Colegas ressaltam trabalho de Tony no jornalismo piauiense e acreditam que "em breve tudo será esclarecido"
Amigos, colegas de trabalho e telespectadores do apresentador Tony Trindade, preso pela Polícia Federal na Operação Acesso Negado, deflagrada nesta terça-feira (19/08), lançaram uma campanha nas redes sociais em apoio ao comunicador.
A campanha com a tag #TôComTony tem sido divulgada no próprio Instagram de Tony, que está sendo administrado por sua assessoria, e traz o endosso da Band Piauí, emissora onde o jornalista apresenta os programas Tribuna Piauí e Alerta Geral, que ontem entrevistou a advogada Naiara Moraes para comentar sobre a prisão.
"Profissional ético, competente e honesto, sem mácula em sua carreira de mais de 30 anos. Tenho certeza que em breve tudo será esclarecido", publicou o ex-secretário de Educação do Piauí, Alano Dourado. "Um pai de família, um marido presente, um bom profissional. Enfim, se tem algo a ser desvendado, já já o povo aí do Piauí saberá", escreveu a amiga Zezé Mesquita.
Renato Montanha, que divide a apresentação do Alerta Geral com Tony destacou que em 35 anos, é a primeira vez em que o jornalista é alvo de denúncia. "A sociedade quer uma resposta", diz ele em vídeo no qual questiona o fato do colega ter sido preso por ter informações privilegiadas.
O jornalista Lucas Pereira, que apresentou a Tribuna Piauí no lugar de Tony, no dia de ontem, abriu a edição lendo a nota do apresentador. "Vivemos tempos obscuros... O jornalista Tony Trindade foi preso por divulgar informações privilegiadas. Qual a função do jornalista? A ditadura voltou?", escreveu em post no seu Instagram.
Sobre a Operação Acesso Negado
Em entrevista coletiva virtual na manhã desta terça-feira (18/08), a Polícia Federal deu detalhes sobre a Operação Acesso Negado, deflagrada mais cedo, que levou à prisão do jornalista Tony Trindade. A ação é um desdobramento da Operação Delivery, deflagrada em maio, que investiga desvio de recursos públicos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), destinado ao município de União (PI).
A delegada Mariana Paranhos, superintendente da Polícia Federal no Piauí, explicou os desdobramentos que levaram à operação.
"A investigação mostrou que cada etapa da Operação Delivery foi monitorada pelo grupo criminoso, que conseguia acessar com antecedência informações sigilosas no processo judicial e compartilhava com os interessados, antecipando-se às medidas judiciais a serem executadas. Eles também manipulavam as testemunhas para haver a convergência de versões a serem apresentadas à Justiça. Se envolviam em estratégias para intimidar os atores da investigação", disse.
Segundo ela, além do jornalista, é investigada a participação de advogados e de investigados na Operação Delivery, beneficiários destas estratégias "intimidatórias", conduta classificada pela delegada como "grave". "Esse vazamento de informações sigilosas coloca em risco não apenas a investigação policial, ou o processo judicial, mas ele também coloca em risco a vida e a integridade dos envolvidos em cada uma das etapas da investigação, e por isso deve ser fortemente coibido", completa.