Em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Teresina na manhã desta quarta-feira, o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), ex-prefeito Silvio Mendes, afirmou que o órgão está sem receber repasses do Governo do Estado desde dezembro de 2016.
A informação foi dada por Silvio em resposta às críticas direcionadas à FMS por vereadores da oposição. Segundo o Edilberto Borges Dudu (PT), a pasta possui diversas obras inacabadas em Teresina, denúncia que foi negada por Silvio.
Silvio Mendes, presidente da FMS, e o vereador Dudu cumprimentam-se antes do início da audiência pública (Foto: Assis Fernandes / O DIA)
De acordo com o secretário, a fundação possui 60 obras em andamento na capital, e nenhuma delas está paralisada. Para Silvio, as críticas feitas alguns parlamentares fazem parte de um "discurso para criar notícia".
Sobre o atraso nos repasses do Governo do Estado, Silvio disse que o momento de crise não justifica o problema, pois todos os entes federativos estão passando por dificuldades financeiras, inclusive o município de Teresina. "A gente enfrenta dificuldades também. Não é só o Governo do Piauí. No Brasil todo está havendo isso. Mas nós todos sabemos que o SUS é subfinanciado. Não tem dinheiro suficiente pra fazer o que a lei manda fazer. Então o repasse do Governo do Estado para o município, que é chamado de co-financiamento, está atrasado desde dezembro, mas as ações na saúde não podem parar", afirmou Silvio, ressaltando que, apesar do imbróglio, a FMS tem mantido uma boa relação com o secretário estadual de Fazenda, Rafael Fonteles, e com o secretário de Saúde, Florentino Neto, da mesma forma como ocorria com o ex-titular da pasta, Francisco Costa.
O ex-prefeito Silvio Mendes afirmou que a Prefeitura tem enfrentado dificuldades, por conta do atraso nos repasses de recursos para a saúde que devem ser feitas pelo Governo do Estado (Foto: Assis Fernandes / O DIA)
A audiência pública na Câmara foi realizada com o objetivo principal de debater a situação das maternidades públicas de Teresina, e outros assuntos relacionados à saúde na capital.
Autor do requerimento que solicitou a audiência, o vereador Dr. Lázaro decidiu provocar o debate público após a constatação de que 126 bebês morreram na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) apenas entre janeiro e meados do mês de maio.
A maternidade é gerida pela Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi). No entanto, o diretor-geral, Francisco Macêdo, afirma que os problemas observados na unidade são ocasionados, dentre outros fatores, pela deficiência na regulação feita por outras maternidades do município, geridas pela FMS, o que faz com que muitos bebês sejam encaminhados para a MDER desnecessariamente, ocupando leitos de UTI que deveriam ser destinados a recém-nascidos com complicações mais graves.
Silvio Mendes reconheceu que há falhas na rede municipal de saúde, mas opinou que o vereador Dudu e demais parlamentares de oposição não devem politizar a questão, mas sim buscar uma solução para os problemas junto ao Poder Executivo.
"É papel e dever dos vereadores procurar saber informações sobre uma área tão essencial como a saúde, e eu me ofereci pra ampliar a discussão. Para que a gente pudesse apresentar o sistema de saúde que nós temos, que caminhos nós queremos percorrer, onde queremos chegar, as falhas que existem, dentre outras informações. Além de esclarecer muitas dúvidas e inverdades. O vereador Dudu exerce o papel dele, de oposição ao prefeito. Eu não tenho atividade política, eu sou gestor público. Agora, o Dudu reclamar de obras paradas? Por favor! Se ele quer politizar eu topo também. Há quantos anos a obra do Centro de Convenções se arrasta? E isso acontece no estado inteiro, mas eu não vou discutir isso. Precisamos ser objetivos e construtivos", concluiu Silvio Mendes.
Governo promete investir em maternidades de outras regiões do estado para descentralizar atendimentos
O Governo do Estado entregou dez novos leitos de UTI neonatal na Maternidade Dona Evangelina Rosa no final de maio.
A solenidade de entrega dos leitos ocorreu com a presença do governador Wellington Dias (PT), e ocorreu poucos dias após a denúncia de que 126 bebês morreram na MDER em menos de cinco meses.
Na ocasião, tanto Wellington quanto o secretário de Saúde, Florentino Neto, prometeram intensificar os investimentos em maternidades de outras regiões do estado, de maneira a descentralizar os atendimentos e, portanto, diminuir a crescente demanda observada na Maternidade Dona Evangelina Rosa, problema que foi apontado como uma das principais causas para a morte dos 126 bebês.
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