quinta-feira, 14 de maio de 2015

Um veículo é roubado a cada três horas em Teresina e seguradoras lucram


Um veículo é roubado a cada três horas em Teresina e seguradoras lucram

929 veículos foram roubados no quatro primeiros meses

Um veículo é roubado a cada três horas em Teresina. A média tem como base os dados da Polícia Militar do Piauí nos primeiros quatro meses do ano, período em que 929 pessoas tiveram seus carros ou motos tomados por assaltantes na Capital.
Os criminosos agem principalmente na zona urbana de Teresina, obrigando a população a buscar meios de evitar ou amenizar os prejuízos causados pelos assaltantes de veículos. Nesse contexto, as seguradoras surgem como alternativas e oferecem uma tabela extensa de valores e produtos que se adequam ao perfil de cada um.
Fotos: Marcela Pachêco/ODIA
Ao contatar um corretor para investir em um seguro de veículos, é preciso ter em mente que o preço cobrado sofrerá variações conforme os critérios analisados pela seguradora. Além do porte do veículo, é levado em conta o local onde o veículo ficará guardado, a segurança da área onde o proprietário reside, a condição financeira do proprietário, a idade (quanto mais jovem, mais alto o seguro) e o sexo.
Mulheres pagam até R$ 250,00 menos que os homens pelos seguros automotivos. Em Teresina, por exemplo, enquanto eles precisam desembolsar uma quanta em torno dos R$ 2.000,00, elas desembolsam cerca de R$ 1.300,00 a R$ 1.500,00. O motivo, segundo os corretores de veículos, é o fato de a mulher ser considerada mais tranquila e atenta na direção e mais zelosa com o veículo. “O homem é mais ousado, geralmente impaciente ao volante e expõe o veículo a manobras e, consequentemente a danos maiores”, explica a corretora de seguros Patrícia Rocha.
De acordo com ela, um dos fatores que mais influenciam na definição do valor do seguro é o risco de danos físicos ao qual aquele veículo encontra-se exposto. Quanto maior ele for, mais alto o valor a ser cobrado. Em Teresina, o menor valor pago pela contratação de um seguro automotor é R$ 1.800,00. Este valor pode sofrer alterações conforme os índices da tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que serve de referência para os preços médios dos veículos no mercado nacional. Embora R$ 1.800,00 seja considerado um valor alto para alguns, ele corresponde a até três vezes menos o que se gastaria em um acidente com colisão frontal, por exemplo.
Patrícia Rocha explica a vantagem do seguro: “Em uma batida simples comprometendo a parte frontal do veículo, a pessoa que possui a garantia de um seguro vai ter que pagar apenas a franquia com a seguradora, um valor que pode cair até para R$ 1.500,00. Na falta desse seguro, esse valor sobe pra até R$ 4.000,00 chegando, às vezes, à casa dos R$ 6.000,00”, afirma a corretora.
O seguro no roubo de carro
Em caso de roubo ou conserto, há seguradoras que oferecem um carro reserva a seus clientes por um período de tempo determinado. Foi o que aconteceu com a empresária Selma Oliveira, que teve o carro roubado no feriado do dia 21 de abril, uma semana e cinco dias após tê-lo comprado. Em conversa com o Portal, ela conta que recebeu um carro reserva da seguradora por um período de 15 dias contados a partir do momento em que informou o roubo.
Selma chegava em casa com o esposo Josué Soares, por volta das 21h, quando foram abordados pelos assaltantes. “Eles nos surpreenderam com uma arma quando abríamos o portão. Fizeram meu marido deitar no chão e mandram que passássemos tudo que tínhamos. Nisso foram nossos relógios, as alianças e o carro. Não tinha nem placa ainda, porque eu só ia receber no dia seguinte. Era uma Saveiro cabine dupla”, relata a empresária.
Após o roubo, Selma conta que procurou a delegacia para fazer o boletim de ocorrência e contatou imediatamente a seguradora para informar o acontecido, já que o carro ainda não tinha nenhum tipo rastreador.
Foto ilustrativa
Ela recebeu outro veículo para usar durante duas semanas, mas diz que já teve que devolvê-lo. A seguradora pediu um prazo de mais 15 dias para reembolsar o valor do veículo. “Eu estou pagando R$ 3.612,00 pelo seguro e dividi este valor em quatro parcelas de R$ 903,00. Enquanto eu não terminar de pagar, o seguro disse que não vai poder me reembolsar, até porque esse roubo aconteceu no pior momento. Quando eu tinha acabado de fechar a compra e o seguro. Foi tudo muito em cima”, conta Selma.
Sobre o reembolso, a corretora de seguros Patrícia Rocha explica que ele é feito conforme a variação da tabela FIPE. Se o carro tiver sido comprado à vista, a seguradora reembolsa o segurado integralmente. Caso o carro tiver sido adquirido através de financiamento, a seguradora quita este financiamento e se sobrar algum valor, o segurado deve recebê-lo imediatamente. Caso falte algum valor, o segurado deve completá-lo junto à seguradora.
A indenização do seguro do automóvel varia mensalmente conforme a tabela FIPE, e o segurado deve ficar atento porque ela é paga com referência no valor médio da tabela daquele mês e não do mês em que o seguro foi contratado. Por conta disso, o valor da indenização está sujeito a alterações de acordo com a valorização ou desvalorização do veículo no mercado.
Apesar da burocracia, Selma garante que valeu a pena ter feito o seguro de seu carro. Ao contrário dela, o dentista Antônio Mourão, que possui três carros em casa, prefere não investir e diz que aposta na sorte ao sair de casa e no cuidado que tem ao dirigir. “Eu me considero um bom motorista e nunca tive grandes problemas com isso. Só uma vez que bateram no carro da minha filha e eu tive um prejuízo de uns R$ 5 mil, mas fora isso, eu acho que não vale a dor de cabeça de lidar com uma seguradora”, afirma o dentista.
Comandante da PM fala sobre perfil dos assaltantes
Para o coronel Carlos Augusto de Sousa, comandante geral da Polícia Militar do Piauí, as pessoas agem corretamente ao investir em um seguro automotor, principalmente por conta das inovações tecnológicas que as empresas oferecem para a segurança do veículo e de seu condutor.
O coronel cita o rastreador de veículos como uma ferramenta fundamental para ajudar a polícia no trabalho de investigação, porque ele permite que se encontre a localização exata do criminoso e os rumos que ele tomou na fuga. “O que nós temos percebido é que, neste tipo de crime, os suspeitos fogem quase sempre em direção às zonas rurais aqui da Capital e do interior, porque são locais mais abertos, com estradas de difícil acesso e com mais possibilidade deles se esconderem”, explica o coronel Carlos Augusto.
Ele diz ainda que há dois perfis principais de assaltantes de carros atuando em Teresina: aquele chamado de “amador” que assalta para conseguir algo de valor e, consequentemente leva o veículo da vítima como “recompensa” pelo crime. Estes geralmente usam o veículo para praticar outros crimes mascarando a placa.
E tem ainda as quadrilhas especializadas que escolhem as vitimas e levam o veículo roubado para desmanches, onde comercializam suas peças no mercado ilegal. Estes, segundo o coronel Carlos Augusto, geralmente procuram pessoas que circulem pela cidade em carros importados e de grande porte, principalmente picapes e caminhonetes que possuem força e poder de fuga mais elevado. “São dois extremos: nos nossos índices nós temos motos como veículos mais roubados porque são pequenas e com grande poder de desvio; e logo em seguidas as caminhonetes porque são grandes e mais ‘agressivas’”.
O coronel pontua ainda que as caminhonetes são os veículos mais utilizados por quadrilhas especializadas em roubos a bancos e que os horários de maior incidência de roubos de carros é entre as 18 horas e as 22 horas. “As vítimas são qualquer pessoa que eles avistem saindo ou entrando em casa com o carro, deixando estabelecimentos comerciais como farmácias, lojas, em que o estacionamento não tem segurança. O centro da cidade é um local de grande incidência de roubos também, ainda mais a noite”, finaliza o comandante geral da PM.
Somente este ano, a Polícia Militar do Piauí já conseguiu recuperar 627 veículos roubados. Um aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano passado.

fonte portal o dia