Ação penal
Chega as alegações finais ação contra acusados de homicídios
Os réus serão julgados por latrocínio e podem pegar até 30 (trinta) anos de cadeia. A sentença será prolatada pelo juiz Carlos Marcello Sales Campos.
Está em fase de alegações finais a ação penal que pede a condenação dos acusados de matar o casal de aposentados José Pio Vilarinho, 67 anos, e Auridinalva Maria de Freitas Vilarinho, 60, no município de Corrente em março de 2014. O promotor de Justiça, Rômulo Paulo Cordão, apresentou alegações finais e pediu a condenação de Nilton de Souza Moura, 48 anos, e Janisson Vieira Cirqueira, conhecido como Tan, 28 anos, nas penas do art.157, § 3° combinado com o artigo 29, agravado pelo art. 61, alíneas C,D,F e H, todos combinados com art.1°, II, da Lei 8.072/90 (Lei dos crimes hediondos). Os réus serão julgados por latrocínio e podem pegar até 30 (trinta) anos de cadeia. A sentença será prolatada pelo juiz Carlos Marcello Sales Campos.
Confira como o crime aconteceu
Nilton era trabalhador rural e executava trabalhos de roço, capina e pequenas manutenções em diversas chácaras próximo à localidade em que vivia, tendo em sua carteira de clientes pessoas que atendia há anos. O trabalho que estava sendo executado ao senhor Pio, realizava em parceria com o seu enteado, Tan. A condição financeira de ambos não era confortável principalmente a do mais novo, cuja esposa está grávida. Tan sofre para construir uma casa, praticamente um barraco, para aguardar a chegada do novo filho, que ainda não possui enxoval. O homem acha ainda que o valor que recebe pelas diárias é muito abaixo do que o seu trabalho realmente vale.
Quanto às vítimas, eram aposentados e tinham uma residência localizada à Rua Getúlio Vargas, no Centro de Corrente e uma casinha na localidade de Volta da Serra, próximo à Vereda da Porta, zona rural do município. Periodicamente, seu Pio negociava gado com um pequeno açougue na cidade.
A última vez que o homem recebeu pagamento oriundo de uma negociação, na sexta-feira anterior ao crime, Nilton e Tan tomaram conhecimento do dinheiro recebido. Aí teve início a ideia do roubo, porém ambos chegaram ao consenso de que, para que ninguém ficasse sabendo do furto, eles teriam que matar o casal. “No entendimento deles, eles tinham que matar. Não bastava subtrair o dinheiro”, relatou o delegado João Rodrigo.
No dia do crime, terça-feira, ambos trabalharam até por volta das 17h na chácara das vítimas e simularam que tinham ido embora. Esconderam-se próximo a residência e esperaram anoitecer. Às 18h20min, ao perceber o sr. Pio deitado na rede, completamente vulnerável, Nilton sorrateiramente chegou por trás, pegou o facão que estava na própria varanda e desferiu violentos golpes no rosto e cabeça, outro no peito. Dona Auridilva, que estava na cozinha preparando o jantar, nada ouviu. Nilton entrou na casa, chegou igualmente por trás, e novamente desferiu um vigoroso golpe no pescoço da vítima e outro nas costas, além de outros golpes, todos extremamente violentos, com o objetivo de matar imediatamente. “O crime foi extremamente violento, os golpes foram dados por trás, sem nenhuma chance de reação”, contou o delegado.
Ao constatar que ambos estavam mortos, Nilton fez sinal a Tan, que adentrou a residência, procurou o dinheiro e assim que o encontrou, ambos evadiram-se do local. A arma utilizada no crime foi deixada ali mesmo na varanda. Nilton chegou em sua casa por volta das 19h e foi com toda a família para a moenda de farinha na sua propriedade, onde permaneceu trabalhando até as 21h.
Na manhã seguinte, Nilton foi o primeiro a chegar na cena do crime, como se estivesse indo trabalhar, assim como fazia todos os dias. Posteriormente, contou à polícia que viu o sr. Pio deitado na rede, com sangue ao chão. Disse que se aproximou e viu que ele estava morto. Relatou ainda que foi por fora, até a cozinha, e que viu dona Auridilva deitada no chão, mas não entrou na casa. Nilton teria dito ainda que saiu para procurar ajuda na vizinhança, mas somente quando encontrou um servidor da prefeitura que passava na rua é que pode avisar do crime. A partir daí, a polícia foi chamada ao local e a comunidade tomou conhecimento. Durante toda a diligência policial, Nilton permaneceu junto à cena, ajudando inclusive a colocar os corpos no caixão. Ao final, pegou carona com um policial civil.
As investigações iniciaram, e logo Nilton foi interrogado. Em seu depoimento, algumas contradições foram constatadas, como o fato de relatar detalhes da cena do crime, mesmo tendo afirmado outrora que não esteve nela.
“O Nilton quis criar diversos álibis. O primeiro que ele inventou foi, ao terminar de executar o casal, ir diretamente para sua casa e levar a família inteira para moer tapioca, assim todos afirmaram que ele estava em casa na noite do crime. Porém, entre 18h20min e 19h o crime estava concluído e ele se encaminhou para casa, assim como fazia todos os dias. Ninguém imaginaria que ele teria, neste curto espaço de tempo, matado duas pessoas. O segundo foi afirmar que teria encontrado os corpos”, enfatizou João Rodrigo.
Já o Tan, no dia do crime, teria pedido a alguém que pagasse um refrigerante à ele, por volta do meio dia, pois nem para isso tinha dinheiro. “Depois do crime, no dia seguinte, foi à cidade para comprar um tênis, três camisas, enxoval para o bebê. Como apareceu esse dinheiro de repente? Ele foi mais fácil de ser identificado, pois as evidências estavam mais claras”, afirmou o delegado.
À medida que os depoimentos foram sendo tomados, as contradições cresciam. Ambos diziam que nunca haviam se encontrado no serviço prestado ao sr. Pio, que trabalhavam sozinhos, o que logo foi desmentido por testemunhas. Na noite de quarta-feira, a polícia chegou a ir até onde Tan residia, para conversar, e ele fugiu, chamando ainda mais a atenção da polícia. No dia seguinte, a polícia o encontrou e o convenceu a ir até a delegacia. A partir deste momento, foram sendo sucessivamente desmentidos, acabando por confessar o crime.
A dissimulação dos criminosos foi o que mais chocou a polícia e a sociedade. Muitos acreditavam na inocência dos dois acusados e apenas após a confissão é que a comunidade definitivamente entendeu que estava diante de dois perigosos criminosos. Alguns ainda estão incrédulos, devido à violência do crime.
A rápida ação da polícia permitiu a elucidação do crime em menos de três dias. “Cumprimos nosso dever e estamos satisfeitos de poder apresentar à sociedade o excelente resultado desta investigação”, afirmou o delegado João Rodrigo, que foi quem coordenou todo o trabalho da polícia civil.
Imagem: DivulgaçãoNilton de Souza Moura e Janisson Vieira Cirqueira
Confira como o crime aconteceu
Nilton era trabalhador rural e executava trabalhos de roço, capina e pequenas manutenções em diversas chácaras próximo à localidade em que vivia, tendo em sua carteira de clientes pessoas que atendia há anos. O trabalho que estava sendo executado ao senhor Pio, realizava em parceria com o seu enteado, Tan. A condição financeira de ambos não era confortável principalmente a do mais novo, cuja esposa está grávida. Tan sofre para construir uma casa, praticamente um barraco, para aguardar a chegada do novo filho, que ainda não possui enxoval. O homem acha ainda que o valor que recebe pelas diárias é muito abaixo do que o seu trabalho realmente vale.
Quanto às vítimas, eram aposentados e tinham uma residência localizada à Rua Getúlio Vargas, no Centro de Corrente e uma casinha na localidade de Volta da Serra, próximo à Vereda da Porta, zona rural do município. Periodicamente, seu Pio negociava gado com um pequeno açougue na cidade.
Imagem: DivulgaçãoArmas do crime
A última vez que o homem recebeu pagamento oriundo de uma negociação, na sexta-feira anterior ao crime, Nilton e Tan tomaram conhecimento do dinheiro recebido. Aí teve início a ideia do roubo, porém ambos chegaram ao consenso de que, para que ninguém ficasse sabendo do furto, eles teriam que matar o casal. “No entendimento deles, eles tinham que matar. Não bastava subtrair o dinheiro”, relatou o delegado João Rodrigo.
No dia do crime, terça-feira, ambos trabalharam até por volta das 17h na chácara das vítimas e simularam que tinham ido embora. Esconderam-se próximo a residência e esperaram anoitecer. Às 18h20min, ao perceber o sr. Pio deitado na rede, completamente vulnerável, Nilton sorrateiramente chegou por trás, pegou o facão que estava na própria varanda e desferiu violentos golpes no rosto e cabeça, outro no peito. Dona Auridilva, que estava na cozinha preparando o jantar, nada ouviu. Nilton entrou na casa, chegou igualmente por trás, e novamente desferiu um vigoroso golpe no pescoço da vítima e outro nas costas, além de outros golpes, todos extremamente violentos, com o objetivo de matar imediatamente. “O crime foi extremamente violento, os golpes foram dados por trás, sem nenhuma chance de reação”, contou o delegado.
Ao constatar que ambos estavam mortos, Nilton fez sinal a Tan, que adentrou a residência, procurou o dinheiro e assim que o encontrou, ambos evadiram-se do local. A arma utilizada no crime foi deixada ali mesmo na varanda. Nilton chegou em sua casa por volta das 19h e foi com toda a família para a moenda de farinha na sua propriedade, onde permaneceu trabalhando até as 21h.
Na manhã seguinte, Nilton foi o primeiro a chegar na cena do crime, como se estivesse indo trabalhar, assim como fazia todos os dias. Posteriormente, contou à polícia que viu o sr. Pio deitado na rede, com sangue ao chão. Disse que se aproximou e viu que ele estava morto. Relatou ainda que foi por fora, até a cozinha, e que viu dona Auridilva deitada no chão, mas não entrou na casa. Nilton teria dito ainda que saiu para procurar ajuda na vizinhança, mas somente quando encontrou um servidor da prefeitura que passava na rua é que pode avisar do crime. A partir daí, a polícia foi chamada ao local e a comunidade tomou conhecimento. Durante toda a diligência policial, Nilton permaneceu junto à cena, ajudando inclusive a colocar os corpos no caixão. Ao final, pegou carona com um policial civil.
As investigações iniciaram, e logo Nilton foi interrogado. Em seu depoimento, algumas contradições foram constatadas, como o fato de relatar detalhes da cena do crime, mesmo tendo afirmado outrora que não esteve nela.
“O Nilton quis criar diversos álibis. O primeiro que ele inventou foi, ao terminar de executar o casal, ir diretamente para sua casa e levar a família inteira para moer tapioca, assim todos afirmaram que ele estava em casa na noite do crime. Porém, entre 18h20min e 19h o crime estava concluído e ele se encaminhou para casa, assim como fazia todos os dias. Ninguém imaginaria que ele teria, neste curto espaço de tempo, matado duas pessoas. O segundo foi afirmar que teria encontrado os corpos”, enfatizou João Rodrigo.
Já o Tan, no dia do crime, teria pedido a alguém que pagasse um refrigerante à ele, por volta do meio dia, pois nem para isso tinha dinheiro. “Depois do crime, no dia seguinte, foi à cidade para comprar um tênis, três camisas, enxoval para o bebê. Como apareceu esse dinheiro de repente? Ele foi mais fácil de ser identificado, pois as evidências estavam mais claras”, afirmou o delegado.
À medida que os depoimentos foram sendo tomados, as contradições cresciam. Ambos diziam que nunca haviam se encontrado no serviço prestado ao sr. Pio, que trabalhavam sozinhos, o que logo foi desmentido por testemunhas. Na noite de quarta-feira, a polícia chegou a ir até onde Tan residia, para conversar, e ele fugiu, chamando ainda mais a atenção da polícia. No dia seguinte, a polícia o encontrou e o convenceu a ir até a delegacia. A partir deste momento, foram sendo sucessivamente desmentidos, acabando por confessar o crime.
A dissimulação dos criminosos foi o que mais chocou a polícia e a sociedade. Muitos acreditavam na inocência dos dois acusados e apenas após a confissão é que a comunidade definitivamente entendeu que estava diante de dois perigosos criminosos. Alguns ainda estão incrédulos, devido à violência do crime.
A rápida ação da polícia permitiu a elucidação do crime em menos de três dias. “Cumprimos nosso dever e estamos satisfeitos de poder apresentar à sociedade o excelente resultado desta investigação”, afirmou o delegado João Rodrigo, que foi quem coordenou todo o trabalho da polícia civil.