terça-feira, 26 de agosto de 2014

“Vereadores não podem ser fantoches do prefeito”, diz Lúcia Santos


“Vereadores não podem ser fantoches do prefeito”, diz Lúcia Santos

Presidente do Simepi participou de audiência pública sobre a contratação de Oscip pela PMT.

Foi realizada hoje (26) uma audiência pública na Câmara Municipal de Teresina para discutir o projeto de lei, já aprovado em primeira votação, que entrega a uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) a administração de unidades de saúde na capital. Além dos vereadores e de representantes da prefeitura, o Sindicato dos Médicos do Piauí esteve presente.
Na ocasião, a médica Lúcia Santos, presidente do Simepi, fez duras críticas aos vereadores e disse que eles não poderiam ser fantoches do prefeito. "Os vereadores têm que entender que eles são representantes do povo, não do governo municipal. Quando a gente procura um e outro vereador, eles nos dizem que precisam votar de acordo com o que o prefeito orienta. Por atitudes como essa é que a classe política está sem credibilidade no país", disse a médica.
Fotos: Cícero Portela/ODIA
Ela avaliou como pouca vergonha entregar a estrutura e aparelhagem de uma unidade pública para que um ente privado gerencie. “Não justifica privatizar o que é público”, reitera Lúcia Santos.
Por outro lado, o líder do prefeito da Câmara, vereador José Ferreira (PSD) garante que duas emendas serão incluídas no projeto de lei para estabelecer limites à administração da Oscip. “O contrato seria de dois anos, renovável por mais dois. A outra emenda restringe a administração à Unidade de Pronto Atendimento do Renascença e a mais três Unidades Básicas de Saúde, sendo duas no residencial Jacinta Andrade e uma no Vale do Gavião”, disse o vereador.
Ele admitiu que a prefeitura de Teresina sofre dificuldade em relação ao limite prudencial de gastos, por isso a necessidade de terceirizar a administração das unidades de saúde.
O maior questionamento com relação ao projeto de lei é quanto à contratação dos profissionais que farão o atendimento. Para o vereador Dudu (PT), o objetivo é burlar a lei e criar um "cabide de emprego" para o PSDB.
O vereador Paulo Roberto da Iluminação (PTB) também é contra a aprovação do projeto de lei. Ele afirma que, além de impedir a convocação dos aprovados em concurso público, a contratação de profissionais da saúde terceirizados vai gerar gastos desnecessários para o poder público, tendo em vista que os salários dos concursados custariam menos à prefeitura. "A prefeitura alega que a terceirização é necessária para que a UPA do Renascença e as unidades básicas de saúde comecem a funcionar logo. Mas por que eles não convocam os concursados da FMS, que estão esperando há anos o chamamento?", questiona Paulo Roberto.
A contratação de uma Oscip pela administração pública não é proibida por lei, mas segundo o presidente da Comissão de Direito Municipal da OAB, Greg Maranhão, a prestação de serviço deve ser de caráter complementar. “A OS pode cuidar de atividades meio, mas não de atividades fins, como as desenvolvidas por médicos e enfermeiros”, explica o advogado.
fonte portal o dia
Repórter: Cícero Portela (do local), Nayara Felizardo (redação)