domingo, 28 de junho de 2015

Enfermeiros e técnicos do HUT realizam caminhada para lembrar estupro coletivo

Enfermeiros e técnicos do HUT realizam caminhada para lembrar estupro coletivo

Cerca de 500 pessoas participaram do movimento. Dinheiro arrecadado com venda de camisetas e água será destinado para vítima que continua internada


Caminhada saiu do Parque Potycabana (Foto: Manoel José/O Olho)

Após um mês de um dos crimes mais violentos da história do Piauí, um grupo de enfermeiros e técnicos em enfermagem do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), realizaram uma caminhada no final da tarde deste domingo (28/06), em defesa da paz, da Justiça e na intenção de arrecadar fundos para ajudar na recuperação de uma das vítimas que ainda se encontra internada no hospital.
A caminhada iniciou por volta das 17h e saiu do Parque Potycabana até o Complexo da Ponte Estaiada, na avenida Raul Lopes, zona Leste de Teresina. Cerca de 500 pessoas estiveram presentes na caminhada.

De acordo com Cilinara Moura, uma das organizadores do evento, a caminhada tem como foco principal lembrar a população piauiense e alertar para que aos acusados de cometerem tal barbaridade não fiquem impunes. Segundo ela, todo o recurso arrecadado com a venda de camisetas e de água mineral, será revestido no tratamento da menor que segue no HUT, que provavelmente ficará com alguma sequela decorrente do traumatismo craniano sofrido.
Cilinara Moura foi uma das organizadoras (Foto: Manoel José/O Olho)
“Aqui no Piauí existe tanta lei e não se cumpre nada. Não é justificativa ter 16 anos e sair cometendo crime e não ir para a cadeia. Queremos o fim da violência, nem que não consigamos alcançar, mas não vamos nos entregar. Nós mulheres precisamos de mais respeito”, destaca. Segundo ela, a menor é de família humilde e necessita da ajuda para compra de medicação e alimentação. O médico Gilberto Albuquerque, diretor do HUT, informou que a menor deve ter alta no início dessa semana. A vítima segue na reta final de um tratamento específico que só poderia ser realizado dentro de um espaço hospitalar, por isso a menor não recebeu alta médica no último sábado (27).
Vereadora Teresa Britto (Foto: Manoel José/O Olho)
A vereadora de Teresina Teresa Britto (PV), também esteve presente e disse ser a favor das alterações que estão sendo realizadas no código penal. Segundo ela, os criminosos independentemente da idade, devem cumprir penas que sejam compatíveis com a gravidade do crime cometido.
“Nós estamos buscando a paz e o respeito pela mulher. Esse é o principal objetivo dessa caminhada. Quero parabenizar as técnicas e enfermeiras do HUT pela iniciativa e me solidarizar com cada uma, que diariamente convivem com essa situação de violência e vivenciam a situação das mulheres que chegam ao hospital agredidas, espancadas pelos maridos, enfim, as mulheres merecem ser respeitadas e bem tratadas, nós é quem geramos a vida, somos o ser mais importante. Além de tudo isso, esse é um momento para mostrarmos que o caso não foi esquecido e que a comunidade quer Justiça. Queremos que em crimes como esse, os acusados sejam punidos de acordo com a gravidade, independentemente da idade. Sou totalmente a favor da reformulação do código penal, não podemos mais aceitar e conviver com uma situação dessa”, disse.
Promotora Amparo Paz (Foto: Manoel José/O Olho)
A promotora Amparo Paz, do Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência de Doméstica e Familiar (NUPEVID), também participou da caminhada e destacou que as mulheres vivem à margem da sociedade, devido as agressões e humilhações impostas pelos homens.
Para ela, a situação de opressão já chegou ao limite e o Estado do Piauí não pode mais aceitar a ocorrência de crimes como esse.
“Não podemos mais viver nessa situação, o Piauí já não suporta mais. Quando um pai agride uma mãe de família na frente dos filhos, ele tá ensinando aquela conduta e consequentemente o filho vai fazer a mesma coisa. Hoje a mulher é estuprada e os homens ainda dizem que elas são as culpadas porque andam com roupa curta. Isso não existe, não podemos ser escravizadas. Precisamos ser livres para vivermos do jeito que acharmos melhor. Basta de impunidade.
Cerca de 500 pessoas participaram da caminhada (Foto: Manoel José/O Olho)
O CRIME DE CASTELO DO PIAUÍ
Na noite do último dia 27 de maio, quatro menores foram abordadas por quatro adolescentes e um maior de idade, enquanto fotografavam para a realização de um trabalho escolar em cima de um morro no município de Castelo do Piauí.
Uma das menores foi obrigada a amarrar as demais para que os acusados pudessem cometer os estupros. Todos os acusados estavam sob efeito de drogas (crack, cocaína e maconha). Após estuprá-las, e as deixarem totalmente desfiguradas e desmaiadas, eles as arrastaram para o alto de uma pedra de aproximadamente 10 metros de altura, e as jogaram do penhasco.
Após caírem uma por cima das outras, os menores afirmam que foram induzidos por Adão, apontado como responsável por comandar o crime, para que pudessem descer o morro e desferir diversos golpes com pedras. As pedradas foram todas direcionadas na cabeça das vítimas.
Caminhão foi cedido pelo deputado estadual Fernando Monteiro (Foto: Manoel José/O Olho)
Todos os acusados já estão presos. Das vítimas, uma morreu uma semana depois e outras duas já receberam alta médica e se recuperam bem. Ao todo, mais de 30 pessoas, entre acusados, vítimas e testemunhas, já prestaram depoimentos. O juiz Leonardo Brasileiro tem até o dia 11 de julho para encerrar o inquérito e anunciar a pena para os menores envolvidos.

fonte portal o olho