Prefeito determina que só ele pode movimentar as contas do município
Ele também nomeou a filha para todos os cargos da administração municipal.
Logo que assumiu a prefeitura do município de Jerumenha, a 310 km de Teresina, Antonio Benvindo (PTB), tomou decisões questionáveis. Além de nomear a filha como gestora de todas as secretarias, bem como tesoureira e diretora do hospital, ele ainda enviou um ofício ao gerente do Banco do Brasil determinando que somente o prefeito poderia movimentar as contas municipais.
Antonio Benvindo, conhecido como Toé, era presidente da Câmara Municipal e assumiu a prefeitura no dia 7 de maio deste ano, depois que a prefeita eleita Chirlene Araújo (PSDC) foi cassada. Ela é acusada de promover showmício durante a campanha eleitoral. Ao Portal Chirlene justificou que estava realizando um comício no mesmo dia em que acontecia o festejo da cidade. “E então acharam que a minha campanha era quem estava promovendo a festa”, disse a prefeita.
Dois dias após tomar posse, Toé assinou, em 9 de maio, dois ofícios que foram publicados no Diário Oficial dos Municípios do dia 13 de maio. O primeiro nomeava a sua filha, Joanna Castro de Albuquerque Moura, para ocupar todos os cargos da administração, além da diretoria do hospital municipal. No segundo ofício, o prefeito exonerou todos os secretários que tinham sido indicadas pela prefeita anterior.
Já no dia 11 de maio, outro ofício chamou atenção. O documento comunicava para o gerente de Contas Pessoa Jurídica da agência do Banco do Brasil de Floriano que somente o prefeito poderia movimentar as 29 contas correntes da prefeitura. O ofício ainda define que tipo de transações poderão ser feitas pelo gestor, entre elas assinar contrato de abertura de crédito, fazer saques e efetuar transferências ou pagamentos.
Questionado sobre as medidas, Antonio Benvindo afirmou que elas foram necessárias para evitar que a prefeita cassada retirasse dinheiro da prefeitura. “Eu pedi o bloqueio das contas no dia seguinte ao que eu assumi. Mas até sair a decisão, eu tinha que evitar que ela movimentasse a conta no banco”, justifica Toé.
Chirlene questionou a atitude do prefeito. “Quando eu estava no cargo, quem poderia movimentar as contas era a secretaria de Saúde, de Assistência Social, de Finanças e a diretora do hospital. Eram contas diferentes para cada órgão. Mas agora, tudo é diferente”, disse Chirlene.
Sobre nomear a filha para todos os cargos da administração municipal, o prefeito Toé disse que precisava ter alguém de confiança para ter acesso ao recurso do Fundo de Participação do Município, com o qual iria pagar os servidores. “Mas eu nem consegui porque as contas foram bloqueadas. O município está parado”, disse o prefeito.
Após a cassação, Chirlene Araújo recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral e, nesta sexta-feira (15), conseguiu uma liminar para voltar ao cargo a partir de segunda-feira (18). Ela permanece à frente da prefeitura enquanto o recurso não for julgado. Já Antonio Benvindo retoma a presidência da Câmara Municipal.