CFM vistoria Hospital Areolino de Abreu e não descarta intervenção ética
Representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) vistoriaram, na tarde desta sexta-feira (5), o Hospital Areolino de Abreu. A unidade de saúde registrou em menos de dez dias o assassinato de um paciente e um acidente com outro interno que teve 50% do corpo queimado. O conselho quer saber o que está acontecendo no hospital que possa estar prejudicando a atividade médica e o atendimento aos pacientes. Não está descartada uma intervenção ética no local.
Foto: Lucas Marreiros/Cidadeverde.com
Foi vistoriada a estrutura física do hospital, as condições de trabalho dos funcionários e médicos, além do tratamento ao qual os internos são submetidos.
“Vamos avaliar as possíveis irregularidades e se não forem sanadas, o hospital estará passivo de uma intervenção ética. Se não é possível trabalho médico seguro, não pode ter”, afirmou Emmanuel Fontes, presidente do Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM), à TV Cidade Verde.
O Hospital Areolino de Abreu possui 160 pacientes internados, destes 70% são oriundos do sistema prisional. O diretor do HAA, Raphl Webster Trajano, disse que a superlotação inviabiliza a atividade hospitalar. “É impraticável”, afirmou.
A mãe do paciente que teve 50% do corpo queimado esteve no hospital no momento da vistoria. Ela quer que o Areolino de Abreu dê maior atenção ao caso. “Ele entrou com um problema e saiu com outro. Está no HUT com 50% do corpo queimado. Eu quero que o hospital (Areolino) tire o meu filho de lá (HUT) e coloque numa clínica particular. Como uma pessoa amarrada pega fogo no pé? Eu quero uma solução” declarou Maria dos Remédios em entrevista à TV Cidade Verde.
O diretor do hospital disse que o caso está sendo investigado e que o paciente estava sozinho no momento do acidente. “Estava ele e o irmão, que saiu para dormir fora. A porta foi fechada pelo irmão. Eram 5h, todo mundo estava dormindo. Ele tinha um isqueiro e foi tentar se soltar”, relatou.
De acordo com o psiquiatra Leonardo Luz, membro do Conselho Federal de Medicina, o atual modelo de funcionamento do Areolino de Abreu infringe a lei Paulo Delgado, de 2001, que instituiu um novo modelo de tratamento aos portadores de transtornos mentais no país. Segundo ele, apenados não poderiam estar juntos com os pacientes psicóticos.