"Existe reinserção social no Piauí, mas o preconceito dificulta isso", afirma juiz Vidal de Freitas
Mais de 80% dos presos em liberdade condicional não reincidiu
“Quase todos os presos que estão em livramento condicional demonstram interesse em ser reinseridos na sociedade, porém, eles têm dificuldades, sofrem discriminação e dificilmente encontram oportunidades de trabalho”, disse o juiz Vidal de Freitas da Vara de Execuções Penais, que divulgou nesta quinta-feira (20), uma pesquisa realizada em conjunto com a Secretaria de Justiça e a Defensoria Pública do Estado.
Segundo a pesquisa, 88% dos presos em liberdade condicional não reincidiu ao sistema prisional. “Na época, havia 40 pessoas em livramento condicional na comarca de Teresina. Desse total, realizamos uma pesquisa com os presos que já cumpriram parte da pena em regime fechado e agora estão soltos mediante algumas condições”, afirma o juiz Vidal de Freitas.
Ainda de acordo com os dados divulgados pela Vara de Execuções Penais, dos 18 apenados, 17 são homens e uma é mulher. Somente dois praticaram outro crime, sendo que um deles retornou ao sistema prisional.
“Doze deles são de Teresina, dois são do interior do Piauí e os outros dois são de outros estados. Alguns conseguiram arranjar emprego, porém, informal”, explica o magistrado.
De acordo com Vidal de Freitas, além de ser lei, a reinserção social contribui para a redução na criminalidade. “Apesar dos problemas em nosso sistema prisional, não podemos trabalhar com ‘achismos’, pois, há sim no Piauí o trabalho de reinserção social. Essa pesquisa serviu para mostrar um resultado interessante e agora podemos ver o que pode ser trabalhado em cima disso”, disse o juiz.
Além de discriminação e dificuldade em obter emprego, os apenados afirmaram em depoimentos sofrer com a dependência química e a vergonha do passado.
“Com essa pesquisa nós pudemos ter um panorama sobre o que o Estado tem feito na área do sistema prisional e agora de mãos dadas com a Vara de Execução Penal e a Defensoria Pública do Estado vamos poder contribuir para que esses presos possam ter mais oportunidades de ser reinseridos na sociedade”, disse a coordenadora de Saúde Prisional da Secretaria de Justiça, Agatha Knitter.