quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Saiba quem são os empresários investigados na Operação Carbono Oculto 86 no Piauí

 A Operação Carbono Oculto 86, deflagrada nesta quarta-feira (05/11), mira pessoas e empresas envolvidas em um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins.

De acordo com a Polícia Civil, postos de combustíveis, empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs eram usados para ocultar patrimônio, fraudar o mercado e lavar dinheiro ilícito.

Foto: Reprodução

A investigação identificou ligações diretas entre empresários locais e operadores financeiros de São Paulo. Entre os alvos estão antigos proprietários de redes de postos e intermediários utilizados como “laranjas” em holdings.

Quem são as pessoas investigadas

  1. Rogério Garcia Peres: gestor da Altinvest Gestão de Recursos, apontado como operador financeiro do PCC.
  2. Denis Alexandre Jotesso Villani: empresário paulista ligado à Rede Diamante, envolvido em 40 empresas, incluindo 12 postos no Piauí.
  3. Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa: antigos donos da “Rede HD”, responsáveis pela expansão e posterior venda da rede.
  4. Victor Linhares: ex-vereador de Teresina e ex-secretário municipal da atual administração; recebeu transferência de R$ 230 mil vinculada à rede de postos e aparece entre os alvos das diligências.
  5. Moisés Eduardo Soares Pereira e Salatiel Soido de Araújo: empregados e intermediários locais usados como “laranjas” em holdings com sede em São Paulo.

Empresas e fundos de investimento investigados

A investigação mapeou empresas e fundos que compunham a estrutura financeira e operacional do esquema:

  1. Pima Energia Participações Ltda.: holding criada dias antes da compra da Rede HD, associada ao Jersey Fundo de Investimentos e à Altinvest.
  2. Mind Energy Participações Ltda.: empresa de São Paulo usada para transferir unidades da rede.
  3. Rede Diamante / DNPX Diamante Nice Participações Ltda.: nova bandeira que assumiu 12 postos no Piauí e Maranhão, controlada por Denis Villani.
  4. Fundos e fintechs: Altinvest, Jersey FIP, GGX Global Participações, Duvale Distribuidora e Copape Produtos de Petróleo.
  5. No total, mais de 70 CNPJs estão ligados direta ou indiretamente ao esquema criminoso.

Ações determinadas pela Justiça

A Polícia Civil do Piauí, por meio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), adotou medidas para interromper o fluxo de dinheiro ilegal.

Entre as ações estão prisões temporárias, buscas em casas e empresas, bloqueio de contas e bens, interdição de postos e suspensão das atividades das empresas investigadas.

A Justiça determinou que os investigados compareçam ao tribunal sempre que intimados. Eles estão proibidos de sair de Teresina ou mudar de endereço sem autorização, além de não poderem manter contato entre si, inclusive por redes sociais ou terceiros.

R$ 5 bilhões em movimentações suspeitas

Segundo a Polícia Civil, R$ 5 bilhões foram identificados em movimentações atípicas de empresas ligadas ao grupo. O valor é semelhante ao descoberto na Operação Carbono Oculto original, deflagrada em agosto deste ano em São Paulo, considerada a maior ação já realizada no Brasil contra o crime organizado.

Para dificultar o rastreamento dos reais beneficiários, os suspeitos usaram “laranjas”, fundos de investimento e fintechs, repetindo o mesmo modus operandi da operação anterior.

Além da lavagem de dinheiro, a investigação aponta que os postos vendiam combustível adulterado e praticavam fraudes fiscais para deixar de pagar milhões de reais em impostos.

Braço do PCC no Nordeste

As apurações tiveram início após a venda da rede HD, com dezenas de postos no Piauí, Maranhão e Tocantins, em dezembro de 2023. A polícia descobriu que a rede foi vendida à Pima Energia e Participações, criada apenas seis dias antes da transação.

As investigações também apontam inconsistências patrimoniais e alterações societárias suspeitas, além de depósitos de mais de R$ 700 mil para empresas citadas na operação paulista.

Há ainda indícios de emissão de notas fiscais frias, uso de empresas de fachada e ocultação de recursos, confirmando a atuação do PCC no setor de combustíveis no Nordeste.

fonte 180graus.com