sábado, 17 de dezembro de 2016

Com renda incompatível, suspeitos de matar cabo do BOPE serão alvo da PF

Com renda incompatível, suspeitos de matar cabo do BOPE serão alvo da PF

Maria Ocionira e Leonardo

A apreensão de documentos no apartamento do suspeito de ser o mandante da morte do cabo do Bope, Claudemir Sousa, levou o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) a encaminhar o caso à Polícia Federal. De acordo com o delegado Gustado Jung, presidente do inquérito policial, foram encontrados indícios de fraude em aposentadorias junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Ambos possuiam um padrão de vida incompatível com suas rendas, segundo a Polícia Civil. 
O delegado do Greco acrescenta que na documentação apreendida havia o nome de Maria Ocionira, indiciada como co-autora intelectual da morte do PM. De acordo com a Polícia Civil, Leonardo Ferreira seria uma espécie de secretário dela, em negócios ilícitos. 
"Encontramos documentos na casa do Leonardo contendo nome dela e referências a valores financeiros que pertenceriam a ela e a ele. O Leonardo anotava esses valores e descrevia assim: para Maria Ocionira tanto; para Leonardo tanto. Eles rateavam esses valores, era uma parceria. Apreendemos produtos e materiais usados em fraudes como selos judiciais, selos de serventias cartorais, carimbos de tabelionatos de notas, carimbos de sindicatos de trabalhadores rurais do Piauí. Ainda não sabemos se todo esse material era falso, mas com certeza, não deveria estar na residência dele", disse o delegado.
A investigação policial apontou ainda que tanto a renda de Leonardo como Ocionira eram incompatíveis com a remuneração que ambos recebiam. Ele era funcionário da Infraero. Já Maria Ocionira foi nomeada em janeiro de 2015 para exercer o cargo de assessora técnica na Secretaria de Governo. Seu salário bruto era de R$ 1.240. Mas ela ficou apenas um mês na pasta. Em fevereiro, a assistente social e bacharel em Direito foi exonerada para assumir o cargo de direção no hospital psiquiatrico Areolino de Abreu. No Portal da Transparência do Piauí, Maria Ocionira aparece com cargo de direção na Secretaria de Saúde, na categoria comissionado exclusivo. Seu salário bruto em novembro foi de R$ 3.550, sendo que o valor líquido foi de R$ 3.040,38, após descontados o imposto de renda e repasse ao INSS.
"O Leonardo exercia emprego público na Infraero. Temos conhecimento que o salário que ele recebia era cerca de R$ 3 mil a R$ 4 mil, mas ele ostentava um padrão de vida incompatível com a sua remuneração, assim como ela. Em seu depoimento, ela alegou que era diretora de um hospital de Teresina. Contudo, Ocionira aparentava um estilo de vida incompatível com as finanças que ela possuía", declarou o presidente do inquérito.
A Polícia Civil divulgou ainda o documento de um veículo no nome de Maria Ocionira. O carro- um Troller T4 XLT 3.2- está avaliado em mais de R$ 100 mil. 


"Ela alega que ele (Leonardo) estava se separando judicialmente e pediu para ela, como amiga, para que colocasse o carro no nome dela, considerando que ele não queria incluir o carro em uma possível partilha de bens em decorrência da separação judicial. Mas isso não bateu. As provas que constam nos autos são bem diferentes. Diversas testemunhas presenciaram o Leonardo ostentando esse veículo que era dele", enfatiza Gustavo Jung. 
Em entrevista coletiva na sede da Delegacia Geral do Piauí foi revelado também que o casal de suspeito tinha passagens compradas para a virada do ano no Rio Grande do Norte e uma outra viagem, no fim de janeiro de 2017, para Amsterdã, na Holanda. Em consulta na internet a uma empresa que comercializa pacotes turísticos, uma viagem de três dias no final do ano para Natal (RN) pode custar de R$ 2 mil a R$ 3 mil por pessoa. Já passagens e hospedagem de cinco noites para a capital holandesa custam mais de R$ 7 mil por pessoa.
O delegado acrescenta ainda que antes de ser presa ontem (16), Maria Ocionira prestou depoimento e mentiu em 85% sobre os fatos. Uma das inconsistências encontradas diz respeito ao local em que ela estava instantes após a execução do namorado.
"Maria Ocionira disse que no dia do crime ficou em casa e só saiu após receber ligações telefônicas de familiares da vítima. Porém, as investigações do Greco apontaram que a co-autora possuía um apartamento no mesmo condomínio do mandante, morava no bloco ao lado dele. Leonardo esteve no local no crime, em seguida foi para seu apartamento, desceu correndo, encontrou Ocionira e os dois conversaram e saíram juntos, depois retornaram para o condomínio e cada um foi para seu apartamento. Ela mentiu. No dia do crime, ela não ficou somente em casa. Os dois tiveram encontro neste apartamento", explica Gustavo Jung. 
Além dos dois, mais sete pessoas foram indiciadas acusadas de participação na morte de Claudemir Sousa. O inquérito policial concluiu que ele foi morto por questões afetivas (Maria Ocionira vivia um triângulo amoroso com o PM e com Leonardo), e também porque o relacionamento dele com Ocionira representava uma ameaça aos supostos negócios ilícitos que ela mantinha com o Leonardo.
fonte cidadeverde.com