Na segunda-feira, motoristas e cobradores retomaram greve por tempo indeterminado, com 100% da frota paralisada.
A crise do transporte público de Teresina já se estende por dois anos. Desde os meados de 2020, o teresinense que deseja ir trabalhar, estudar ou apenas ter um momento de lazer, precisa apelar para outros meios, como aplicativos de transporte ou moto táxi.
O problema, é que essas alternativas pesam no bolso do trabalhador que precisa do serviço, e mais ainda daqueles que o oferecem em meio a essa situação problemática. Seria o fim da linha para o transporte público da capital?
É algo improvável de se pensar como uma capital conseguiu se manter por tanto tempo, sem o transporte público. Toda essa problemática começou em 2020, e desde então inúmeras greves e paralisações foram iniciadas e encerradas.
Todas estas, por motivos válidos. São incontáveis as reclamações de motoristas e cobradores, que até então, continuam reivindicando melhorias que todo trabalhador deve exigir.
Eles pedem que profissão seja respeitada, protestam contra o atraso dos seus salários, corte de plano de saúde, redução do ticket de alimentação, demissões em massa, e contratações ilegais.
A greve dos motoristas e cobradores iniciada nesta segunda (11) teve interferência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que determinou que pelo menos 80% das frotas deveriam circular em horário de pico sob pena de R$ 50 mil reais por dia caso haja descumprimento.
O presidente do SINTETRO, Antônio Cardoso, inicialmente afirmou que a ordem seria cumprida, porém, os próprios trabalhadores se negaram a continuar nessa situação.
Nesta terça feira (22), Teresina seguiu com as frotas paralisadas, e nenhum dos veículos destinados ao público saíram das garagens, provocando a paralisação de 100% da frota.
“Nós gostaríamos primeiro de pedir desculpa para a população, não era isso que queríamos, mas infelizmente é necessário. Nós deveríamos cumprir a determinação, mas não tem como obrigar o trabalhador a sair de casa para ganhar um salário de R$ 800 reais.”
É a primeira vez que a situação do transporte público e dos seus servidores toma proporções incertas.
O outro lado
Em nota, a prefeitura de Teresina informa que já cadastrou 250 veículos alternativos para atuarem durante a greve do transporte coletivo na capital. A Strans informa ainda que está implantando o projeto de táxi lotação, onde 2 mil veículos devem ser cadastrados.
Já o o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) recebeu na última quinta-feira (17) a notificação do Sintetro, que informava a decisão de greve para a segunda-feira (21). O Consórcio SITT, através do SETUT, informa que as empresas querem manter o funcionamento dos serviços oferecidos, com o objetivo principal de atender as demandas dos passageiros, assegurando o direito de ir e vir dos cidadãos e trabalhadores teresinenses.
Mas, e agora?
Essa é a grande questão. Como os próprios empresários dos consórcios pretendem que as frotas circulem normalmente se os seus trabalhadores encontram-se há quase dois anos em situação precária?
Reitero que enquanto não haver um diálogo coerente e resolutivo, que reconheça as necessidades financeiras e trabalhistas do setor, será impossível que a categoria cumpra qualquer ordem de serviço.
A população de Teresina e os trabalhadores da categoria estão exaustos da situação. Não é de bom tom condenar a greve dos mais prejudicados, no momento, o mais coerente é incentivar um acordo efetivo entre os envolvidos.
Enquanto isso, o povo sofre com uma amarga espera.
fonte lupa1.com.br