Formação de pus em carne é raro e deve ser identificado no abatedouro
Veterinário confirma que a formação do pus, em geral, ocorre por conta da vacina contra a febre aftosa, e o problema atinge apenas o local onde foi feita a aplicação
O veterinário Roberto Sérgio, que integra a equipe técnica de inspeção de alimentos da Vigilância Sanitária de Teresina, afirma que são muito raros os casos de carnes em que há formação de abscesso (pus), como o que foi identificado numa carne comprada por um cliente do Comercial Carvalho, no último dia 27 de janeiro.
Ele confirma que a formação do pus, em geral, ocorre por conta da vacina contra a febre aftosa, e o problema atinge apenas o local onde foi feita a aplicação. "São reações do sistema imunológico do animal, que pode estar com algum problema que exacerba a formação desse pus", explica.
Ainda segundo o veterinário, esse tipo de problema deve ser identificado ainda nos abatedouros, que podem ser fiscalizados pelas vigilâncias sanitárias do município, do estado ou pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
"O correto é identificar isso no processo de inspeção do animal, quando ele está sendo abatido. No caso dessa carne, me parece que ela era oriunda de um abatedouro fiscalizado pelo Ministério da Agricultura. Caso a carne seja fiscalizada por agentes federais, ela pode ser vendida em outros estados e, inclusive, exportada para outros países. Quando o abatedouro é inspecionado pela vigilância estadual, a carne só pode ser comercializada dentro do estado, e a nível municipal ela só pode ser comercializada dentro do município", explica o veterinário.
Roberto Sérgio afirma que a inspeção deve ocorrer quando o animal ainda está vivo e também depois que já foi abatido. "O que surpreendeu foi a quantidade de abcesso, porque em geral esses abcessos não são muito grandes, e é muito raro aparecer isso. Mas as inspeções feitas nos abatedouros são rigorosas, e, inclusive, os animais só podem ser abatidos se tiverem as certificações de todas as vacinas obrigatórias", destaca.
O veterinário acredita que o supermercado não tem culpa pelo problema, mas ressalta que o consumidor teria o direito de receber uma nova peça de carne ou ter o dinheiro devolvido.
"O ideal seria que o estabelecimento acionasse o fornecedor, que é o abatedouro, para repassar ao consumidor a quantidade de carne que estava sem condição de ser consumida. Infelizmente o problema não foi identificado no momento do abate", destaca Roberto Sérgio.
O veterinário informa, ainda, que as fiscalizações feitas nos supermercados têm os objetivos de verificar se as carnes tiveram origem clandestina ou legal e se estão sendo acondicionadas de forma correta.