Wilson descarta saída do PSB e cogita candidatura a vereador em 2020
Ex-governador avalia que polarização entre PT e Bolsonaro o prejudicou no pleito de 2018.
Depois de ser derrotado em dois pleitos seguidos na disputa por uma cadeira no Senado Federal, em 2014 e em 2018, o ex-governador Wilson Martins (PSB) avalia candidatar-se a uma cadeira na Câmara Municipal de Teresina, nas eleições de 2020.
"Eu estou na atividade como profissional da saúde, e nunca estive tão bem! Mas continuo sendo político, homem público e respeitado, graças a Deus, por onde ando. E na política não se deve dizer nunca nem sempre nem jamais. Então, tudo é possível. Não descarto absolutamente nada. Até porque estamos hoje aqui e amanhã podemos não estar mais", afirmou Wilson, acrescentando que, inicialmente, o PSB terá como prioridade a formação de uma grande chapa proporcional, deixando para um segundo momento as discussões sobre a disputa majoritária. "Será uma eleição diferente. Não terá as coligações na disputa proporcional. Então, temos que organizar o partido. Temos nomes importantes e nomes novos", afirmou.
O ex-chefe do Executivo estadual foi um dos convidados para sentar à mesa de honra na sessão solene realizada na sexta-feira (26) pela Assembleia Legislativa do Piauí para concessão de títulos de cidadania piauiense ao vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e ao desembargador Afrânio Vilela, vice-presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Após a solenidade, Wilson concedeu uma breve entrevista ao portal O DIA, e descartou sua saída do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o que vinha sendo especulado nos últimos meses.
"Claro [que continuo no PSB]. É o meu partido. Eu não estou no PSB por oportunismo. Fui levado para o PSB ainda pelo Dr. Arraes [Miguel]. Então, nós temos uma história de muita luta, de muita resistência, do nordestino. Nós estamos no PSB e vamos continuar no PSB, resistindo, trabalhando muito, reivindicando aquilo que deve ser feito pelos que são hoje detentores de mandatos", afirmou Wilson.
O ex-governador Wilson Martins avalia candidatar-se a vereador de Teresina em 2020 (Foto: Assis Fernandes / O DIA)
Wilson avalia que a polarização entre o PT e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições de 2018 acabou prejudicando, em todo o país, vários candidatos que não se alinharam com nenhum dos lados, a exemplo dele próprio e do seu correligionário, Márcio França (PSB), que não conseguiu se reeleger governador de São Paulo, sendo derrotado por João Doria (PSDB), que declarou apoio a Bolsonaro.
"Nós fomos candidatos ao Senado com a preferência absoluta, desde o início até o final, mas pagamos o preço por não ter um candidato a presidente. Nem éramos Bolsonaro nem éramos Haddad. Isso dificulta, e isso aconteceu em vários estados do Brasil", observa Wilson.
Reforma da Previdência
O ex-governador também opinou que a reforma da Previdência precisa ser aprovada, mas defende que seu texto imponha sacrifícios maiores para quem ganha os salários mais elevados, com um impacto menor para os trabalhadores que ganham menos.
"O país não precisa só da reforma da Previdência, mas estão botando toda a carga só em cima da reforma da Previdência. É importante que a gente discuta a reforma da Previdência, e dentro dela estão incluindo uma verdadeira reforma fiscal, sem perder as conquistas, ao longo de muitos anos, dos trabalhadores. É possível a gente trabalhar uma reforma que dê o resultado que se espera e que se precisa, para garantir a aposentadoria do futuro, mas é preciso que se tenha aí a responsabilidade de não retirar direitos. É preciso, sobretudo, enxugar a Previdência dos ricos, dos que têm grandes aposentadorias, em detrimento do pobre.