Ambulantes dizem que incêndio foi falta de manutenção na rede elétrica
Cerca de 40 bancas instaladas na Rua Riachuelo foram atingidas pelo fogo; prefeitura oferece empréstimo
Vendedores ambulantes do Mercado Central, localizado no Centro de Teresina, foram surpreendidos por um incêndio de grandes proporções que atingiu cerca de 40 bancas instaladas na Rua Riachuelo, no final da tarde do último domingo (11). De acordo com os vendedores, a falta de fiscalização e manutenção das instalações elétricas pode ter contribuído para o início do incêndio.
Fotos: Assis Fernandes/ODIA
O vendedor ambulante José Pereira da Silva teve a sua banca atingida pelo incêndio na tarde do último domingo. Segundo ele, foram perdidos mais de R$ 29 mil em mercadorias e dinheiro que estavam na banca no momento do incêndio. Ele afirma que só soube do incêndio na manhã de hoje (12), ao chegar para trabalhar e se deparar com a situação em que ficou sua banca.
“A culpada é a Prefeitura de Teresina. Eu trabalho no Mercado há 48 anos, aqui na Rua Riachuelo já são oito anos, e nunca foi feito nenhum tipo de fiscalização desses fios elétricos que estavam aqui. As instalações eram muito antigas, era comum a gente ver começar a pegar fogo, mas sempre parava, só que dessa vez nós não estávamos aqui para apagar”, conta o vendedor.
O fogo, que começou por volta das 17h de ontem, rapidamente se alastrou pelas bancas instaladas na Rua Riachuelo. De acordo com populares, o Corpo de Bombeiros teve de ser ajudado por populares a conter chamas, pois rapidamente ficou sem água para combater o incêndio. “A gente corria com baldes aqui de dentro do mercado e jogava no fogo. O corpo de Bombeiros em poucos minutos ficou sem água, então quem apagou o fogo fomos nós mesmos”, conta um dos populares, que preferiu não ser identificado.
Contraponto
A Prefeitura Municipal de Teresina informou, por meio da sua assessoria de imprensa, não ser responsável pela manutenção das instalações elétricas das bancas instaladas na parte externa do Mercado Velho, sendo responsável somente pela estrutura do próprio Mercado.
A reportagem tentou entrar em contato com o Corpo de Bombeiros para averiguar a denúncia dos vendedores sobre a falta de água para combater o incêndio, mas nenhum representante da corporação foi encontrado para falar.
Limpeza do local
As equipes da Prefeitura de Teresina trabalham durante todo o dia na limpeza da área localizada no entorno do Mercado Velho. Segundo o gerente de serviços urbanos da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro Norte, Isaú Araújo, foram removidas as estruturas metálicas das barracas que foram danificadas e ainda produtos que foram atingidos pelo incêndio.
“O nosso trabalho tem o objetivo de ser o mais célere possível para que eles possam estar o mais breve possível trabalhando novamente, já que, para a maioria dos que trabalham ali, aquele é a única fonte de renda”, pontua.
O superintendente executivo da SDU Centro Norte, Ângelo Cavalcante também esteve no local. Segundo ele, não houve comprometimento da estrutura interna do Mercado, que passa por reforma em toda a estrutura para garantir melhoria nas condições de trabalho para os comerciantes e também um espaço mais agradável para os consumidores. “O incêndio não atingiu a estrutura do Mercado, mas estamos trabalhando para recuperar os prejuízos no entorno do local o mais breve possível”, comentou.
Empréstimo
A Prefeitura de Teresina informou que irá prestar uma assistência financeira aos vendedores que tiveram suas bancas atingidas por incêndio no entorno do Mercado Central. O auxilio será mediante uma linha de crédito disponibilizada pelo Banco Popular exclusivamente para que os vendedores que tiveram prejuízos por conta do incêndio, possam se reerguer.
O secretário municipal de Economia Solidária, Olavo Brás, adiantou que uma reunião foi agendada para amanhã, às 10 horas, no auditório da Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas), com os órgãos da Prefeitura e os vendedores para tratar do assunto. “Vamos reunir todos os interessados para discutir a maneira que poderemos ajudar essas pessoas a se reestruturarem”, ressalta.
Os vendedores poderão solicitar a linha de crédito variável podendo chegar até R$ 2,5 mil. O pagamento poderá ser feito em até 12 meses. “Já tínhamos encerrado as atividades do Banco Popular deste ano. Estávamos finalizando a prestação de contas, mas como houve esse incidente, vamos prestar esse auxílio para que os vendedores possam se reerguer”, comentou Michel Sena, gerente do Banco Popular.
No entanto, alguns vendedores dizem não ter interesse na linha de crédito, e esperam que a Prefeitura possa ajudar de outra forma. “Eu não tenho como fazer esse empréstimo, porque não tenho garantia de como vou pagar. E se houver outro incêndio e eu perder tudo de novo, como que vou pagar?”, lamenta a vendedora de frutas, Maria das Dores Marques.
