Após sete dias de suposto abuso, criança de 8 anos não fez perícia
Sesapi revela que a família da vítima foi orientada a registrar um B.O, mas não teria retornado ao local para concluir o exame pericial. Inquérito segue aberto
A situação de uma criança, menor de apenas 8 anos de idade, supostamente vítima de abuso sexual cometido no último fim de semana em Teresina, segue sem uma definição. De acordo com a família, a criança estava brincando na rua Sapucaia com uma colega, quando foi abordada por um vizinho identificado como Robert, que começou a lhe acariciar e tocar suas partes íntimas. O crime ocorreu no bairro Poty Velho, na zona Norte da capital.
Após ter denunciado para os pais, a menina, que ficou em estado de choque, foi encaminhada até a delegacia especializada e em seguida para a Maternidade Dona Evangelina Rosa, onde deveria ter sido realizado um exame pericial que comprovaria a materialidade dos supostos abusos.
Ao chegarem no local, no entanto, a equipe do Samvis (Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual), não pôde realizar o atendimento. Segundo eles, o local estaria passando por reformas e com isso o atendimento estaria interrompido até que fosse regularizada a situação.
Com o problema, os técnicos da Maternidade marcaram uma nova perícia para esta sexta-feira (22/05). Enquanto isso, as evidências do suposto abuso que teriam ficado marcadas no corpo da criança, poderiam desaparecer devido à demora.
Em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), a informação obtida foi a de que a situação do setor no local já teria sido regularizada. Em nota, a Sesapi diz que somente nesta sexta-feira três exames foram realizados. Ainda de acordo com a nota, a mãe da criança teria ido ao local e orientado a procurar a delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência, procedimento obrigatório para a realização do exame, mas a mesma não teria retornado ao local para concluir o processo.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). De acordo com a delegada Kátia Esteves, o atraso nos exames provoca uma demora também na conclusão do inquérito policial. Enquanto isso o acusado segue em liberdade.
Em entrevista à TV Meio Norte, a mãe da vítima revelou que toda a família está assustada com a situação, já que temem represálias por parte de familiares do acusado. “Fui fazer os exames, mas disseram que está em reforma e que não poderia ser feito no dia em que fomos lá. Eles marcaram pra sexta-feira, mas enquanto isso ele segue solto e nós temos medo de que a família dele faça algo contra a gente”, lamentou.
O delegado Jetan Pinheiro, disse também que a demora na realização do exame atrasa todo o processo. Segundo ele, o ideal seria que fosse realizado o mais rápido possível através de outros meios. “Como se trata de uma situação grave, esse exame já deveria ter sido feito. Isso atrasa todo o inquérito policial. Ainda estamos com ele em aberto aguardando o laudo. A pena para esse tipo de crime pode chegar até oito anos”, finaliza.