segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

EDUCAÇÃO Centro estadual capacita mais de 800 pessoas em curso de Libras em 2019

Participaram da capacitação pessoas com deficiência, familiares, professores da rede estadual e população em geral.

Segundo dados do IBGE, o Piauí tem cerca de 40 mil pessoas com total ou grave deficiência auditiva. Para incluir essas pessoas socialmente e na educação, o Governo do Estado tem investido e avançado nas políticas públicas para facilitar a comunicação desse público. Um exemplo disso é o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas Surdas (CAS), inaugurado há 13 anos e que, entre outras ações, ministra cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas surdas, familiares, professores da rede estadual e população em geral. Em 2019, o centro já preparou 883 pessoas para comunicação em Libras.
Mantido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), em parceria com a Secretaria de Estado para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid), o CAS dá mais cidadania a essas pessoas, incluindo-as na sociedade. É o caso de Ingrid Claudino, aluna do curso de Formação de Instrutores para Surdos. “Sou de Castelo do Piauí, e só usava gestos para me comunicar. Aí, quando cheguei aqui em Teresina, conheci outros surdos na escola particular que estudavam e depois comecei a estudar Libras”, afirma a estudante, que está se preparando para ser instrutora na área.
Ingrid elogia também o fato de pessoas não surdas fazerem o curso de Libras. “É muito importante que façam. A comunicação nas lojas é ruim, quando vamos às compras não tem uma pessoa capacitada para se comunicar como os surdos”, reclama Claudino. “No futuro precisamos ter maior comunicação no Brasil”, diz a aluna.
Foi essa dificuldade de se comunicar com pessoas com deficiência auditiva que levou o pedagogo Pedro Neto a fazer o curso de Libras no CAS. Ele foi professor de um aluno surdo no ensino básico, em 2010, e lembra que não conseguia atendê-lo bem pela falta de comunicação. “Não conseguia trazer ele para o conhecimento, eu me senti preso. Então resolvi melhorar meu currículo e passei a estudar Libras. Eu consigo dar assistência ao aluno. E os outros colegas dele, ouvintes, acharam interessante e também quiseram aprender a linguagem dos sinais”, lembra o professor.
O pedagogo Pedro Neto faz o curso de Libras no CAS
Para Pedro Neto, todos os professores de educação básica deviam saber Libras, principalmente os da educação infantil. “Não tem como a gente falar em inclusão se não falar em Libras. Nas lojas, no comércio, é comum o vendedor ficar se escondendo para não atender um surdo. Isso é exclusão”, lamenta o pedagogo.
A diretora da CAS, Rachel Andrade, explica que o centro capacita os alunos em Libras e Português para o mercado de trabalho. Ele é feito nas modalidades básico, intermediário, prático, avançado, Libras-voz, formação em tradução e interpretação e formação de instrutores. “É o maior reconhecimento do nosso trabalho quando recebemos um aluno e ele se torna profissional da própria instituição”, diz a gestora.
Rachel Andrade, diretora da CAS
O centro também oferece aos alunos as revisões do Pré-Enem, realizadas pela Seduc. Nas aulas que são realizadas em grandes espaços, como no Teresina Hall, há um intérprete ao lado do professor, que faz a tradução simultânea. Depois, o conteúdo é levado, por outros professores, para dentro do CAS, para os alunos que não foram à aula externa.
O secretário Mauro Eduardo, da Seid, diz que as aulas de Libras facilitam o ingresso dos surdos no mercado de trabalho, devido a uma melhor comunicação. “Temos alguns funcionários trabalhando em lojas de varejo e de supermercado”, afirma o gestor.

fonte www.pi.gov.br