O Programa Reeducar, desenvolvido pelo Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID) do Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), chegou ao segundo módulo da sétima edição na última terça-feira (25). O tema trabalhado com homens envolvidos em situação de violência doméstica girou em torno das chamadas “masculinidades”.

O tema foi explanado por José Francisco do Nascimento, analista Judiciário e assistente social com atuação em Teresina. Para ele, o processo de formação da masculinidade é cercado de equívocos sociais.

“Os homens são ensinados de forma equivocada a serem homens. Não pode usar rosa, só pode brincar de jogar bola. Não pode fazer trabalhos domésticos, não pode ter fraqueza. Não pode ter sensibilidade. Essas ideias são muito fortes e isso é levado para os relacionamentos, para a vida afetiva. Daí a violência doméstica, inclusive motivada por ciúme”, explica.

A coordenadora do NUPEVID, promotora de Justiça Amparo Paz, explica que o ciúme é um fator determinante em processos de violência doméstica e configura um sinal de alerta. “Hoje em dia, o ciúme pode, inclusive, dar gravidade a uma lesão corporal leve, por exemplo. Em caso de lesão corporal, quando a pessoa é ré primária, geralmente ela pega pena-base. Já o ciúme é um fator que pode aumentar essa pena”, considera.

Cynara Veras, psicóloga do MPPI, reforçou com os reeducandos a necessidade de diferenciar comportamentos e ações. “O que existe dentro da Lei Maria da Penha para proteger as mulheres também existe para outros grupos. Masculinidade não é machismo. Masculinidade pode ser cuidar da casa, arrumar a filha para ir à escola. Machismo, por exemplo, é impedir a mulher de trabalhar fora”, pontuou.

Programa Reeducar

Criado em 2016, o programa “Reeducar – O Homem no Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” é promovido pela 10ª Promotoria de Justiça de Teresina por meio do Nupevid/MPPI.

O projeto reúne grupos de homens envolvidos em contextos de violência doméstica e familiar contra a mulher, a fim de sensibilizá-los quanto ao reconhecimento, responsabilização e reflexão sobre essas violências. A ideia é estimulá-los à mudança de comportamento sobre a cultura machista e desigualdade de gênero, fomentando o respeito à mulher e o bom convívio familiar.