Esquema de corrupção entre advogados e policiais facilita soltura de presos na Central de Flagrantes
O caso é investigado na Corregedoria
Um suposto esquema de corrupção que seria composto por advogados (uma mulher e um homem) e policiais estaria facilitando a soltura de presos da Central de Flagrantes. De acordo com a denúncia feita na Corregedoria de Polícia Civil, bandidos presos estariam pagando a um delegado e ao perito Cristovão Clarck (preso em maio por extorsão e ameaça) para facilitar a sua liberação, desde que eles contratassem os advogados, cujos nomes o corregedor, delegado Adolpho Soares pediu que não fossem divulgados para não atrapalhar as investigações. Mas o Portal AZ os está encaminhando à direção da OAB-PI.
Delegado Adolpho Soares - Corregedor da Polícia Civil (Foto: Thiago Amaral)
De acordo com a denúncia o esquema era realizado no plantão do referido delegado e Cristovão, e funciona da seguinte forma: o preso chega a Central de Flagrantes e é sondado por Cristóvão, que dizia que podia facilitar a vida dele se este contratasse os advogados em questão que durante os plantões dos referidos policiais costumavam ficar em uma lanchonete que existia em frente a Central durante toda a madrugada. Caso o preso tivesse dinheiro e interesse em entrar no esquema, Cristovão ligava para os advogados e deixava o preso ligar para outra pessoa, familiar ou comparsa, para que levasse o dinheiro. A quantia resultante do esquema era dividido entre os advogados e os policiais.
“Depois de ser feito todo o procedimento eu presenciei a ... (advogada) pagar o delegado. Outra vez vi o advogado ... entregar uma quantia em dinheiro para o delegado, e por várias vezes assisti o pagamento ser feito por estes dois advogados ao perito Cristóvão; mesmo depois da prisão do Cristóvão este esquema continuou só com o delegado, mas eles ficaram mais cuidadosos; eles usavam uma garagem ao lado da lanchonete”, afirmou a testemunha, que pediu para não ter a identidade revelada por ter recebido ameaças de morte. Mas o seu nome consta do documento a que o Portal AZ teve acesso.
Um dos casos presenciados pela testemunha refere-se ao acidente envolvendo o dono de uma empresa de refrigerante: “ele atropelou, embriagado e matou uma moça no Parque Piauí. Quem ia pegar o procedimento era o delegado Davi Pestana, mas eles, os advogados e o dono da empresa, acionaram o esquema, ai o procedimento passou para a mão do delegado (o investigado) que arbitrou uma fiança irrisória, e o pagamento/acerto entre o casal de advogados, Cristovão, o delegado e o empresário foi feito lá na lanchonete”, afirma o depoimento.
Má conduta
Cristovão Clark foi preso em maio deste ano suspeito de extorsão e ameaça, quando abordava uma vítima no terminal rodoviário Lucídio Portella. Ele já havia sido excluído da perícia na década de 90 por ter sido preso, e, supostamente, se envolvido em atos que não condizem com a carreira.
Passados mais de 20 anos foi reintegrado aos quadros da perícia por meio de uma decisão judicial há cerca de três anos. Desde o seu retorno teria, supostamente, se envolvido em diversos outros episódios suspeitos.
fonte /www.portalaz.com.br