Mãe implora para que policiais não matem filho suspeito de assaltar banco
“Eu sei que vocês têm filho e neto. Pelo coração de pai, vejam o coração de uma mãe aflita", diz a mulher.
Familiares dos suspeitos de assaltarem, no dia 5 de maio, a agência do Banco do Brasil em Curimatá (a 386 km de Teresina) estão suplicando pelas vidas que ainda restam. Até agora, cinco homens foram mortos por policiais do Piauí, Pernambuco e Bahia. Outros seis suspeitos foram presos e três ainda estão foragidos.
O vídeo de uma mãe implorando para que o filho não seja assassinado está sendo compartilhado nas redes sociais. A mulher, que se identifica como Aldenora, faz um apelo emocionado aos policiais. “Eu sei que vocês têm filho e neto. Se não têm, vão ter um dia. Pelo coração de pai, vejam o coração de uma mãe aflita. Quero meu filho preso. Eu vou ajudar ele, eu vou cuidar dele na prisão. Só tenho esse filho”, diz a mãe, que passa mal ao final do vídeo.
Já morreram Anaxandro Pereira Matias; Edvan José dos Santos, conhecido como Van Van Araquan"; Edenilton Aquino do Nascimento, que é chamado de "Patrão Denilton Araquan"; Everton Diego Moreira, o "Tom Cego, Ceguinho” e Cícero Augusto Freire Rodrigues.
Moradores dos municípios pernambucanos de Petrolina e Cabrobó estão compartilhando o vídeo da mãe, além de mensagens pedindo solidariedade para com as famílias que estão perdendo seus parentes.
A polícia alega que todos os suspeitos foram mortos porque teriam resistido e entrado em confronto com os policiais. O secretário de Segurança Fábio Abreu está acompanhando as diligências e participando diretamente das ações.
A versão da polícia é contestada por algumas pessoas. “Os que já morreram, Evertom (Ton) e Edeniltom (Denilton) se entregaram diante da população da cidade Morro Cabeça [no Tempo], pedindo por favor pra não matarem eles. Mesmo assim, com o coração de pedra e cheios de rancor, tiraram a vida deles sem piedade, matando aos poucos com torturas desumanas”, escreveu uma jovem em seu perfil no Facebook.
Justificativa
Em nota, a Secretaria de Segurança do Piauí afirma que todo esforço é para preservar a vida, mas reforça que durante o cerco aos assaltantes, os policiais foram sempre recebidos a tiros pelos acusados e por isso tiveram que reagir de forma proporcional.
A SSP/PI acrescenta que um policial militar piauiense foi baleado durante o confronto. “Os assaltantes estavam armados com fuzis, armas de alto poder letal, o que mostra que estavam dispostos a não obedecer à ordem de prisão dos policiais do Piauí, Pernambuco e Bahia. Além disso, sempre que tiveram oportunidade fizeram reféns e agiram com extrema violência”, diz a nota.
Sobre o apelo dos familiares, a Secretaria de Segurança alega que compreende a dor das famílias, mas acredita que elas contribuem mais se pedirem que seus parentes se rendam e deponham as armas. “O cerco aos três fugitivos continua. O objetivo é prendê-los e entregar à Justiça como já aconteceu como outros seis acusados presos pelas forças de segurança”, termina a nota.