A portal mostra como uma série de crimes desencadeou operação DRACO 117 no estado
As investigações em torno da brutal morte de Willian da Silva Araújo, julgado, morto e esquartejado por membros do PCC em fevereiro deste ano, no município de São Raimundo Nonato, no Piauí, foram um dos pilares para a operação Draco 117, no Sul do estado. O Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) realizou nesta terça (14), a prisão de 20 faccionados com atuação na região, dentre eles, os envolvidos na execução.
O portal obteve acesso ao relatório completo do caso, com o passo a passo do crime, dinâmicas e o organograma da facção e como cada um atuou no homicídio. Dos 13 citados, apenas Cristiano Avelino, vulgo “Das Almas”, disciplina do PCC, continua foragido.
Como ocorreu o crime
A vítima foi vista pela última vez no dia 09 de fevereiro, no bairro Milonga, em São Raimundo Nonato, tanto em um bar quanto na porta da residência onde seu corpo foi localizado. No fim da noite, ele foi pego e levado pelos membros do PCC para outra residência, onde a facção realiza o julgamento de seus rivais. De acordo com a investigação, Willian da Silva foi julgado, condenado e executado pelos criminosos, com a justificativa inicial de que a vítima devia valores para o “Das Almas”, na compra de drogas para comercialização. Porém, foi constatado que a vítima também seria da facção rival Bonde dos 40.
Ainda segundo o relatório, os executores foram “Visionário”, “Das Almas”, Luciano, Thomas, Daniel, “Lombrado”, “Primeira Dama” e “Felina”, que decidiram que o corpo seria desovado na Zona Rural de São Raimundo Nonato com a utilização de um veículo pago com dinheiro da Organização Criminosa.
Ao fim, o corpo foi levado para a residência de um casal de faccionados. Os faccionados Daniel, “Lombrado” e Thomas teriam sido os responsáveis de esquartejar o corpo da vítima e enterrá-lo nos fundos da casa. No dia 16 de fevereiro ocorreu o achado do cadáver, após populares terem acionado a polícia diante do mau-cheiro.
Saiba quem são os envolvidos e como agiram
“Visionário e Felina"
O líder do grupo seria Marcelo Aparecido Brandão, vulgo “Visionário”, membro do alto escalão do PCC que veio de São Paulo para organizar facção no Piauí. Por sua posição hierárquica ele seria responsável por conduzir às ações criminosas, por desenvolver a célula em São Raimundo Nonato e demais cidades do Sul do Piauí, quando ao ao tráfico de drogas, inclusive já sendo preso pelo crime. Ele e sua companheira, vulgo “Felina”, foram quem conduziram o julgamento que determinou a execução de Willian. Paula Sabrina, conhecida por “Felina”, seria a companheira de “Visionário”. Ela seria a liderança feminina da facção. Pelo fato de ser ligado ao principal líder, a mulher era ativa nos julgamentos, das decisões e ações criminosas do PCC, desde ao tráfico de drogas até o cometimento de execuções, como o caso do achado de cadáver.
“Primeira dama”
Luciana da Silva, vulgo “Primeira Dama ou Lu Faladona”, estaria abaixo da cúpula maior da organização, mas também responsável pelos interesses femininos da facção. Ela pertencia à célula do PCC de Campo Maior, de onde é natural, no entanto, foi remanejada na hierarquia para ser uma das lideranças em São Raimundo Nonato. De acordo com a investigação, ela se relacionava com o foragido “Das Almas”, que residia na casa onde o corpo foi enterrado e localizado. Além disso, ela também é suspeita de participar ativamente nos julgamentos, decisões e ações criminosas.
“Viradão”
Trata-se de David Emanuel, vulgo “Viradão”, suspeito de executar as ordens do “disciplina” da facção, que dentre elas, junto com outros criminosos, a de executar, esquartejar e ocultar o corpo de Willian Silva. Ele já é conhecido no mundo do crime e é apontado ainda como a pessoa que alugou a casa onde residia o “Das Almas”, onde a vítima também foi enterrada.
“Menor 33”
Identificado como Hugo Gomes, vulgo “Gomes/Menor 33”, ele seria uma das lideranças responsáveis, junto também com “Viradão” e o “Das Almas”, em manter as ordem do PCC nas áreas dominadas, inclusive na execução daqueles que infringiram mandamentos e rivais, como no caso de Willian.
“Daniel”
Carlos Daniel, conhecido como “Daniel”, é faccionado do PCC e um dos suspeitos de participar da morte e esquartejamento da vítima. Além disso, ele seria parceiro de crime e amigo de outro membro do PCC, vulgo “Thomas”, tido como o mãos de sangue da facção. Ele se apresentou hoje para a Polícia Civil.
“Thomas e Keity”
Identificado como Gledson Menezes, vulgo “Thomas”, o investigado também seria do PCC, parceiro de crime e amigo de “Daniel”, além de ser responsável pelo tráfico de drogas na região, junto com sua parceira. Ele também está ligado diretamente com o crime. Keity Lorrany seria a companheira de Thomas, onde teria feito parte intelectualmente da ação criminosa. A investigação colheu ainda que ela já foi vista em foto fazendo referência ao número 3, aquele que representa a facção PCC.
“Morcegão”
Natanael Ferreira, vulgo “Morcegão”, seria faccionado do PCC, ligado a principal liderança, o “Visionário”, e é dono do bar suspeito de ser usado como disfarce para o tráfico de drogas. A investigação aponta ele ainda como responsável por conduzir a vítima para o local onde ocorreria sua morte.
“Das Almas”
Por fim, Cristiano Avelino, vulgo “Das Almas”, é cadeirante e uma das lideranças do PCC quando a disciplina. Ele teria a função de castigar outros integrantes que infringissem as regras impostas pela organização. Ele foi um dos responsáveis pelo julgamento e morte da vítima. Além disso, em parceria com sua companheira, seriam responsáveis ainda pelo tráfico de drogas na região, onde já foi até preso pelo crime.
“Alany Suely”
Faccionada do PCC e ex-esposa de Willian, Alany Suely também foi presa devido que durante o paradeiro da vítima, manteve contato com a mãe dele afirmando que iria entregar a localização, mas não repassou. Esses teriam sido os motivos para seu possível envolvimento.
“Professor”
Por fim, Luciano da Silva, vulgo “Professor”, foi preso por ser suspeito de, junto com “Morcegão”, ser um dos responsáveis por atrair e conduzir a vítima para o local em que ocorreu seu julgamento.
Fonte: Portal A10+