quarta-feira, 20 de agosto de 2025

EM TERESINA "Queremos a pena máxima. Era muito deboche deles", diz família sobre julgamento de Lokinho e ex-companheiro envolvidos em acidente fatal; VÍDEO!

 Defesa também comemora decisão da justiça que determinou que ex-casal seja submetido a júri popular em Teresina

A família de Marly Ribeiro conversou com a TV Antena 10, nesta quarta-feira (20), sobre a decisão do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), que determinou que o influenciador Pedro Lopes Lima Neto, conhecido como Lokinho, e seu ex-companheiro Stanlley Gabryell Ferreira de Sousa sejam levados a julgamento pelo Tribunal do Júri, sob acusação de homicídio doloso, na modalidade de dolo eventual, além de lesão corporal grave.


A irmã de Marly, Luzinete Ribeiro, falou sobre o sentimento diante da nova decisão. "A gente sempre acreditou na justiça de Deus e a gente sabendo que a verdade sempre prevalece. Sabíamos que Deus ia tocar o coração dos juízes e reverter essa decisão porque existem muitas provas que mostram o acidente, ele jogando o carro pra cima das vítimas. Agradeci a Deus a noticia que recebemos ontem. Minha irmã foi tirada da gente de uma forma brutal", disse à TV Antena 10.


Luzinete também fez críticas ao comportamento do influenciador, afirmando que o mesmo teria debochado de sua família e do trágico ocorrido. "Esperamos a pena máxima. O que mais chateava a gente da família era o deboche em redes sociais, críticas contra a gente e a gente sabendo o sofrimento de ter perdido nossa irmã. Era um deboche, uma chacota e é muito dolorido", disse Luzinete Ribeiro.


A irmã da vítima também denunciou a falta de apoio financeiro às famílias, especialmente à filha de Kassandra de Sousa Oliveira, que ficou com sequelas graves.

"Até hoje não recebemos nada. Tem 10 meses que minha irmã faleceu e até hoje não recebemos nenhuma quantia. Pra filha da Kassandra [segunda vítima fatal do acidente] teve um valor que depositaram depois dele estar nas redes sociais dizendo que está ajudando as famílias. Ele foi desmascarado e mandaram o valor de 1000 reais. Em julho foi lançado uma rifa solidária e arrecadado mais 1000 reais. Só foram esses dois valores que chegaram pra filha da Kassandra, que ainda hoje está sem caminhar, sem falar, está invalida", contou.

  

Vítimas do acidente em Teresina
Reprodução

   

Luzinete relatou o sofrimento da filha de Kassandra, que ficou com sequelas e enfrenta limitações no dia a dia. "A filha da Kassandra me disse: tia, eu queria sair, eu queria ir pra uma festa junina e não posso; eu falei que a gente sempre ia na casa dela, ia manter unidas as três crianças que perderam a mãe. Ela chora, sente falta de sair, era uma criança sadia e alegre e hoje nem estudar ela não pode", relatou.


"Eu queria minha filha aqui pra criar a filha dela, estar com a gente, mas ela não teve essa oportunidade. A Justiça tarda mas não falha. Esperamos a pena máxima, sei que não vai trazer minha filha de volta, mas queremos isso. Peço a Justiça que lute por isso, para a justiça seja feita", falou Luzia Ribeiro, mae de Marly.

Kassandra deixou duas filhas, sendo uma bebê e outra que, após o acidente, está acamada e com sequelas graves. Marly deixou uma filha de 10 anos.

"A justiça tarda, mas não falha", diz defesa de famílias de mulheres mortas em acidente 

O advogado Josélio Oliveira, que representa as famílias das duas mulheres mortas e das crianças feridas em um acidente de carro, comentou sobre as penas esperadas para Lokinho e seu ex-companheiro. Ele destacou que a reversão da decisão é uma vitória para a família. Anteriormente, a juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, titular da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, havia decidido que não existiam provas suficientes para levar o influenciador e seu ex-companheiro a julgamento pelo júri popular, decisão que foi derrubada. 


“O TJ-PI entendeu que este crime é de competência do Tribunal do Júri, do Conselho de Sentença. É uma vitória para nós. Ocorreu o julgamento no 1º grau e o Tribunal, através de uma Câmara Especializada, entendeu que essa sentença deveria ser reformada, e foi reformada na íntegra. Vamos esperar a publicação desse acórdão, pode haver recurso por parte da defesa. A justiça pode tardar, mas não falha. Tanto o Pedro Lopes quanto o Stanlley vão ser submetidos ao Tribunal do Júri. É muito difícil daqui para frente haver a reversão desse acórdão, porque no 1º grau é apenas um juiz, e no 2º são três. Os dois vão ser responsabilizados por esse crime”, comemorou.

Segundo Josélio, o Ministério Público denunciou os dois por dirigirem sob efeito de álcool, em alta velocidade, e por invadirem a pista contrária, conduta que demonstra a assunção do risco de matar, característica do dolo eventual.

“Os dois foram denunciados e agora pronunciados, mantida a reversão da decisão de 1º grau. Então, homicídio doloso consumado e lesão corporal de natureza grave. Se foi quem emprestou o carro ou quem prevaleceu no volante como condutor, não interessa. O que interessa é que o Conselho de Sentença vai analisar e decidir, no plenário, se foi homicídio consumado ou se foi culposo. As teses vão permanecer em plenário daqui pra frente. As provas foram vistas ponto a ponto no 2º grau e agora vamos aguardar esse julgamento”, explicou o advogado.

Josélio destacou ainda que é cedo para falar em tempo de prisão, mas ressaltou que tanto a acusação quanto a defesa sustentam a tipificação de homicídio doloso, o que implicaria penas iguais para Lokinho e Stanlley.

“Nós vamos sustentar a nossa tese junto com o Ministério Público, que é o dolo eventual. Quem vai confirmar essa pena é o Conselho de Sentença, baseado na tipificação legal que existe no próprio código. Homicídio doloso consumado significa que eles pegam a mesma pena. A redução vai depender muito das circunstâncias do próprio julgamento. Não há diferença de um menor ou de um maior, porque os dois foram pronunciados na mesma pena”, afirmou.

Entenda

O Ministério Público do Piauí (MP-PI) havia recorrido da decisão da juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina, que desclassificava o crime para homicídio culposo na direção de veículo automotor, o que transferiria o caso para a Vara Criminal comum.

Na terça-feira (19), o Tribunal de Justiça do Piauí acatou o Recurso em Sentido Estrito do MP-PI e determinou que Pedro Lopes (Lokinho) e Stanlley Gabryell sejam submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri, sob acusação de homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de causar a morte, e lesão corporal grave. Ainda não há data definida para o julgamento.

  

Lokinho e namorado provocaram acidente que matou duas mulheres e deixou crianças feridas, em Teresina
Reprodução

   

O acidente

O então namorado do influencer “Lokinho”, identificado como Stanlley Gabryell, é acusado de matar duas pessoas e deixar outras duas feridas após acidente na BR-316, nas proximidades da Casa de Custódia, na zona Sul de Teresina. Equipes da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros atenderam a ocorrência. Uma terceira pessoa foi morta no local após uma briga entre um suposto segurança do influencer e um homem que tentou intervir na situação.

O acidente aconteceu em outubro de 2024 e Stanlley Gabryell foi preso logo em seguida. Cinco meses depois, em março deste ano, o desembargador José Vidal de Freitas Filho do Tribunal de Justiça do Piauí determinou a soltura de Stanlley após a juíza Maria Zilnar Coutinho Leal entender que os crimes imputados a eles não devem ser considerados como dolosos.

Fonte: Portal A10+