domingo, 6 de setembro de 2015

Despreparo dos motoristas torna trânsito agressivo dentro das cidades


Despreparo dos motoristas torna trânsito agressivo dentro das cidades

Pouca paciência, altos índices de estresse, falta de gentileza e descumprimento à legislação têm tornado o trânsito um espaço de caos.

O motorista quer chegar ao seu destino no tempo mais rápido possível. Para atingir a missão, ele ‘esquece’ de cumprir a velocidade máxima estabelecida na via, de respeitar os sinais de sinalização ou de estar disposto a ser gentil durante o percurso. A figura do motorista agressivo, que pouco tem paciência ao pilotar um veículo e quer, acima de tudo, estar à frente dos demais tem se tornado cada vez mais comum no trânsito das cidades.
De forma caricata, a animação Motor Mania retrata bem a realidade que tem se multiplicado nas vias urbanas. O Pateta, um dócil pedestre que não é capaz de cometer o mínimo de perturbação ao seu entorno, se transforma num monstro quando assume o volante do carro. O personagem replica os tipos de condutores encontrados no cotidiano. Na última semana, em um ataque de fúria, um motorista, que teve seu carro trancado no Centro de Teresina, destruiu o Kia Cerato de uma mulher, que impedia sua saída. A ação foi flagrada por populares e se tornou um caso emblemático das disfunções que acontecem no trânsito por conta do estresse e pouca civilidade.
A psicóloga Catherine Napoleão, especialista em Psicologia de Trânsito, ressalta o imediatismo com que as pessoas tem se portado ao conduzir os veículos. “A sociedade vem estimulando o individualismo há algumas décadas e isso foi reduzindo a capacidade dos indivíduos de pensar no outro como igual, possuidor também de direitos além dos deveres. Pensando apenas em si, o condutor esquece que o trânsito é um comportamento coletivo e percebe apenas os seus direitos e os deveres dos outros: tudo aquilo que represente benefício próprio”, destaca.
Foto: Jailson Soares/O Dia

Estacionamento irregular é a segunda infração mais cometida pelos motoristas
Na avaliação da especialista, intervir em educação para o trânsito implica em uma busca de melhora cultural, um convívio social que resgate a ideia do respeito ao outro como respeito a si próprio enquanto cidadão.
“É fato que a locomoção se tornou lenta e com frequentes obstáculos. Entretanto, ainda é necessário considerar que os acidentes acontecem, frequentemente, em condições ideais das vias - momento em que o integrante do trânsito se sente seguro e assume mais riscos. Então, também existem riscos que não estão relacionados apenas aos veículos ou às estruturas físicas nas quais eles se movimentam, mas precisamos reconhecer e buscar reduzir os riscos relacionados às escolhas dos condutores”, lembra.
Para Catherine Napoleão, a avaliação psicológica do condutor, que é realizada no momento em que o motorista vai adquirir sua carteira nacional de habilitação, deve também fazer parte do processo de renovação da permissão. “Isso representa mais um risco, considerando a labilidade emocional dos indivíduos. É necessário aprofundar mais a entrevista realizada no processo de avaliação, que fundamenta os resultados dos testes cognitivos, e torná-la mais frequente para permitir maior segurança quanto à aptidão cognitiva e emocional do condutor”, finaliza

fonte portal o dia