Polícia conclui inquérito sobre morte de mulher encontrada na zona Leste
Criminoso deixou bilhete: “Morreu porque reagiu e tinha pouco dinheiro”.
A verdadeira motivação para o assassinato de Maria da Cruz Batista Paz, ocorrido no dia 16 de dezembro, foi passional. O caso ganhou repercussão porque foi deixado junto ao corpo da mulher um bilhete com os dizeres: “Morreu porque reagiu e tinha pouco dinheiro”. Na investigação, a polícia concluiu que o assassino agiu de forma estratégica com o intuito de atrapalhar a elucidação do crime.
O corpo da vítima foi encontrado rua Demerval Lobão, por trás do Shopping Riverside, no dia 17 de dezembro. Ela apresentava sinais de espancamento e tinha lesões na cabeça, que foram provocadas por uma ferramenta utilizada para trocar pneu de carro.
Segundo o delegado Emerson Almeida, o homem que matou Maria da Cruz é, na verdade, José Augusto de Lima, uma pessoa próxima da família da vítima. Ele foi preso na tarde de ontem (14) em um comércio no bairro Piçarra. "O acusado era tão amigo da família que considerava como filho um dos filhos da mulher", disse o delegado.
A Investigação
O trabalho dos investigadores teve início a partir do bilhete encontrado com a vítima. O delegado Emerson deu detalhes sobre a investigação em uma entrevista coletiva. “A família ajudou muito, pois conhecia o assassino e lembrou que a forma dele escrever era parecida, como muitos erros de português”, disse o delegado.
Antes de morrer, Maria da Cruz saiu de casa dizendo que iria visitar uma amiga no Hospital São Marcos, mas a polícia descobriu que ela encontrou José Augusto na Praça do Marquês e de lá foram para um motel na avenida Centenário, no bairro Aeroporto. “Os dois ficaram no local das 14h até às 22h. Foi lá que o crime aconteceu”, conta Emerson Almeida.
Depois de praticar o homicídio, José Augusto tentou esconder as provas, limpando o quarto com uma flanela e lavando a colcha da cama. “O acusado até teve que pagar uma taxa extra devido ao sangue deixado nos lençóis. A camareira do motel chegou a questioná-lo sobre isso e ele alegou que Maria da Cruz havia menstruado”, conta o delegado.
Foto: Jailson Soares/ODIA
Foi dentro do motel que José Augusto teve a ideia de escrever o bilhete para forjar um latrocínio. Em seguida, botou o corpo de Maria da Cruz no porta malas e, por volta das 23h, deixou a vítima na rua por trás do Riverside. Câmeras de prédios próximos ao local ajudaram na investigação da polícia.
Álibi
Segundo a polícia, o acusado tentou montar um álibi, indo para a casa de um tio após desovar o corpo da vítima. Foi então que ele lavou a roupa com um alvejante, no intuito de tirar os vestígios de sangue. Contudo, as vestes foram encontradas pelos investigadores, que descobriram ainda a nota fiscal de um lava-jato onde José Augusto mandou lavar somente o tapete do porta malas.
O acusado alegou que não tinha a intenção de matar a mulher. “Ele disse que ela o estava chantageando, pedindo uma passagem para viajar e ameaçando contar sobre o caso dos dois para a esposa dele. Após uma discussão, José Augusto conta que a empurrou e ela bateu a cabeça na cama, começou a se tremer e morreu. Mas a versão não convence, pois encontramos a ferramenta que foi usada no crime dentro do carro”, detalha o delegado.
Diante das provas, o acusado não teve como negar o homicídio e acabou confessando. Ele está preso de forma provisória.