“Quem vai matar sou eu”, diz delegado sobre assassinos de policiais
Delegado Jorginho está investigando a morte de um PM na Clínica Santa Fé.
O delegado do 7º Distrito Policial, Carlos Jorge Moura, o Jorginho, fez declarações polêmicas na tarde desta quinta-feira (21), ao ser questionado sobre os casos de assassinatos de policiais. Ele defendeu a morte dos bandidos e disse que ele mesmo pode matar os homicidas de colegas de farda.
“Quem vai matar sou eu, porque eu não admito irmãos das duas polícias morrer. Porque quem tem morrer é bandido. Aliás, eu não vou matar não. Eu vou atirar, quem mata é Deus. E eu não mato pelas costas, não, que eu não sou covarde. Eu gosto de atirar é nos peitos”, disse o delegado.
Na tarde de hoje, os dois suspeitos de matar o policial militar Raimundo Carlos Pereira da Silva, em uma tentativa de assalto na Clínica Santa Fé, foram ouvidos pelo delegado Jorginho na delegacia. Um deles, Lucas Rafael, o Luquinha, levou um tiro nas costas na tarde de ontem e deu entrada no HUT pela manhã. Segundo a versão da polícia, o suspeito contou que o disparo partiu de dentro de um carro preto, na avenida Boa Esperança.
O segundo suspeito é Francimar da Silva Pereira, conhecido como Pé-de-Gato. Ele teria abrigado Luquinha em sua casa, depois que este foi baleado. Os dois passaram por uma acareação. À polícia, Pé-de-Gato e Luquinha disseram que não se conheciam.
Sobre as declarações do delegado Jorginho, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Campelo Filho, disse que qualquer tipo de violência deve ser repudiada. “A Comissão de Direitos Humanos avalia que não deveria ter morte nem de policial e nem de bandidos. O que deveria era estimular a educação e o desenvolvimento de políticas públicas. Acreditamos que quando alguém vai para a imprensa fazer esse tipo de declaração, a pessoa está estimulando o crime, a justiça feita com as próprias mãos", disse o advogado.
Em nota, a Secretaria de Segurança alegou que a opinião do delegado é pessoal e não condiz com o posicionamento de todos que fazem a Polícia Civil e Polícia Militar do Estado do Piauí.
No mês de abril, o Portal denunciou um possível grupo de extermínio formado por policiais do Piauí. A suspeita veio à tona através de uma postagem feita pelo perfil no nome de Julio Silva Santos, no Facebook. O suposto PM citou alguns jovens que já foram assassinados na zona Sudeste de Teresina, ameaçou mais duas pessoas que seriam bandidos da região e disse que a ordem é matar todos os que estão em uma suposta lista.
Os comentários foram feitos em uma postagem na página Plantão Policial PI, mantida por policiais militares para divulgar as ações da PM de forma extraoficial. O assunto em discussão era a morte de Adriano Sousa Silva, assassinado no Renascença no dia 12 de abril. A família da vítima acusa um policial do Rone de ter praticado o crime.
A Secretaria de Segurança declarou que desconhece a existência de um grupo de extermínio de policiais atuando no Piauí.