Ela passou 143 dias presa, inclusive comemorou o aniversário dentro da prisão.

Lucélia Maria da Conceição Silva foi inocentada pela Justiça da acusação de envenenar duas crianças em Parnaíba (PI). O caso ocorreu em agosto do ano passado, quando os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel Silva, de 7 anos, morreram após ingerirem cajus supostamente contaminados.
Uma das vítimas, João Miguel, morreu sete dias após o envenenamento, em 28 de agosto. O irmão dele, Ulisses Gabriel, foi transferido para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e recebeu alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no dia 9 de setembro, mas morreu dois meses após ingerir veneno.
Lucélia, que era vizinha da família, chegou a ser indiciada por homicídio qualificado, tentado e consumado, mas foi absolvida após a conclusão das investigações. Após a prisão, a casa de Lucélia chegou a ser incendiada por populares.

O advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante informou ao Portal que a decisão foi proferida nessa segunda-feira (14) e que a defesa entrará com ação contra o Estado para ressarcimento por danos morais e materiais.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado do trabalho. Agradeço a toda a atenção da imprensa, que contribuiu bastante para a reestruturação emocional da Lucélia”, declarou.
Em janeiro deste ano, membros da mesma família das crianças também foram envenenados durante o almoço pós-réveillon, que resultou na morte de outras seis pessoas. Uma vizinha também morreu dias depois após tomar café na residência.
Com os novos casos de envenenamento a investigação teve uma reviravolta e Lucélia Maria foi solta, após um laudo não identificar nenhum veneno na fruta. Ela passou 143 dias presa, inclusive comemorou o aniversário dentro da prisão.
Reviravolta
Com os novos casos de envenenamento registrados, Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, foi considerado o principal suspeito dos crimes. Ele é companheiro de Maria dos Aflitos, que é mãe e avó de muitas vítimas. O casal está preso desde o início do ano.

Em setembro o casal passou por audiência de instrução. Em seus depoimentos, Francisco de Assis e Maria dos Aflitos atribuíram a autoria do crime a vizinha Maria Jocilene da Silva, de 32 anos, que também morreu envenenada após uma visita na casa da família.

Maria dos Aflitos foi a primeira a depor. Ela afirmou que, na noite do réveillon, a família estava reunida em clima de festa, mas no almoço do dia seguinte começaram os sintomas. Disse que uma das filhas preparou arroz, a pedido de Francisco de Assis, que sugeriu reutilizar a comida do dia anterior. Relatou que não almoçou porque estava de ressaca e só percebeu a situação quando encontrou um dos filhos passando mal.
As vítimas:
- João Miguel Silva (sete anos de idade)
- Ulisses Gabriel Silva (oito anos)
- Manoel Leandro da Silva (18 anos de idade)
- Maria Lauane Fontinele Lopes Silva (três anos de idade)
- Francisca Maria Silva (32 anos de idade)
- Maria Gabriele Silva (quatro anos de idade)
- Lívia Maria Leandra Silva (17 anos)
- Maria Jocilene da Silva (41 anos)