Famílias são desapropriadas e casas pegam fogo no Socopo
As famílias que estão sendo obrigadas a deixarem suas casas, estão vivendo no local a 6 meses e afirmam que a propriedade pertence ao Governo do Estado
Cerca de 425 famílias foram desapropriadas nesta segunda-feira (25) no bairro Socopo, próximo a estrada PI-112, que liga a capital Teresina à cidade de União. Os policiais chegaram ao local às 10 horas da manhã e a população ofereceu resistência. Durante a desocupação, várias casas pegaram fogo.
Neste momento, as famílias estão acampando próximo à Escola Santo Afonso e a área desapropriada e pretendem continuar no local, oferecendo resistência. A polícia encontra-se na região para impedir a entrada dos familiares.
Fotos: Jailson Soares/O Dia
O fogo destruiu as casas construídas pelos agricultores
O diretor da Associação dos Agricultores Familiares de Teresina, Antônio Nascimento de Souza, explica que a desapropriação é uma ordem emitida no nome de um suposto grileiro que possui terras ao lado do local e afirma que a região também pertence a ele. “Nós temos documentos que comprovam que essa área não pertence ao grileiro que afirma ser dono daqui”, afirma. Antônio destaca que as famílias residentes naquela região são pessoas que procuram terras para plantação.
De acordo com dona Marilene Maria Carneiro, uma das moradoras desapropriadas, as famílias estão vivendo no local há seis meses, com a permissão do Governo do Estado. "Essa é uma propriedade livre.", afirma ela. A moradora conta que as famílias estão sendo ameaçadas durante todos esses meses em que a área está sendo ocupada, pelo suposto grileiro que diz ser o proprietário do local. "Nós já acionamos o Instituto de Terras do Piauí pedindo para que os técnicos viessem demarcar o território", explica Marilene. Ela também afirma que a ordem de despejo foi expedida há 15 dias, mas que os moradores só tomaram conhecimento hoje, data em que a desapropriação ocorreu.
A senhora Marilene Maria Carneiro diz que pelo menos 400 famílias foram retiradas à força de suas casas
Um outro morador, identificado como Gerson Alves, informou que as ameaças ocorriam sempre por parte de pessoas que trabalhavam para o suposto grileiro, que nunca apareceu no local. O morador afirma ainda que a desapropriação contou com o apoio de viaturas da Polícia Militar, Força Tática e Rone que teriam tentado retirar os moradores a força do local.
As famílias estão organizando uma manifestação para amanhã, terça-feira (26/01), em frente ao Palácio de Karnak.