Segundo consta de decisão de desembargador relator do caso, as supostas ameaças partiram de pessoa próxima ao prefeito e de ex-prefeito dono de posto
Num estado onde enterram vereador vivo, qualquer investida não pode parecer normal
- Denunciante chegou a recorrer ao ex-coordenador do GAECO, promotor de Justiça Rômulo Cordão
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Em recente decisão do desembargador Edvaldo Moura, relator da Operação Bacuri no Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI), o magistrado reportou a informação de que o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Bertolínia, Jones Werlen Miranda e Silva, estaria sendo ameaçado. Ele é o autor da denúncia que desbaratou o esquema no município.
As ameças figuram como um dos motivos pelos quais o desembargador não está disposto a liberar acusados no âmbito da operação.
“Não é demais ressaltar que, recentemente, em 3/12/2019, o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Bertolínia - PI denunciante do esquema criminoso investigado, protocolou pedido de medidas de proteção ao Grupo de Atuação Especial de Combate à Corrupção (GAECO) do Ministério Público, em razão de supostas ameaças que têm recebido, inclusive, por parte do cunhado do prefeito Luciano Fonseca, e de um dos investigados, José Jeconias, corroborando o receio antes expressado de, mesmo eles presos, intimidarem as testemunhas a serem inquiridas durante a instrução”, traz trecho de decisão.
Antes, o magistrado havia considerado “presente a efetiva probabilidade de eles, em liberdade, atuarem no sentido de ocultar outros bens e valores ainda não descobertos, ou destruir ou determinar a destruição de outras provas, bem como intimidar, subornar ou ameaçar funcionários da prefeitura de Bertolínia e outras testemunhas ou corréus, ou ainda utilizar seu induvidoso poder econômico, financeiro e político, de alguma forma, para atrapalhar a colheita de outros elementos probatórios, inclusive com a utilização de outras interpostas pessoas”.
O ex-presidente da Câmara, Jones Werlen Miranda e Silva, chegou a procurar orientação, no sentido do que fazer, com o ex-coordenador do GAECO, Rômulo Cordão, inclusive.
A orientação tem sido procurar o GAECO.
Foi o promotor de Justiça quem iniciou as investigações na região e está sendo informado pelo ex-presidente da Câmara sobre as ocorrências.
SENSACIONALISTAS SÃO OS FATOS
Recentemente, após publicação do Blog Bastidores, do 180, um agressivo - e confuso - direito de resposta (que não chegou a ser rebatido, em face do recesso do titular do Blog), chegou a desqualificar uma das publicações feitas no portal de notícias.
Segundo um dos donos de empresas supostamente usadas no esquema em Bertolínia, a publicação foi “tendenciosa, preconceituosa, sensacionalista, desonesta e irresponsável”.
A publicação reportava trechos da denúncia feita pelo GAECO.
ISSO NÃO PODE SER COMUM
Num estado que tem histórico de vereador enterrado vivo, não pode ser comum que membros do legislativo municipal, ao realizar o seu papel, sejam ameaçados. Ainda mais num estado onde a ampla maioria faz acordos nada republicanos.
Isso inibe, inclusive, que outros vereadores, diante de desmandos, evitem reportar tais fatos às autoridades.
E o Estado tem o dever de dar a efetiva e rápida resposta.