Ao ignorar leis, motociclistas são as maiores vítimas de acidentes
Velocidade e sensação de liberdade alimentam ilusão de poder dos motociclistas.
“Andava de moto desde os 13 anos de idade. Eu aprendi com meus amigos, via eles andando e eu queria aprender também”, conta Charles dos Santos Leal, hoje com 22 anos. O relato do rapaz não chega a ser novidade, mesmo num País em que a Carteira Nacional de Habilitação só pode ser adquirida depois de completar 18 anos.
A atração pelo veículo de duas rodas pode ser motivada pelo “vento no rosto”, sensação de liberdade ou, até mesmo, pelo falso status de se estar pilotando. A adrenalina de “cortar engarrafamentos”, passar entre corredores de carros e atingir altas velocidades em um curto intervalo de tempo são apenas alguns dos comportamentos que acabam resultando em acidentes automobilísticos.
No primeiro trimestre de 2014, de acordo com o relatório do Projeto Vida no Trânsito, 1.628 pessoas foram vítimas de acidentes em Teresina. Entre estas, 41 morreram e 165 ficaram gravemente feridas. Mais da metade dos óbitos registrados, entre janeiro e março deste ano, envolveu motocicletas (51,2%). Já entre os feridos, as estatísticas sobem ainda mais, 77,6% do total de vítimas com ferimentos graves estavam se deslocando no veículo de duas rodas (128 pessoas).
Os números retratam duas realidades distintas quando comparados ao mesmo período de 2013. Primeiro, foi constatado que houve redução de 5,7% no número total de vítimas de acidentes de trânsito (que saiu de 1.727 para 1.628). Por outro lado, observou-se o aumento de 41,4% no número de vítimas fatais em acidentes automobilísticos (que passou de 29 para 41 nos três primeiros meses deste ano).
Os casos colocam ainda o Piauí como o Estado com maior número de mortes de motociclistas no trânsito. Segundo o Mapa da Violência de 2013, os pilotos piauienses são os que mais morrem no trânsito, com 61,6% de óbitos.