SEM SALÁRIOS: MORTE DE RONALDO SERVE DE COMBUSTÍVEL PARA COVEIROS ENTRAREM DE GREVE EM CAMPO MAIOR
Um caixão seguido por um melancólico cortejo entra pelos portões do Cemitério do Bairro Cidade Nova em Campo Maior. Em meio à tristeza, os amigos e parentes de Ronaldo da Costa, 35 anos, que faleceu na tarde da última quinta-feira (16) em decorrência de uma grave doença degenerativa tiveram um sofrimento ainda maior ao solicitar o sepultamento do jovem por conta da greve do coveiros que estão sem receber há três meses. Numa Campo Maior sofrida com escândalos que envolve desfalque milionário na previdência própria, aposentados sem receber há 8 meses, obras inacabadas e serviços mal feitos, onde está difícil viver com serviços públicos deficientes, morrer tem se tornado um martírio ainda maior.
Desde janeiro, os coveiros dos dois principais cemitérios de Campo Maior não recebem seus salários. Ontem (17), durante o sepultamento, a dor da família de Ronaldo Costa serviu de combustível para situação sair de controle e os coveiros cruzaram os braços e a cova do falecido teve que ser feito por um retroescavadeira em um canto isolado do cemitério graças a ajuda de amigos da família. O espaço mais distante foi o único local onde o maquinário poderia realizar o serviço sem danificar os demais túmulos e a sepultura de uma história de luta pela vida ficou ofuscada em um canto da casa dos mortos.
— Hoje, em Campo Maior, ficar doente é um problema. Morrer é outro problema. Se tiver um acidente e morrerem dez pessoas, não tem como enterrar — diz um morador vizinho do cemitério do Bairro Cidade Nova, que é testemunha da greve do coveiros de Campo Maior.
Os coveiros argumentam que, além dos pagamentos atrasados, a greve se justifica pela falta de condições de trabalho. Sem material adequado, os servidores cobram do prefeito Professor Ribinha, além do salário, a aquisição de mascaras de proteção e novas luvas.
Secretaria Milionária não paga seu servidores
A secretaria que comanda os serviços do coveiros é a mesma que quer licitar 49 milhões para contratar uma empresa que visa lucro para cuidar da iluminação pública de Campo Maior. Enquanto milhões são negociadas em uma reunião com meia dúzia de gente as portas fechadas, os familiários dos falecidos sofrem ainda mais em busca de ajuda de terceiros para enterrar seus entes queridos em Campo Maior.