sábado, 21 de maio de 2016

Quase um ano depois, mais um estupro coletivo no interior do Piauí: monstros ou vítimas da sociedade?


Quase um ano depois, mais um estupro coletivo no interior do Piauí: monstros ou vítimas da sociedade?

Segundo inquérito policial já instaurado na 9ª Delegacia Regional de Polícia Civil do Piauí, sediada em Bom Jesus, eles teriam se revezado na violência sexual contra a menor


Faltando uma semana para o fatídico aniversário de um ano do estupro coletivo que mais gerou revolta, debates e reflexões na história do Piauí tudo está se repetindo. E não de uma maneira isolada. Estupros coletivos são cada vez mais constantes no Piauí. Abusar de meninas, principalmente menores de idade, e com o emprego de requintes de crueldade parece que virou moda. O que está acontecendo? Todos são vítimas da sociedade? Ou são monstros criados pela própria sociedade ou pela falta de limites e valores?
No final do ano passado o Brasil ficou chocado com o estupro coletivo de quatro garotas na cidade de Castelo do Piauí (a 199 quilômetros ao Norte de Teresina). Na próxima sexta-feira (27 de maio) o crime completa um ano. De lá para cá os estupros coletivos só aumentam no estado.
Neste final de semana foi a vez de Bom Jesus (652 quilômetros ao Sul de Teresina, a 851 quilômetros de Castelo do Piauí e capital dos Cerrados piauienses) ser abalada por um crime de estupro coletivo no estado. O primeiro em sua história.
A vítima, uma menor de 17 anos. Os acusados, assim como em Castelo do Piauí, um maior de idade e quatro menores. O maior, 18 anos. Os menores, com idades entre 17 e 16 anos. Clique e leia a primeira matéria sobre o assunto!
Segundo inquérito policial já instaurado na 9ª Delegacia Regional de Polícia Civil do Piauí, sediada em Bom Jesus, eles teriam se revezado na violência sexual contra a menor durante uma noite e uma madrugada. No final deixaram a vítima amordaçada. O instrumento para amordaça-la: sua própria calcinha.
Também, segundo a Delegacia, o crime teria ocorrido em uma construção, na rua Coronel Ferreira, em pleno Centro da cidade, proximidades dos Correios. Vítima e acusados já se conheciam e teriam ido beber nesse local, que tem dois pavimentos. Em determinado momento os jovens teriam começado a fazer sexo forçado com a jovem, que recentemente voltou a morar na cidade.
Pelo que já foi apurado pela polícia ao menos três dos cinco acusados teriam participado da violência sexual. Dois teriam ficado vendo e não teriam impedido os atos. Os acusados se revezariam durante os atos. O que chamou atenção da polícia é que a vítima foi encontrada nua e amordaçada com sua própria calcinha, além de, depois dos atos, ter sido deixada no local. A jovem foi encontrada por populares que chamaram a polícia. Ela foi levada ao Hospital Regional Manoel de Sousa Santos. Até o final da manhã deste sábado (21) ela continuava sob cuidados médicos e psicológicos.
Os acusados foram presos horas depois e estão encarcerados na Delegacia Regional de Bom Jesus, também no Centro da cidade.
A vítima tem origem na zona rural da cidade vizinha de Currais e recentemente teria chegado de Brasília. Entre os seis envolvidos ela era a única que não estudava. Os outros estudam em colégios de ensino médio da cidade e são filhos de famílias tidas como trabalhadoras e honestas. Somente o maior de idade teria envolvimento com a polícia. Quando menor foi apreendido acusado de crime de furto.
Os acusados disseram à polícia que não estupraram a menor, que o sexo coletivo teria sido feito de maneira consensual porque todos estariam “alterados” devido ingestão de bebidas alcóolicas. Eles negam envolvimento com drogas. Um dos policiais ouvidos pela reportagem de O Olho disse que os acusados a “ficha não caiu” e pensavam que o ato era “normal”.
PIAUÍ: A NOVA TERRA DOS ESTUPROS COLETIVOS?
Estes foram acusados, há quase um ano, de estupro coletivo em Castelo do Piauí (Foto: Reprodução)
Estes foram acusados, há quase um ano, de estupro coletivo em Castelo do Piauí (Foto: Reprodução)
Estupros coletivos têm sido uma constante no Piauí. Algumas vítimas, ainda por medo, não denunciam. Em outros casos a repercussão não é feita para preservar vítimas ou então pelo medo de um julgamento social em que geralmente a vítima é condenada. “Ah…por que ela saiu com o cara?”. “Por que ela usava roupas assim e assado”. “Por que ela saiu para beber e deu bobeira para os caras”. Essas são algumas das justificativas apontadas.
Até quando?
No caso de Castelo do Piauí todos foram presos e estão pagando pena. Um deles, menor de idade, foi morto no cárcere por colegas.
Os acusados de Bom Jesus também estão encarcerados. O maior de idade está preso e será encaminhado para a Penitenciária Regional Dom Abel Alonso Nuñez, em Bom Jesus. Os menores, assim como os do caso de Castelo, ficarão no CEM – Centro Educacional Masculino, em Teresina.
Sem políticas públicas, sociais, familiares e educacionais casos assim tendem a ser mais constantes. Será que o Piauí ficará conhecido por Terra dos Estupros Coletivos? Uma reflexão necessária e que precisa ganhar a constância de nossas discussões e ações.

fonte portal .oolho.com.br