terça-feira, 4 de novembro de 2025

Após suspensão de Márcio Alencar, prefeitos do PT ficam com a “barba de molho”

 A suspensão da filiação do prefeito Márcio Alencar, de Alegrete do Piauí, decidida por unanimidade pela Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), foi motivada por um episódio policial — mas acabou produzindo efeitos políticos imediatos dentro da legenda. O caso serviu como alerta para prefeitos petistas que ensaiavam apoiar nomes fora da base governista em 2026, especialmente o senador Ciro Nogueira (PP), que tenta a reeleição.

Foto: 180graus / Reprodução

O PT informou, em nota assinada pelo presidente estadual Fábio Novo, que a suspensão será analisada pela Comissão de Ética, após o prefeito ser acusado de invadir armado uma residência e ameaçar dois adolescentes na zona rural do município. O episódio foi registrado em vídeo e ganhou repercussão estadual.

Apesar do contexto criminal, a repercussão política foi inevitável. A medida reforçou a imagem de um partido disposto a agir com rigor em casos que atinjam a imagem da sigla — e acendeu um sinal vermelho entre gestores que cogitam romper com as diretrizes internas.

Linha dura e “barba de molho”

De acordo com o que apurou a coluna, vários prefeitos do PT ficaram com a “barba de molho”. Isso porque o presidente Fábio Novo já havia anunciado, em agosto de 2025, uma “faxina” no partido, prometendo punir — inclusive com expulsão — quem apoiar adversários dos governos Lula e Rafael Fonteles.

“Alguns podem sair, mas outros virão. O PT não pode abrir mão de seus princípios”, disse Novo à época, sinalizando que a fidelidade partidária será cobrada sem exceções.

Um partido com memória disciplinar

O PT tem histórico de agir com firmeza diante de desvios éticos ou políticos. Em 2011, o então prefeito de Sebastião Barros, Geraldo Eustáquio Machado, foi expulso da legenda por infidelidade partidária — antes mesmo de ser condenado pela Justiça por outro crime.

PP: a conveniência como regra

Enquanto o PT reforça o discurso de coerência, o Progressistas (PP), presidido por Ciro Nogueira, dá sinais de flexibilidade conforme o contexto. O próprio Ciro tentou manter o partido como oposição ao governo Lula, chamando de “constrangedor” o fato de a legenda ocupar ministérios. Ainda assim, André Fufuca, também do PP, seguiu como ministro do Esporte, contrariando a direção nacional.

Resultado: foi afastado da vice-presidência do PP — mas segue ministro, segue apoiando Lula e segue no partido. Um contraste claro com o PT, que, goste-se ou não, ainda preza pela coerência e pela disciplina interna.

fonte 180graus.com