razão disso ele foi trazido para ser ouvido no inquérito do Estelionato e da Associação Criminosa, e foi encaminhado para a Central de Flagrantes para ser feito o procedimento relativo à droga. José Afonso, conhecido como Mineiro. Ele é de origem do Estado de Minas Gerais e está aqui no Piauí há uns dois anos"
"Segundo o apurado até o momento, pelo que o mentor já deu declarações, ele obtinha dados de cartão de crédito de pessoas na internet, em grupos de aplicativos de mensagem, ele obtinha esses dados e aí fraudava também chips, colocava dados falsos, tudo, e ia praticando golpe contra as empresas a partir desses dados falsos. Então ele ia sempre renovando esse estoque de dados para poder dar continuidade e ele saía também cooptando outras pessoas para vender o que ele conseguia. Então ele pegava e falava para certas pessoas que conseguia desconto no aplicativo e aí a pessoa comprava, pagava a ele e ele mandava para o endereço da pessoa. Então ele dava um golpe no restaurante e também ainda arrecadava dinheiro"
Era só comida que eles trabalhavam?
"Bom, a princípio sim. Nessa investigação em específico se apura a compra de comida por aplicativos, mas como ficou já comprovado, de certa forma, ele também tem outros envolvimentos em outras atividades criminosas"
Quantas pessoas estão envolvidas, delegado?
"Bom, os pedidos de prisão temporária foram justamente para poder esclarecer ainda mais a situação e descobrir outras pessoas envolvidas. Nós já temos outros suspeitos que podem estar relacionados a esse crime, mas até o momento foram presas duas mulheres e três homens e a gente está avaliando a partir dos depoimentos de cada um, da análise dos fatos para saber qual o envolvimento de cada um e qual o grau de participação nesse esquema"
Então, delegado, aí tem esse crime de estelionato e também de tráfico de drogas, é isso?
Isso, tem o crime de estelionato com associação criminosa, já que eram ais de três pessoas praticando essas ações e o tráfico de drogas que a princípio só vai responder, pelo flagrante ato, o José Afonso, mas obviamente uma operação dessa natureza, que ele tinha em casa, provavelmente deve ter outros suspeitos, outros colaboradores que vão ser, posteriormente identificados para se chegar a uma conclusão"
Há quanto tempo a quadrilha está agindo aqui em Teresina?
"Nós identificamos esses golpes a partir do mês de abril, de um determinado estabelecimento comercial que vende comida oriental, que foi quem nos procurou a partir de uma reiterada situação de golpes aplicados, mas tudo indica, pelo que nós já temos, que esses golpes também já foram praticados em outros estabelecimentos comerciais que serão contactados para saber mais informações e saber há quanto tempo eles estavam sofrendo esse tipo de golpe",
Como é que as vendas eram realizadas, delegado? Como eles vendiam esses produtos para terceiros?
"Pelo que a gente pôde apurar até o momento eles faziam isso a partir de uma rede de amigos, então, essas pessoas, elas se conheciam por vínculos sociais e alguns, ele entregava comida como brinde até para poder movimentar a questão criminosa deles, porque alguns desses envolvidos, que foram até presos, também já adquiriram entorpecentes do mentor. Então, esse esquema também poderia funcionar como uma forma de ele angariar pessoas para o seu círculo social, mandando comida e alguns, ele dizia que tinham desconto e a pessoa pagava metade. Outros, ele dava de maneira gratuita, não gratuita, evidentemente, mas, aparentemente, gratuita. Então, tudo isso, eu acho que colaborava para uma cadeia criminosa ainda maior, que ele aparenta estar envolvido",
"Delegado, o filho do ex-deputado Fernando Monteiro está entre os investigados sobre o crime, nessa situação?"
"Sim, ele teve a prisão temporária decretada, já foi ouvido e, a partir da análise do depoimento dele, será decidido se vamos fazer a soltura, se vamos pedir uma preventiva, mas, até o momento, a situação é verdadeira, é verídica e ele foi, sim, um dos alvos dessa operação, porque teria comprado também, teria se beneficiado desse esquema".
E sobre a ficha das pessoas presas, eles já não tinham ficha? Já na polícia?
"Não, essas pessoas não tinham, até então, antecedentes, e pelo menos, o mentor a gente ainda está buscando mais informações acerca de possíveis envolvimentos pretéritos dele no estado de origem, mas essas pessoas não, algumas, por exemplo, realmente tinham o dado sido utilizado para aplicar o golpe, então já não tinham mesmo nada a ver e a gente só pôde entender isso a partir da prisão temporária, por isso que ela foi pedida. Então, quem não tem nada a ver, quem foi colocado no meio da situação a polícia não tem como saber antes, mas quem já não tem nada a ver já está sendo providenciado à soltura",
Delegado, pelas imagens lá que a gente viu, uma das casas abordadas dos suspeitos é de alto padrão. Eles são todos de classe alta?
"Bom, a maioria são pessoas, sim, de boa condição, de boa instrução, com acesso a tudo que se pode ter, mas que acabavam se beneficiando dessas situações. Não se sabe por que essas pessoas fazem isso. Então, é lamentável, porque a gente não espera que uma pessoa que tem acesso a tudo tente se beneficiar de uma coisa tão pequena, mas que para o lojista lá representa um prejuízo bastante considerável",
A pergunta pode ser até simples, mas por que só comida mesmo oriental? Olha, como eu disse, né?
Existem outros estabelecimentos comerciais que podem ter sido alvo dessa fraude, porque já foi até passado por um dos suspeitos, mas eu não vi nenhuma ligação sobre por que comida orienta, mas talvez pelo valor e como eu disse, como isso aparenta também ser utilizado como uma forma de angariar pessoas no círculo social e de fazer, como a gente diz, fazer média com as pessoas. A comida oriental, eu acho que tem um fator importante nisso, pelo alto custo, por ser uma coisa sofisticada, que até se coaduna e é coerente com o padrão de vida dessas pessoas.
"Cinco. Todos os mandatos de prisão temporária foram cumpridos com sucesso. E seis endereços de busca e apreensão"
"Até o momento, pelo menos uma das mulheres. Os outros ainda estamos avaliando, porque eles possuem algumas outras conexões, algumas outras situações que nós fomos apurando a partir da prisão. E aí vai demandar uma análise mais cautelosa acerca do grau de envolvimento deles".
"Essa investigação começou aproximadamente três meses atrás, quando uma proprietária de um restaurante japonês fez um boletim de ocorrência e informou que estava sendo vítima de um golpe, onde as pessoas faziam pedido de comida japonesa e deixavam de pagar esse pedido. Então nós abrimos um inquérito policial, fizemos um levantamento de campo, colhemos depoimentos e representamos para os mandados de prisão e busca e apreensão. E hoje nós demos cumprimento a cinco mandados de prisão. Um dos investigados fazia o contato direto com o restaurante e os outros quatro escolhiam as comidas. Esse investigado que fazia o contato direto com o restaurante, ele repassava o cardápio dessas outras quatro pessoas, elas escolhiam a comida que elas queriam comer, elas escolhiam a comida japonesa e faziam o PIX para esse investigado que encabeçava todo esse golpe. E esse investigado que encabeçava esse golpe passava o seu cartão de crédito e depois que a comida chegava ele pegava e cancelava as compras e eram estornados os valores por investigado. Só nesse restaurante eles fizeram mais de 100 compras de comida japonesa", esclareceu o delegado Zanatta.
E a questão da droga, foi encontrada onde?
"Foi encontrada na casa desse investigado que é o cabeça do golpe, o mineiro que fazia o contato direto com o restaurante. No momento da busca e apreensão nós encontramos uma plantação de maconha que era feito na modalidade de estufa. E além de ser cumprido o mandado de prisão, nós também vamos autuar ele em flagrante. É importante frisar que nós vamos dar continuidade as investigações pois já temos conhecimento que outros restaurantes também foram vítimas desse golpe pela mesma organização criminosa", finalizou o delegado