Foto:Arquivo Pessoal
Antônio Rocha morreu aos 79 anos
Com sentimento de revolta e de injustiça, a família do mototaxista Antônio de Sousa Rocha, 79 anos, que foi assassinado em julho de 2021, pede por Justiça após a soltura do policial militar Raimundo Alves da Costa, que é acusado pelo homicídio.
O idoso trabalhava como mototaxista e foi assassinado no dia 10 de julho de 2021 na Avenida Maranhão. Segundo a Polícia Civil, após uma discussão com o policial, que trabalhava de forma clandestina como mototaxista, ele foi assassinado com quatro tiros. O acusado foi preso no dia 19 de julho e vai a julgamento pelo Tribunal Popular do Júri, em data que ainda será marcada.
Inaja Costa, filha do mototaxista, afirmou que a família se sente injustiçada pelo fato do acusado estar solto, enquanto a família perdeu o seu genitor.
“Uma dor tão grande que não sei descrever o que estamos sentindo desde o dia 10 de julho. Meu pai morreu de graça, porque o acusado está solto. Quanto ficamos sabendo da soltura foi um choque muito grande, porque ele é um réu confesso, tem provas pelas câmeras, e ele confessou. Ele tirou a vida de um cidadão de bem, que pagava todos os impostos, e que não vivia clandestinamente como ele, que queria tirar a vez de quem trabalhava legalizado”, relatou a filha.
O crime ocorreu após uma discussão entre a vítima, que trabalhava no local há 22 anos onde foi morto, e o policial que trabalhava de forma clandestina, e que queria ficar no mesmo ponto onde ficavam os demais trabalhadores legalizados.
“Ele conhecia meu pai há mais de 10 anos, porque ele mesmo relatou isso na audiência, só que ele não trabalhava de forma legalizada, meu pai sim, assim como os demais. Ele pagava todos os impostos, não tem uma ficha suja contra ele e sempre queria que as coisas fossem feitas de forma correta. Acho que por isso morreu de graça. Ele morreu no mesmo local onde trabalhou por 22 anos. Esse Raimundo Alves poderia ir trabalhar em qualquer lugar, porque era clandestino, mas não, ia para onde estavam os legalizados e era conhecido por causar confusão com outros mototaxistas”, criticou.
Inaja Costa disse que na audiência de julgamento e de instrução que foi realizada em outubro de 2021, o policial militar afirmou que agiu em legítima defesa e confessou que os dois já tinham se desentendidos antes.
“Na audiência ele disse para o juiz que foi legítima defesa, mas as câmeras de segurança mostram tudo, que ele está mentindo. Meu pai não está mais vivo e não tem como se defender. Meu pai era um idoso e os dois possuem 15 anos de diferença. O Raimundo Alves andava com moto irregular, com uma arma que ele não tinha registro, e vem dizer que agiu em legítima defesa. Na audiência ainda revelou que há mais de 10 anos os dois discutiram e ele acertou o capacete dele na cabeça do meu pai, que sangrou. Ele ainda disse que nunca chegou nada de B.O. para ele, ou seja, já vinha com vontade de fazer algo ruim. Já meu pai subestimou a maldade humana e isso aconteceu. Ele relatou tudo isso, foi muito frio, e não transbordou qualquer sentimento de arrependimento na audiência”, lamentou a vítima.
A dor de saber que o acusado pelo crime está solto, tem deixado a família abalada com a situação.
“A gente só quer Justiça. Foi uma surpresa muito grande saber que ele como réu confesso está solto. Eu só peço justiça, a de Deus eu sei que vai chegar, mas queremos também a justiça dos homens, ele tirou a vida de um idoso, uma pessoa que trabalhava, que era do bem. É muita dor, muito sofrimento que a gente está tendo que passar. Não tinha motivo para assassinar o meu pai, pois ele só queria que o Raimundo Alves não tirasse a vez de quem trabalhava ali. Só peço por Justiça. Ele vai para júri popular e espero que vejam o lado correto, pois ele fez para matar, foram quatro tiros. Meu pai era um homem muito bom, muito correto, tão correto que morreu por algo que acreditava”, disse Inaja Costa.