AMIGO DE TANTOS CAMINHOS E TANTAS JORNADASPorJefferson Kalume de Oliveira
Muitos já tiveram e
ainda tem aquele velho par de chinelos, agora ali no canto do quarto, seja
guardado ou largado na sala. Quantas vezes os calçamos, levou nosso peso,
nossas andanças e Esperanças e esteve ali cúmplice de uma quadra de nossas vidas.
Àquele velho par de chinelos, desgastado, amoldado aos nossos pés muito se ouviu,
sempre silenciou, mas ali estava suportando o tempo e para nos levar leves, pesados, cansados,
maltratados.
Mas não deixava de levar! Servia
aos pés, mas era ombro! Nosso ponto de partida e também de chegada! Nestas
andanças e mudanças onde se julga as abelhas pelo mel, temos o chinelo sem
julgar seu dono, até porque é castiço de opiniões, nosso parceiro fiel e que
teima em nos levar avante quando muitas vezes queremos voltar! O que insistia
quando tu desistias! Protegendo-nos de muitos espinhos e colocando seu corpo
para que não nos machuquem! Chegamos em casa exaustos, mas ali está o velho par
de chinelos
Seja qual for o seu nome: alpargata, alparcata, alpergata, alpercata alpregata,
pracata, pragata, chinelos não deixam de ser! Numa leitura apressada o leitor
poderia dizer: ‘’Mas de tanta coisa a se falar, reservar texto ao par de
chinelos !’’
Então, já respondemos de pronto:
O velho par de chinelos é uma releitura de pessoas que temos na vida. Francisca,
Maria, João, Jose..., nossa família, rarefeitos amigos e os que nos acompanham
até quando juntos fisicamente não estamos! Não são de borracha como os chinelos,
mas estão também para ombro quando te faltares chão! A tua voz quando cortarem
tua palavra, a tua trincheira quando te acuarem, a tua sombra quando não
tiveres mais o corpo, a tua razão quando tua emoção não souber mais discernir!
Nestas temos as que são singelas, companheiras, conselheiras, silentes, pacientes,
mas ali rente para que possamos ao final do dia desabafarmos,
Falarmos em silencio nossas pretensões, aflições e tudo que um ser
vivente possa vir a ter no cotidiano. Assim como algumas pessoas abençoadas em
nossas vidas ,o velho par de chinelos está ali e já não sabemos mais quem molda
quem, mas uma coisa é certa: Estão ali para nos levar adiante, nem que por
alguns ou muitos instantes e estas não podemos e nem devemos deixá-las nos cantos,
guardadas ou largadas como aquele aposentado velho par de chinelos!