Advogados revelam que há gente poderosa envolvida com grilagem no Piauí
Gestores e membros do judiciário estariam envolvidos
As prisões da última semana, envolvendo advogados e um Juiz de direito aposentado são apenas a ponta do iceberg, conforme afirmam os advogados que militam na área agrária, José Odon Maia Alencar Filho e Antonio Tito Pinheiro Castelo Branco que já vinham formulando várias denúncias referentes à grilagem de terras no sul do Piauí.
Ao se referirem às prisões do ex-juiz Cícero Rodrigues e de advogados envolvidos com grilagem no interior do Piauí, feitas em operação do Gaeco, na última sexta-feira, os advogados José Odon Maia Alencar Filho e Antonio Tito Pinheiro Castelo Branco chegaram a apontar que ainda existe muita gente grande envolvida, advogados, gestores, membros do Judiciário e empresários de fora do Estado.
Em conversa recente eles já haviam demonstrado vários crimes perpetrados por autoridades,advogados, membros do Poder Judiciário, sendo vários destes grileiros travestidos de autoridades. Lamentam que a OAB nunca deu apoio aos advogados que buscam a apuração dos fatos.
Segundo eles, casos emblemáticos envolvendo o Grupo Tomazini, no qual o advogado preso, Lincon Hermes Saraiva Guerra, teve participação fundamental, intermediando e confeccionando o contrato que lesou várias famílias da região de Uruçuí, Ribeiro Gonçalves e Baixa Grande do Ribeiro.
Eles lembram que Lincon e um sujeito de nome Luis Lobo Costa, fizeram uma simulação de venda das áreas das famílias lesadas para uma empresa intitulada Terra Imóveis Ltda., pertencente ao também grileiro, João Batista Fernandes – conhecido como JB – por um preço irrisório e, logo após, fizeram a venda para o Grupo Tomazini pelo valor de R$ 80 milhões, provocando enorme prejuízo aos membros das famílias que realmente eram as donas das áreas mencionadas.
José Odon e Antônio Tito informam que Lincon Hermes Saraiva Guerra chegou a conseguir uma decisão liminar e imediatamente uma sentença de mérito em um processo, estando com carga ao próprio advogado, com a participação notória do então Juiz José Ribamar Oliveira e Silva que respondia pela Comarca de Uruçuí/PI.
Há pouco mais de três anos, José de Ribamar Oliveira e Silva foi afastado por envolvimento com o ex-coronel Correia Lima. Era juiz criminal em Parnaíba quando liberou o chefe do crime organizado para tratamento de saúde, alegando que sua prisão na penitenciária de Parnaíba era em regime semi-aberto.
Segundo dialogo entre Correia Lima e um preso, em sua cela, na penitenciária, ele saiu para assassinar o deputado estadual Robert Rios e o jornalista Arimatéia Azevedo. Teria ido ao Theresina Shopping, onde os dois costumavam se encontrar, mas não não viu oportunidade para praticar o crime, porque, segundo ele, um dos netos que o acompanhavam, começou a chorar.
Denúncia no CNJ
Os advogados José Odon e Antônio Tito Castelo Branco Informam ainda que os casos por eles denunciados estão sendo investigados e apurados pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ – e pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, onde esperam uma manifestação definitiva e a necessária tomada de providências no sentido de punir todos os envolvidos, nos termos da legislação em vigor.
“Esperamos que o GAECO do Ministério Público do Estado do Piauí continue com o exemplar trabalho que vem desempenhando na apuração e promoção de punição dos envolvidos. A OAB infelizmente nunca deu apoio aos advogados que buscam a apuração dos fatos, posto que na gestão anterior, o próprio Ex-Presidente Willian Guimarães está entre os envolvidos em uma denúncia formulada pelo empresário Dagoberto Antonio Faedo contra o Ex-Governador Wilson Martins, o Ex-Presidente do Interpi, Tadeu Maia onde se utilizou a própria máquina do Estado para grilar terras e prejudicar o mencionado empresário, ou seja, como o dito Ex-Presidente da OAB iria apurar fatos em que ele próprio parece está envolvido?”,
Eles esperam o apoio da atual gestão da OAB, lembrando que o atual presidente Chico Lucas, chegou a prometer o envolvimento da entidade no apoio à causa, porém, até o presente momento parece ter defendido interesses de outras partes, sem cobrar os rigores nas investigações já em tramitação.