Após
derrota na copa, Dilma teme prejuízo na economia e na eleição.
O
vexame histórico do Brasil nesta terça-feira (8) acendeu um sinal de alerta no
governo Dilma Rousseff, que teme que o mau humor decorrente da derrota
para a Alemanha contamine expectativas já não muito favoráveis na economia
e tenha reflexos na campanha eleitoral.
Até
aqui, Dilma vinha surfando a onda de uma Copa do Mundo sem sobressaltos fora do
campo, brilhante dentro dele e com o Brasil, bem ou mal, avançando. Ela atacou
"pessimistas" e "urubus", colocando críticas à organização
do Mundial e a baixa expectativa com o futebol da seleção no mesmo balaio.
A
primeira reação
pública à derrota foi da presidente, que passou o dia enfurnada no Palácio
da Alvorada, em sua conta no Twitter: "Assim como todos os brasileiros,
estou muito, muito triste com a derrota. Sinto imensamente por todos nós,
torcedores, e pelos nossos jogadores".
Campanha
veiculada no Facebook oficial da presidente Dilma Rousseff (PT)
Depois ela pediu: "Não
vamos nos deixar alquebrar. Brasil, 'levanta, sacode a poeira e dá a volta por
cima'".
Na segunda (7), Dilma anunciou
que irá à final do Maracanã para a entrega da taça. Até a conclusão desta
edição, o plano estava mantido, apesar do clima geral descrito por um
integrante do governo: "Estão todos atônitos".
Apesar da solidariedade inicial,
integrantes do governo já defendiam poucos minutos após o jogo uma mudança de
rota na associação de sucessos no campo e fora dele. "Descolar da
Copa" foi uma das expressões ouvidas no calor do impacto da derrota.
Até aqui, a avaliação do governo
era que uma eventual derrota nesta terça seria assimilada como natural. A
Alemanha é uma adversária poderosa, e o Brasil estava sem sua maior estrela
(Neymar, machucado) e seu capitão (Thiago Silva, suspenso).
Nada, contudo, previa um 7 a 1 no Mineirão. Ao longo do
jogo, o discurso de membros da cúpula do governo foi mudando da expectativa de
assimilação da derrota para uma genuína preocupação com o efeito do desastre.
Num primeiro momento, além do
tal descolamento, a avaliação é que o governo terá de assumir uma linha de
defesa da Copa como evento.
Para
tanto, serão reforçados os controle na área de segurança. Um revés na última
semana do Mundial, ainda mais com a derrota do Brasil, poderia ser fatal ao promover
a ideia de um fracasso duplo, esportivo e organizacional.
Além
disso, há a preocupação de que voltem as críticas aos gastos feitos para a
realização do Mundial, que somam R$ 26 bilhões até aqui.
ARGENTINA
Uma
eventual disputa de terceiro lugar contra a Argentina, que nesta quarta (9)
enfrenta a Holanda, também é vista com preocupação. Se o Brasil sofrer nova
humilhação no sábado (12), o impacto da derrota poderá ser ampliado.
Até o
jogo de ontem, o Planalto considerava sua parte cumprida. Como mostrou pesquisa
do Datafolha na semana passada, Dilma inclusive angariou dividendos com a
aprovação crescente à Copa. A presidente subiu quatro pontos nas intenções de
voto, indo de 34% para 38%.
A
orientação era expor ao máximo dados positivos, como aeroportos funcionando a
contento e movimento de turistas. O PT assumiria a responsabilidade pelos
ataques mais inflamados à oposição, na mídia e em redes sociais, aprofundando
as críticas feitas por Dilma ao associar os adversários ao pessimismo. Com a
derrota, contudo, o plano será reavaliado agora.
Fonte: file:///C:/Users/LEDA/Desktop/IMAGENS%20NOVAS/Ap%C3%B3s%20derrota,%20Dilma%20teme%20preju%C3%ADzo%20na%20economia%20e%20na%20elei%C3%A7%C3%A3o%20-%2009%2007%202014%20-%20Poder%20-%20Folha%20de%20S.Paulo.htm
Fonte: Folha de São Paulo