Dentista é condenada a dois anos de prisão por injúria e racismo
Dentista postou ofensas contra bebê nas redes sociais e chegou a arremessar uma tesoura contra a mãe da vítima.
A dentista Delzuite Ribeiro de Macêdo foi condenada, nesta terça-feira (16), a dois anos e quatro meses de reclusão, e três meses de detenção, pelo crime tentado de lesão corporal e pelos crimes de injúria racial e racismo qualificado. A decisão é do juiz da 1ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, Carlos Alberto Bezerra Chagas. Delzuite Ribeiro era acusada de proferir ofensas contra uma bebê e a mãe nas redes sociais.
De acordo com a decisão, quanto ao crime tentado de lesão corporal, ficou evidente que a dentista tentou ofender a integridade corporal da vítima, Thaiane Ribeiro Neves, somente não consumando o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. Os fatos foram corroborados através do depoimentos de testemunhas e da própria acusada, que confessou em juízo ter arremessado uma tesoura contra a vítima, que somente não a atingiu porque o esposo da ofendida, Emanuel de Castro Macêdo Rodrigues Belo, conseguiu fechar o vidro do automóvel. No momento do crime, a vítima estava com um bebê no banco do passageiro e por pouco não teria sido atingida pelo objeto.
Dentista foi presa pela Polícia Civil. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Sobre os crimes de injúria racial e racismo qualificado, o magistrado decidiu que, mediante a utilização de postagens de cunho preconceituoso e racista em sua página do Facebook, a dentista ofendeu a dignidade da vítima, tendo praticado, ainda, com tais postagens, discriminação contra um número indeterminado de pessoas da mesma raça e cor.
"Não existe qualquer dúvida da ocorrência dos fatos em tela, da mesma forma que é inequívoca a intenção da Acusada de demonstrar a inferioridade das pessoas com tom de pele não branco. Sua vontade livre e consciente foi de afirmar que pessoas do tom de pele branco são superiores aos demais, como ficou demonstrado durante a instrução processual", destacou o juiz.
Nas postagens, a dentista chegou a declarar que "não me interesso por gente que nunca chegará ao meu tom de pele" e ainda que "E de não querer misturar meu sangue for PRECONCEITO sim eu sou preconceituosa [sic]". Para o juiz, as ofensas proferidas pela dentista não ofenderam apenas a dignidade da vítima, e sim, teria praticado discriminação contra as pessoas que não possuem tom de pele branco.
Quanto ao crime de ameaça, a vítima foi absolvida pela Justiça, pois, segundo o entendimento do magistrado, a instrução processual não conseguiu confirmar a existência do crime de ameaça narrado na denúncia. Apesar da condenação, o juiz revogou a prisão preventiva da dentista e concedeu à acusada o direito de recorrer em liberdade.