Capitão da PM: ‘eu nunca olhei para meu contracheque e reclamei dele’
Mais: ‘o ser humano nunca vai estar feliz com o que tem. E tem aqueles que reclamam até demais’
Por Rômulo Rocha
- Enviado a Curimatá
- Enviado a Curimatá
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- Liberdade de Expressão dentro da Polícia Militar é um dos pontos abordados com o capitão Misael...
- "Meu caro repórter, eu não quero na minha área, na área da minha companhia, ter 200, 300 policiais"
- "O município também tem seu dever com a Segurança Pública. Os cidadãos também têm suas obrigações com a Segurança Pública"
- "Nós temos procurado nos aproximar mais da população, para termos uma polícia mais próxima do cidadão"
- "Se ele [policial] não está feliz profissionalmente, ele tem que procurar fazer outra coisa"
O capitão Misael, comandante da Companhia da Polícia Militar com sede no município de Avelino Lopes e responsável pelos municípios de Curimatá, Júlio Borges, Parnaguá e Morro Cabeça no Tempo, concedeu uma interessante entrevista ao 180 esta semana, no município de Curimatá.
Antes que se passe para a entrevista é bom fazer alguns esclarecimentos. O capitão, embora soubesse que estava sendo gravadas as perguntas e respostas, não imaginava, claro, que elas seriam disponibilizadas dessa forma, como uma longa entrevista.
Isso porque não é praxe dos militares com patentes mais baixas em relação ao comando-geral conceder entrevistas a jornalistas falando da corporação, a não ser sobre casos em que atuam, quando à frente do trabalho ostensivo diário.
Mas a conversa foi fluindo, e o militar estava a defender a instituição para a qual trabalha.
Por isso avaliou-se - o jornalista que assina a matéria - que o teor da conversa era um tanto interessante.
O titular do Blog Bastidores, os últimos dois anos, viajou de norte a sul, leste a oeste desse estado, e a reclamação dentro corporação é geral com a cúpula da Segurança.
_O capitão Misael no GPM de Curimatá
Mas o capitão evidenciou uma postura e um modo de olhar diferenciados, falou de motivação, aproximação da PM com a população, do foco na apreensão de drogas e armas e, além de outros temas, algo que certamente dividirá opiniões, que foi o fato de ter afirmado nunca ter reclamado do seu contracheque, além de ter dito que o ser humano nunca estará satisfeito com o que tem.
Durante o diálogo, o capitão não escondeu, entretanto, sua vontade de um dia atuar em Teresina. Porém, no atual momento, disse estar desempenhando seu dever de ofício no local para o qual foi designado.
________________A ENTREVISTA
180– Com relação aos GPMs (Grupamento da Polícia Militar na sigla GPM) o senhor disse que estão regulares nessa região. O que necessitaria para melhorar esses GPMs?
Capitão Misael– A própria região em si, ela é uma região geograficamente complicada. Porque a maioria das cidades daqui que compõem a 4ª companhia do 7º BPM, com sede em Avelino Lopes, são tidas como cidades fronteiras. Temos Morro Cabeça no Tempo, com a Bahia. Avelino Lopes, com a Bahia. Júlio Borges, com a Bahia e Curimatá ela fica no centro, e temos Parnaguá, aqui mais próxima em direção a Corrente.
Capitão Misael– A própria região em si, ela é uma região geograficamente complicada. Porque a maioria das cidades daqui que compõem a 4ª companhia do 7º BPM, com sede em Avelino Lopes, são tidas como cidades fronteiras. Temos Morro Cabeça no Tempo, com a Bahia. Avelino Lopes, com a Bahia. Júlio Borges, com a Bahia e Curimatá ela fica no centro, e temos Parnaguá, aqui mais próxima em direção a Corrente.
180– Tem muitas rotas de fuga e de fluxo.
Capitão Misael– Diversas rotas de fuga e de fluxo de pessoas. As drogas e as armas são o nosso foco.
Capitão Misael– Diversas rotas de fuga e de fluxo de pessoas. As drogas e as armas são o nosso foco.
180 – O senhor apreende muitas armas aqui na região?
Capitão Misael – No mês de novembro nós tivemos a apreensão de algumas armas, no mês de dezembro nós tivemos apreensão de uma arma. A nossa linha de trabalho é a abordagem, seja lá quem for, nós temos que abordar, abordar e abordar. No nosso caso aqui, como falei anteriormente, devido à própria localização geográfica, o fluxo de pessoas, fica difícil você dizer quem é quem na região. Então você tem que abordar, depois você identifica quem é o cidadão. Mas a Polícia Militar tem que exercer o papel constitucional dela.
Capitão Misael – No mês de novembro nós tivemos a apreensão de algumas armas, no mês de dezembro nós tivemos apreensão de uma arma. A nossa linha de trabalho é a abordagem, seja lá quem for, nós temos que abordar, abordar e abordar. No nosso caso aqui, como falei anteriormente, devido à própria localização geográfica, o fluxo de pessoas, fica difícil você dizer quem é quem na região. Então você tem que abordar, depois você identifica quem é o cidadão. Mas a Polícia Militar tem que exercer o papel constitucional dela.
180 – Que é o trabalho ostensivo...
Capitão Misael – Ostensivo, preventivo...
Capitão Misael – Ostensivo, preventivo...
180 – Desses municípios que você comanda qual você diria que é o mais complicado?
Capitão Misael – Curimatá. Porque dessa região ele é o centro comercial, ele é o centro financeiro, onde fica localizada a maior agência bancária, o comércio. Porque as pessoas se dirigem para cá, justamente, devido ao banco.
Capitão Misael – Curimatá. Porque dessa região ele é o centro comercial, ele é o centro financeiro, onde fica localizada a maior agência bancária, o comércio. Porque as pessoas se dirigem para cá, justamente, devido ao banco.
180 – Depois daquele assalto ao Banco do Brasil aqui, alguns daqueles envolvidos naquele grupo armado [denominado de o Novo Cangaço] prometeram retornar à cidade. Depois disso houve algum reforço aqui?
Capitão Misael – Nós incrementamos o efetivo, armamentos, viaturas, melhoramos a situação nos GPMs. Hoje nós já contamos com uma sede em Avelino Lopes com a nossa Força Tática. A Força Tática tem policiais treinados e preparados para uma ocorrência de um nível elevado. Que requeira o emprego de uma força maior por parte da Polícia Militar. Hoje nós temos uma Força Tática preparada para qualquer tipo de ocorrência, com o armamento melhor do que os que existiam anteriormente. Então, hoje, nos sentimos mais preparados.
Capitão Misael – Nós incrementamos o efetivo, armamentos, viaturas, melhoramos a situação nos GPMs. Hoje nós já contamos com uma sede em Avelino Lopes com a nossa Força Tática. A Força Tática tem policiais treinados e preparados para uma ocorrência de um nível elevado. Que requeira o emprego de uma força maior por parte da Polícia Militar. Hoje nós temos uma Força Tática preparada para qualquer tipo de ocorrência, com o armamento melhor do que os que existiam anteriormente. Então, hoje, nos sentimos mais preparados.
180 – Quando o senhor fala de melhoramento de armamento, o senhor pode dizer o que exatamente houve de melhora?
Capitão Misael – Fuzis, carabinas, munição. São os armamentos e apetrechos que a Polícia Militar usa.
Capitão Misael – Fuzis, carabinas, munição. São os armamentos e apetrechos que a Polícia Militar usa.
180 – A última vez que eu vim em Curimatá, foi logo depois do assalto ao banco, pude constatar que algumas armas, os fuzis, falharam, emperram durante o confronto com os assaltantes dos bancos. Isso já foi resolvido?
Capitão Misael – Antes de assumir o comando da companhia, esse armamento já teria sido levado para Teresina para serem revisados e feita a manutenção deles e saber qual foi o problema que fez com que eles falhassem. Tudo pode acontecer. Não é porque uma arma falhou ou venha a falhar que isso aí é um problema em si. Não. Tudo pode falhar. Um veículo pode falar. Uma pessoa falha. Mas esse problema que aconteceu ele já está sendo solucionado. E nós recebemos, em substituição, outros armamentos para resolver a situação, que hoje nós consideramos uma situação regular. Podemos melhorar? Podemos.
Capitão Misael – Antes de assumir o comando da companhia, esse armamento já teria sido levado para Teresina para serem revisados e feita a manutenção deles e saber qual foi o problema que fez com que eles falhassem. Tudo pode acontecer. Não é porque uma arma falhou ou venha a falhar que isso aí é um problema em si. Não. Tudo pode falhar. Um veículo pode falar. Uma pessoa falha. Mas esse problema que aconteceu ele já está sendo solucionado. E nós recebemos, em substituição, outros armamentos para resolver a situação, que hoje nós consideramos uma situação regular. Podemos melhorar? Podemos.
180 – Sobre essa questão da Força Tática... em viagens pelo Piauí nós visitamos muito os GPMs, e constatamos que no interior do estado os policiais pouco treinam a prática de tiro. A Força Tática possui munição para treinar regularmente para se manter em dia com as suas habilidades?
Capitão Misael – A Força Tática ela tem um calendário de treinamento. O policial tático, ele não só treina quando vai ingressar na Força Tática. É um grupamento que treina constantemente. É um policial que ele é exigido até mesmo por força da situação que ele possa vir a intervir. Então o policial que faz parte de uma Força Tática, ele está em constante treinamento.
Capitão Misael – A Força Tática ela tem um calendário de treinamento. O policial tático, ele não só treina quando vai ingressar na Força Tática. É um grupamento que treina constantemente. É um policial que ele é exigido até mesmo por força da situação que ele possa vir a intervir. Então o policial que faz parte de uma Força Tática, ele está em constante treinamento.
Capitão chama um soldado...
Capitão Misael – Cadê... o nosso apoio policial... diga para esse cidadão como está o nosso GPM hoje..
Soldado: Em estrutura física?
180: Em estrutura física eu já vi que não está nada bem [em referência ao GPM].
Soldado: Em estrutura física?
180: Em estrutura física eu já vi que não está nada bem [em referência ao GPM].
Capitão Misael – Não, esquece a estrutura física. Aqui está melhor do que a nossa lá.
180 – Eu quero saber em questão de armamento, porque quando eu vim aqui, quando do assalto ao banco de Curimatá, eu constatei que alguns fuzis emperraram na hora do confronto. É algo técnico do qual eu não tenho muito conhecimento, mas assim, um fuzil falhar na hora de um confronto, me parece uma coisa meio que absurda, não é?
Soldado – Melhorou e muito, aqui os armamentos são todos de ponta, novos, munições novas. Nada a reclamar do armamento.
180 – Eu quero saber em questão de armamento, porque quando eu vim aqui, quando do assalto ao banco de Curimatá, eu constatei que alguns fuzis emperraram na hora do confronto. É algo técnico do qual eu não tenho muito conhecimento, mas assim, um fuzil falhar na hora de um confronto, me parece uma coisa meio que absurda, não é?
Soldado – Melhorou e muito, aqui os armamentos são todos de ponta, novos, munições novas. Nada a reclamar do armamento.
180 – Sei. O senhor é soldado? Qual o seu nome?
Soldado – Sim. Rubens.
Soldado – Sim. Rubens.
180 – Mas o senhor acredita em tudo isso que está dizendo? Não é pelo fato de estar aqui ao lado do nosso comandante, não?
Soltado Rubens – Sim, acredito. Eu já tive oportunidade de usá-los e não tenho nada a reclamar.
Capitão Misael – Esses meninos aqui eles têm livre liberdade de expressão comigo, eu converso com eles todos os dias, principalmente, sobre as suas necessidades. E eu digo: nós vamos resolver. Hoje não falta apoio deles comigo e eu não falto com o apoio do comando para com eles. O coronel Edson, ele tem uma preocupação muito grande com essa área, com essa região. Então nossa preocupação é melhorar mais ainda. Mas para que melhore, eles [soldados] têm que trazer o problema até a mim. Todos os dias eu falo com meu comandante.
Soltado Rubens – Sim, acredito. Eu já tive oportunidade de usá-los e não tenho nada a reclamar.
Capitão Misael – Esses meninos aqui eles têm livre liberdade de expressão comigo, eu converso com eles todos os dias, principalmente, sobre as suas necessidades. E eu digo: nós vamos resolver. Hoje não falta apoio deles comigo e eu não falto com o apoio do comando para com eles. O coronel Edson, ele tem uma preocupação muito grande com essa área, com essa região. Então nossa preocupação é melhorar mais ainda. Mas para que melhore, eles [soldados] têm que trazer o problema até a mim. Todos os dias eu falo com meu comandante.
180 – Quem é o seu comandante?
Capitão Misael – Coronel Edson. Aqui nós somos o Policiamento dos Cerrados, aqui também nós temos o CPCE (Comando de Policiamento dos Cerrados), que tem como comandante o Coronel Edson e como subcomandante o tenente coronel Marco Antônio. Então esses dois cidadãos eles não ficam na sede só em Teresina. Hoje eles estão em determinada região e nessa semana ainda estarão aqui na nossa região fazendo um trabalho conosco. Então hoje, o comando, depois das divisões, ele ficou dinâmico, mais próximo, a coisa ela flui mais rápido. E é o que está acontecendo. Nós seguimos a orientação do comandante-geral, as determinações do Secretário de Segurança. E é isso aí.
Capitão Misael – Coronel Edson. Aqui nós somos o Policiamento dos Cerrados, aqui também nós temos o CPCE (Comando de Policiamento dos Cerrados), que tem como comandante o Coronel Edson e como subcomandante o tenente coronel Marco Antônio. Então esses dois cidadãos eles não ficam na sede só em Teresina. Hoje eles estão em determinada região e nessa semana ainda estarão aqui na nossa região fazendo um trabalho conosco. Então hoje, o comando, depois das divisões, ele ficou dinâmico, mais próximo, a coisa ela flui mais rápido. E é o que está acontecendo. Nós seguimos a orientação do comandante-geral, as determinações do Secretário de Segurança. E é isso aí.
180 – Em algumas cidades que eu ando, com essas viagens que faço pelo interior do Piauí, eu vejo os prefeitos se reclamando do pouco efetivo nos municípios. Eles dizem que acabam comprando as folgas dos soldados para que eles fiquem mais presentes, porque o efetivo não é tão grande, o da Polícia Militar do Piauí. Aqui na região acontece isso, os prefeitos se envolvem para ter uma segurança mais presente? [Há casos de prefeitos que põem combustível nas viaturas, como se constatou em Parnaguá esta semana].
Capitão Misael – Até agora não, nem um prefeito me procurou para dizer que vai precisar da folga desses policiais não. Eu fiz uma redistribuição das escalas do meu efetivo, uma escala de serviço adaptada para cada município, com uma viatura que possa resolver a situação daquele município e com apoio tático. Então qualquer autoridade, qualquer cidade que precisar de reforço, hoje eu tenho. Meu caro repórter, eu não quero na minha área, na área da minha companhia, ter 200, 300 policiais. Eu quero ter policiais suficientemente treinados, capacitados para resolver o problema daquela região. Quantidade não se pode confundir com qualidade. Eu quero policiais qualificados, preparados para resolver a situação. Eu ainda não estou na minha excelência, mas esse é o desejo, esse é o anseio, esse é o trabalho de nós chegarmos lá. E sem precisar do poder municipal. Apesar do artigo 144 da Constituição Federal dizer que a Segurança Pública é obrigação do Estado, direito e dever de todos. O município também tem seu dever com a Segurança Pública. Os cidadãos também têm suas obrigações com a Segurança Pública. Nós somos todos parceiros.
Capitão Misael – Até agora não, nem um prefeito me procurou para dizer que vai precisar da folga desses policiais não. Eu fiz uma redistribuição das escalas do meu efetivo, uma escala de serviço adaptada para cada município, com uma viatura que possa resolver a situação daquele município e com apoio tático. Então qualquer autoridade, qualquer cidade que precisar de reforço, hoje eu tenho. Meu caro repórter, eu não quero na minha área, na área da minha companhia, ter 200, 300 policiais. Eu quero ter policiais suficientemente treinados, capacitados para resolver o problema daquela região. Quantidade não se pode confundir com qualidade. Eu quero policiais qualificados, preparados para resolver a situação. Eu ainda não estou na minha excelência, mas esse é o desejo, esse é o anseio, esse é o trabalho de nós chegarmos lá. E sem precisar do poder municipal. Apesar do artigo 144 da Constituição Federal dizer que a Segurança Pública é obrigação do Estado, direito e dever de todos. O município também tem seu dever com a Segurança Pública. Os cidadãos também têm suas obrigações com a Segurança Pública. Nós somos todos parceiros.
180 – As pessoas ajudam a polícia dando informações, até mesmo envolvendo pequenos delitos, para capturar os bandidos ou elas têm muito medo devido aos incidentes que ocorreram aqui, principalmente, depois do assalto ao Banco do Brasil de Curimatá?
Capitão Misael – Nós temos procurado nos aproximar mais da população, para termos uma polícia mais próxima do cidadão.
Capitão Misael – Nós temos procurado nos aproximar mais da população, para termos uma polícia mais próxima do cidadão.
180 – Isso é uma política até de outros Estados, digo, países, a polícia mais próxima do cidadão...
Capitão Misael – E é isso que está acontecendo aqui na nossa região. Não só em Avelino Lopes, Curimatá, Parnaguá, Júlio Borges, Morro Cabeça no Tempo. Nós temos e essa é a orientação desse oficial, comandante da companhia. O policial tem que se aproximar mais do cidadão, para que o cidadão se aproxime mais do policial, para que ele confie naquele policial ao ponto de fazer denúncias, informar onde é que está a boca de fumo, onde é que está o responsável pelo latrocínio.
Capitão Misael – E é isso que está acontecendo aqui na nossa região. Não só em Avelino Lopes, Curimatá, Parnaguá, Júlio Borges, Morro Cabeça no Tempo. Nós temos e essa é a orientação desse oficial, comandante da companhia. O policial tem que se aproximar mais do cidadão, para que o cidadão se aproxime mais do policial, para que ele confie naquele policial ao ponto de fazer denúncias, informar onde é que está a boca de fumo, onde é que está o responsável pelo latrocínio.
_Os soldados Rubens, Eduardo, Avelino, Vieira e Max, comandados por Misael.
180 – Onde tem armas...
Capitão Misael – Onde tem armas, fugitivos da Justiça. Tudo isso é muito importante, essa parceria, digamos assim, entre Polícia Militar e a sociedade. Ela gera forças no combate à criminalidade. Essa é a orientação desse oficial. Essa é a orientação do coronel Edson. Essa é a orientação do comandante-geral.
Capitão Misael – Onde tem armas, fugitivos da Justiça. Tudo isso é muito importante, essa parceria, digamos assim, entre Polícia Militar e a sociedade. Ela gera forças no combate à criminalidade. Essa é a orientação desse oficial. Essa é a orientação do coronel Edson. Essa é a orientação do comandante-geral.
[Nota: O comandante-geral é tido por alguns membros da PM - não foi dito isso nessa entrevista, frise-se - como um coronel de gabinete e que subiu de patente de forma rápida por abrir portas de carros oficiais e do Palácio de Karnak].
Brevemente, em Avelino Lopes, nós estaremos implantando o primeiro projeto Pelotão Mirim, para tentar tirar aquelas crianças da fase de risco e aproximá-las da Polícia Militar, além de prepará-las para o futuro. Coisa que traficante não gosta, mas nós vamos fazer. Nós vamos disciplinar agora para não punir no futuro. O interesse do comandante da Polícia Militar e a vontade do nosso secretário de Segurança é implantar isso em todos os municípios do Piauí e assim trabalhar com crianças em situação de risco até a fase da adolescência. Isso também causa uma aproximação entre a Polícia Militar e a sociedade.
180 – Isso é interessante. Veja só, lógico que eu não quero lhe jogar contra o seu comando, a cúpula da Segurança. Mas assim, um posicionamento crítico que tenho é no sentido de que os policiais militares, por conta da hierarquia militar, muitos soldados passam por dificuldades - e como eu já disse eu viajo o estado todo, e a gente colhe informações de pessoas que nem sempre têm como dar poder de voz àquilo pelo qual sofrem, e nós tentamos fazer isso, por achar que o Estado é feito por meros servidores que devem servir ao povo e não se servir dele... E tem essa questão da hierarquia militar, que suplanta essa questão da liberdade de expressão e eu vejo o senhor falando aqui, o senhor é comandante, claro, deve ter autorização para isso, mas eu vejo o senhor falando de uma forma muito apaixonada pelo ofício que o senhor desenvolve, de modo que eu lhe pergunto: o que fazer para elevar a moral do restante da Polícia Militar do Estado do Piauí até por conta de haver outros problemas como a falta de um auxílio, o chamado risco de vida, que vocês não têm para defender a sociedade? O que eu, particularmente, acho um absurdo.
Capitão Misael – Meu caro repórter, problemas sempre haverá, dificuldades sempre terão. O policial militar até mesmo pela forma como ele foi preparado, foi treinado, já foi na dificuldade. Os treinamentos foram feitos para isso. Tem um ditado que sempre uso e eu acho que funciona: “treinamento difícil, batalha fácil”. Nada nessa vida é fácil. E na vida do policial militar, as dificuldades são em dobro. Nós somos preparados para as dificuldades. Veja bem, uma empresa sendo administrada com dinheiro ela é uma coisa, sem recursos ela é outra. Se conhece o administrador é na dificuldade, sem recursos. Curimatá é distante do grande centro Teresina, a sede do comando da Polícia Militar. As dificuldades lá existem, aqui as dificuldades são maiores. Mas o que eu quero é estar preparado para enfrentar as dificuldades. Não é pelo fato, como foi bem frisado aí, da falta da liberdade de expressão não. Os meus policiais ficam muito à vontade em dizer aquilo que eles acham que devem falar. Eles não podem é mentir, omitir. Eu não posso mentir. Hoje a situação é essa. Vai melhorar? Nós queremos que melhore. Vai piorar? Eu não sei. Mas nossa situação hoje é essa. Nós temos um equipamento melhor. Nós temos uma viatura melhor. Nós temos policiais que têm vontade de trabalhar. O policial ele é um cidadão que tem que estar em permanente capacitação. A Polícia Militar já oferece isso hoje. A partir de fevereiro nós teremos diversos cursos de capacitação. Eu já avisei à minha tropa. Façam a sua inscrição. E façam os seus cursos. Isso é que vai manter vocês vivos.
Capitão Misael – Meu caro repórter, problemas sempre haverá, dificuldades sempre terão. O policial militar até mesmo pela forma como ele foi preparado, foi treinado, já foi na dificuldade. Os treinamentos foram feitos para isso. Tem um ditado que sempre uso e eu acho que funciona: “treinamento difícil, batalha fácil”. Nada nessa vida é fácil. E na vida do policial militar, as dificuldades são em dobro. Nós somos preparados para as dificuldades. Veja bem, uma empresa sendo administrada com dinheiro ela é uma coisa, sem recursos ela é outra. Se conhece o administrador é na dificuldade, sem recursos. Curimatá é distante do grande centro Teresina, a sede do comando da Polícia Militar. As dificuldades lá existem, aqui as dificuldades são maiores. Mas o que eu quero é estar preparado para enfrentar as dificuldades. Não é pelo fato, como foi bem frisado aí, da falta da liberdade de expressão não. Os meus policiais ficam muito à vontade em dizer aquilo que eles acham que devem falar. Eles não podem é mentir, omitir. Eu não posso mentir. Hoje a situação é essa. Vai melhorar? Nós queremos que melhore. Vai piorar? Eu não sei. Mas nossa situação hoje é essa. Nós temos um equipamento melhor. Nós temos uma viatura melhor. Nós temos policiais que têm vontade de trabalhar. O policial ele é um cidadão que tem que estar em permanente capacitação. A Polícia Militar já oferece isso hoje. A partir de fevereiro nós teremos diversos cursos de capacitação. Eu já avisei à minha tropa. Façam a sua inscrição. E façam os seus cursos. Isso é que vai manter vocês vivos.
180 – O senhor comanda quantos homens?
Capitão Misael – A nossa companhia ela tem 56 policiais para esses cinco municípios. Mas eu lhe digo hoje, 90% da nossa tropa está em um nível bom. E motivada. São policiais novos, com gás e vontade de trabalhar.
Capitão Misael – A nossa companhia ela tem 56 policiais para esses cinco municípios. Mas eu lhe digo hoje, 90% da nossa tropa está em um nível bom. E motivada. São policiais novos, com gás e vontade de trabalhar.
O SOLDO
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180 – Quando eu me referi a essa questão do melhor trato do Estado para com o policial militar, inclusive em termos financeiros, porque isso afeta a vida de qualquer pessoa... um policial precisa sair de casa com tudo em paz, eu quero, na verdade, saber então o que o senhor tem a dizer sobre o fato dos policiais precisarem integrar a vida pessoal com a profissional, mas que com o soldo pago hoje, parece ser um pouco difícil?
Capitão Misael – Vou falar de mim. Hoje estou no posto de capitão, mas eu já fui soldado. E eu nunca reclamei do que eu ganhava, porque foi o que eu escolhi. Era o que eu queria ser. Eu nunca olhei para o meu contracheque e reclamei do que eu ganho, porque o profissional que reclama do que ganha ele tem que procurar outra coisa, porque não está feliz. Se ele não está feliz profissionalmente, ele tem que procurar fazer outra coisa. Mas isso é opinião minha. Meu caro repórter, o ser humano nunca vai estar feliz com o que tem. Ele sempre vai querer mais. E tem aqueles que reclamam até demais. Tem uns que só reclamam. Em toda a instituição, seja ela pública ou privada, existem dois tipos de profissionais: os para tudo e os que nada querem. Então a Polícia Militar ela não vai ser diferente.
Capitão Misael – Vou falar de mim. Hoje estou no posto de capitão, mas eu já fui soldado. E eu nunca reclamei do que eu ganhava, porque foi o que eu escolhi. Era o que eu queria ser. Eu nunca olhei para o meu contracheque e reclamei do que eu ganho, porque o profissional que reclama do que ganha ele tem que procurar outra coisa, porque não está feliz. Se ele não está feliz profissionalmente, ele tem que procurar fazer outra coisa. Mas isso é opinião minha. Meu caro repórter, o ser humano nunca vai estar feliz com o que tem. Ele sempre vai querer mais. E tem aqueles que reclamam até demais. Tem uns que só reclamam. Em toda a instituição, seja ela pública ou privada, existem dois tipos de profissionais: os para tudo e os que nada querem. Então a Polícia Militar ela não vai ser diferente.