Sem água, população de Marcolândia paga até R$ 200 por carros-pipa
A cada 60 dias, eles pagam em média R$ 200 para ter água na cisterna – Foto: Reprodução TV Clube
A falta de água atinge os 12 mil moradores de Marcolândia,no semiárido do PI.
Aposentados pagam em média R$ 200 para ter água na cisterna.
O clima no Piauí é cheio de contrates, pois enquanto na região do cerrado a chuva tem aparecido com vontade, no Leste do semiárido que abrange 151 municípios das 224 cidades piauienses, o cenário é bem diferente: a falta de água atinge os 12 mil moradores de Marcolândia. A população da cidade está pagando carros-pipas para ter água em suas residências.
Seu Antônio e esposa Maria Clara da Conceição recebem juntos dois salários mínimos por mês de aposentadoria. A cada 60 dias, eles pagam em média R$ 200 para ter água na cisterna.”Eu tenho que comprar água porque preciso beber e cozinhar. A gente reza para chegar o final do mês para receber dinheiro para pode comprar água novamente”, disse a aposentada.
Dona Maria Ateni da Silva,tem 67 anos, é agricultora e aposentada. Ela paga R$100 para receber um pouco de água que não tem tratamento adequado para consumo.Na casa dela há um vasilhame com capacidade para armazenar 200 litros, mas não a água comprada não dura dois dias.
A caixa d´agua pública da cidade há muito tempo não recebe uma gota de água, isso porque o desalinizador instalado pelo governo do estado em 2008,não funciona há quantos anos.Reginaldo Sousa, secretário municipal de saúde, explica que o município não toma nenhuma atitude porque é prioridade do estado.
“Estamos esperando o governo estadual se manifesta.Fazer com que este convênio seja feito logo para que a população seja beneficiada”,afirmou.
Além da falta do equipamento, um problema recente deixou a população sem água: o exército que é responsável pela operação carro-pipa reduziu a quantidade de água distribuída pelos pipeiros.”Quando nós começamos a fazer a distribuição era 30 carradas de água, depois eles reduziram para 22 e agora são apenas oito carradas”, lamentou Severino Ramos, um dos pipeiros da cidade.
Daniel Nilo da Silva trabalha como pipeiro, mas não renovou o contrato com exército.
Marcolândia tem 10 pontos de reabastecimento cadastrado pelo exercito, entretanto, muitos se encontram fechados.
Serafim João de Brito, aposentado, trabalhava fazendo o controle dos veículos, mesmo sem receber pagamento por isso, o aposentado afirmou que exercia o trabalho por se senti satisfeito porque estava ajudando os vizinhos. “Eu fazia o controle e desde janeiro não funciona este ponto. Não sei o motivo da paralisação”.
O comandante do 25º Batalhão,Tenente Coronel Francisco Nixon Lopes, falou sobre a sispensão da operação carros-pipas em Marcolândia.”Recebemos a determinação para suspender a operação em Marcolândia e em outros cinco municípios que estavam recebendo o benefício em zona urbana. E por haver uma duplicidade de recursos, já que as cidades recebem verba de outra fonte tivemos que suspender a zona urbana, mas a zona rural deste municípios permanece como antes”, declarou.
Desde que água foi racionada em pleno semiárido nordestino, pipeiros enchem os taques em cidades da região. A cidade de Araripina, sertão de Pernambuco, é a mais próxima de Marcolândia. Os distribuidores aproveitam para ganhar dinheiro.
Arenildo Raimundo de Sousa, vendedor de água, conta que deixou de plantar mandioca para vender água. Quem não consegue comprar água se ver obrigado a pegar o liquido num açude de água muito suja. Muitos pipeiros também pegar água no açude.
Seu Francisco Félix da Silva trabalha com pipeiro e diz que faz por dia em média 15 viagens para pegar água.”Neste momento eu vim pegar água para uma fábrica de mandioca, mas também já coloquei desta água para o povo beber. Quando estou pegando pelo exército tenho que ir buscar em Picos.Lá água é de poço, mas um soldado disse que não era boa para consumo porque tinha fezes, por conta disso, ele disse que era para colocar cloro na água”, revelou.
Foto: Reprodução TV Clube
O sol quente seca o açude e queima o pasto. Essa realidade já dura cinco anos. Em alguns dias choveu, mas não o bastante para mudar a paisagem seca.Das 32 cabeças de gado que seu Agnaldo Carvalho criava só restaram 10 animais. Uns morreram e outras foram vendidas, agora ele aposta no plantio do milho e do feijão. A esperança é o que alimenta o sertanejo.
“As chuvas que caíram até momento foram pouca e não deram nem para geminar as sementes que foram plantadas. Se chover no mês de março e abril, a gente pode colher alguma coisa”, contou o agricultor.
fonte http://www.riachaonet.com.br/ com informações G1 PI