quarta-feira, 1 de novembro de 2017

60% dos reprovados no psicotécnico do concurso da PM recorreram na justiça

60% dos reprovados no psicotécnico do concurso da PM recorreram na justiça

Segundo o Nucepe, dos 364 candidatos que chegaram à quarta etapa do certame, 25 foram considerados inaptos. Desse total, 15 já entraram com pedido na Justiça.


Uma declaração dada pelo comandante-geral da Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto, a respeito do assassinato da jovem Camilla Abreu chamou a atenção: o principal acusado do crime, namorado e capitão da PM, Allissom Wattson, foi reprovado no exame psicotécnico para ingressar na Corporação e conseguiu iniciais o curso de formação mediante decisão liminar da Justiça.
Segundo dados do Núcleo de Promoções de Concursos e Eventos da Uesppi (Nucepe), órgão responsável pela realização do concurso da Polícia Militar, 364 candidatos conseguiram chegar até a quarta etapa, a do exame psicotécnico. Desse total, 25 candidatos foram considerados inaptos para prosseguir no certame, ou seja, foram reprovados no exame psicológico. Um dado que preocupa é o fato de que 15 desses 25, ou seja, 60% dos reprovados, já terem recorrido à Justiça para conseguir ir adiante no certame e iniciar o curso de formação. O caminho semelhante foi feito pelo capitão Allissom Wattson.
Os dados foram repassados pelo coordenador do Nucepe, Pedro Júnior. Ele acrescenta que, dos 15 recursos apresentados, três já foram indeferidos pela Justiça, o que implica na total eliminação do candidato do certame. Pedro comenta: “Empiricamente nós vemos que a maioria dos casos de policiais que apresentaram problemas depois que entraram em serviço é proporcional ao número de candidatos que não foram bem-sucedidos no psicotécnico. Isso é um pouco preocupante”, relata o coordenador do Nucepe.

Foto: Jailson Soares/O Dia
Pedro Júnior avalia que os 25 considerados inaptos no psicotécnico deste concurso da PM, ou seja, 6% dos 364 que chegaram à etapa, não está fora da realidade observada em outros certames. Segundo ele, o percentual de candidatos que reprovou no psicotécnico nos últimos anos varia entre 3% e 8%, podendo chegar ao extremo de 10%. No último concurso para agente penitenciário do Piauí, por exemplo, o percentual de candidatos inaptos no psicotécnico foi de 3%. No momento, o Nucepe está acompanhando a quinta etapa do concurso da PM: a investigação social, feita por uma equipe designada pelo Comando Geral.
Para o Nucepe, a entrada de candidatos nas Forças de Segurança por meio de mandados judiciais significa uma interferência na ordem natural do processo seletivo. A coordenação do núcleo pontua que o Judiciário não entra no mérito da avaliação do candidato, que é feita por uma banca de psicólogos devidamente credenciados nos Conselhos Estadual e Federal de Psicologia. “A Justiça tem que ter noção disso: de que existem características exigidas para o exercício da profissão às quais nem todo mundo se encaixa e se adequa”, pontua o coordenador no Núcleo.
O exame
O teste psicotécnico acontece da seguinte forma: a promotora do concurso designa uma banca formada por psicólogos credenciados nos Conselhos Estadual e Federal de Psicologia que, previamente, elabora questões com base nas características a serem exigidas para o exercício do cargo. No caso do concurso da polícia, o exame psicotécnico consiste na quarta etapa, depois do exame intelectual, dos exames de saúde e do teste de aptidão física.
São avaliados aspectos ligados à postura ética, capacidade de trabalhar em equipe, controle e resistência emocional, capacidade de lidar com frustrações e tolerância diante de situações de teste. Entram ainda no psicotécnico a capacidade de agir com deferência, a persistência e a capacidade de manter a ordem, a organização e a disciplina. Todos estes aspectos são avaliados segundo critérios científicos e os candidatos que apresentem mal desempenho em qualquer um deles acaba sendo considerado inapto para o desempenho da função.

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